No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se celebrou, na passada quarta-feira, 17, o Núcleo Local de Inserção de Góis promoveu um fórum, no qual foi feito um balanço do que tem sido feito nos últimos tempos para combater este flagelo social, tal como foram apresentados novos desafios futuros. A iniciativa destinou-se a autarcas, dirigentes, técnicos e pessoas beneficiárias das medidas do mercado social de emprego e Rendimento Social de Inserção. A questão central do debate prendeu-se em avaliar a eficácia das políticas sociais locais, a intervenção dos técnicos, a relação custo/beneficio dos meios financeiros dos projectos em curso no concelho de Góis, e até que ponto estes contribuíram para a inclusão social.
"O combate à erradicação da pobreza é uma missão de todos" (José Cabeças)
O presidente da ADIBER, José Cabeças, realçou a iniciativa do Núcleo, considerando importante estes debates para que "se possam discutir os métodos, os meios, as metodologias" que estão a ser seguidas no combate a este flagelo do século XXI, dizendo que "contrariamente ao que muitos pensam o combate à erradicação da pobreza é uma missão de todos". Referiu que o fórum realizado "serve para avaliarmos o impacto que as politicas sociais têm no desenvolvimento local", e acrescentou que "é um momento de reflexão” para que técnicos, instituições e participantes possam fazer em conjunto o balanço do que nos interessa e melhorar as soluções que não temos sabido encontrar para erradicar a pobreza", disse. Neste sentido o responsável entende que "o grande investimento tem que ser feito ao nível da educação, da formação e da cidadania" que consistirá "num investimento sério, rigoroso no edifício humano", concluiu.
A erradicação da pobreza pode passar pela qualificação
Também Paulo Teles proferiu que "tem sido sempre a missão do Instituto de Emprego e Formação Profissional estar junto da população, mais desfavorecida", desenvolvendo um trabalho de "qualificação escolar e profissional" o que, segundo o director do Centro de Emprego de Arganil, poderá "constituir uma importante resposta no combate às desigualdades", apelando a todos os presentes para que "nos contactem e disponibilizem-se para aprender, para se formarem, para melhorarem as suas qualificações", pois só dessa maneira cada vez mais competitiva, "poderão ter mais oportunidades e um nível de vida melhor de acordo com as aspirações e desejos", adiantou.
Medidas para inverter a acyual situação
A vereadora responsável pelo pelouro da Acção Social, Helena Moniz, disse que "a coesão social, o crescimento económico e o desemprego", apresentam taxas preocupantes reflectidas de forma negativa em índices de pobreza e exclusão social que "minimizam o exercício dos direitos, liberdades e garantias", elucidando que "em Portugal em comparação com a União Europeia dos 27, as taxas de desemprego das mulheres (10,2%) e dos homens (6,5%) apresentam valores acima da media europeia que são respectivamente de 7,8% e de 6,1%".
A também vice-presidente da Câmara de Góis afirmou que "a pobreza não pode ser uma fatalidade, baseando-se apenas em rácios que nos envergonham enquanto comuns cidadãos com responsabilidades", questionando, "será que ainda ninguém reparou no desequilíbrio no mercado de trabalho, do nível salarial e da distribuição dos dinheiros públicos nos grandes centros urbanos e na nossa ruralidade?", interrogou.
Helena Moniz apresentou algumas medidas para dar a volta a esta situação, "há que criar mais sistemas de incentivos empresariais para o interior, para a rede das PMES, dar incentivos aos técnicos para que venham não só trabalhar mas também fixar residência no interior do país, apostar cada vez mais nas acessibilidades e colocar em pratica medidas de natureza fiscal específicas e incentivadoras de investidores para o nosso interior, criar maior equidade geográfica na distribuição dos investimentos para travar o exôdo das populações” disse.
"Muitos dos problemas da pobreza, estão ligados ao problema das habitações" (Mário Ruivo)
O director do Centro Distrital da Segurança Social de Coimbra, Mário Ruivo, recordou que também neste sentido o Governo tem levado a cabo um conjunto de politicas activas que "visam minorar, porque combater totalmente a pobreza é uma ambição, mas que não é fácil, porque à sempre focos que se criam", salientando algumas medidas entre as quais, o rendimento social de inserção, o complemento solidário para os idosos.
O director informou que recentemente também foi lançado o programa de conforto habitual, pois "muitos dos problemas da pobreza, estão ligados ao problema das habitações", adiantando que esse ainda é um programa piloto a nível nacional, "mas esperamo também que o distrito de Coimbra e alguns distritos do interior possam vir a beneficiar dessa medida rapidamente, para podermos melhorar as habitações em articulação com as autarquias", melhorando deste modo as habitações daqueles que são mais carenciados. Relativamente ao concelho de Góis lembrou um conjunto de apoios distribuídos "pelas várias respostas, que atingem cerca de 90 mil euros mensais", regozijando-se pelo trabalho que tem vindo a ser executado pela autarquia em pareceria com a ADIBER.
A Câmara tem promovido a fixação de jovens no concelho
O presidente da Câmara Municipal, Girão Vitorino, compreendeu que o dia deveria servir para "valorizar as pessoas e as instituições que se preocupam em implementar praticas na comunidade", factores esses que favorecerão o progresso, de modo a "agir indo de encontro das necessidades diagnosticadas", acrescentando que para o efeito "criaram-se em tempos equipas de técnicos responsáveis e sinergias entre várias instituições, quer públicas, quer privadas", apostando-se na formação, na educação dos indivíduos de acordo com a sua faixa etária e nível de instrução. Neste sentido e porque o edil entende que o combate à pobreza e à exclusão social é uma missão de todos, a Câmara de Góis tem promovido a fixação e enraizamento dos jovens no concelho, nomeadamente através de parecerias para a integração na vida activa e recorrendo ao Rendimento Social de Inserção.
Paulo Valério acredita na perspectiva progressista
Em representação do Governo Civil esteve Paulo Valério, que alertou que algo vai mal numa sociedade que não olha pelos seus povos, "numa sociedade que permite que alguns sejam excluídos à partida de padrões mínimos de bem estar, de conforto e cuidados com a saúde, ao passo que outros vão acumulando riqueza", em grande parte à custa dos primeiros, referindo que nesta sociedade se pode optar por dois caminhos, "olhar para os pobres como uma fatalidade, em que a intervenção neste domínio deve ser feita essencialmente pelo domínio de pequenas esmolas", ou de uma forma mais progressista, que se baseia no sentido de "dar a cada um particularmente instrumentos necessários para que possam construir o seu presente e alterar a situação contemporânea", é esta a via mais difícil mas a única capaz de inverter a situação e é neste sentido que se "tem trabalhado junto das empresas, pois são elas", factores de desenvolvimento.
in Comarca de Arganil, de 23/10/2007
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