Município e população de Góis empenhados em cumprir a tradição
Oportunidade privilegiada para conhecer melhor a vila de Góis e para adquirir produtos regionais de elevada qualidade directamente aos seus produtores, designadamente, a castanha e o mel da Serra da Lousã mas também a carne de porco, indispensável para que se possa cozinhar a tradicional “torresmada”, a Feira dos Santos é uma tradição que a população e o Município de Góis se esforçam por manter todos os anos a 1 de Novembro, dia reservado pela Igreja Católica à celebração em honra de todos os santos e mártires.
Amanhã, no Parque de Lazer do Baião, a data serve de pretexto para o convívio entre o religioso e o pagão, propiciando o convívio entre toda a população e os milhares de visitantes que, nesta época, se deslocam ao concelho sobretudo para honrar os seus familiares que já partiram.
A Feira dos Santos propriamente dita tem início pelas 08h00, seguindo-se a quarta edição do já tradicional Torneio de Malha Inter Colectividades, a partir das 10h00. Ainda no domínio das actividades de lazer, durante a tarde decorre um prova de tiro ao alvo, com inscrições no próprio local a partir das 14h00.
Servindo de pretexto para divulgar os produtos endógenos da região, designadamente, as castanha e o mel, e simultaneamente passar entre gerações os saberes gastronómicos, o Município de Góis promove também um concurso de doces. Aberto a todos quantos tenham “mãos para a massa”, a única condição imposta é pacífica entre os mestres doceiros, ou seja, a receita tem obrigatoriamente de incluir pelo menos um de dois ingredientes, designadamente, o mel e a castanha.
Este ano o número de apicultores ronda as duas dezenas, juntando-se a estes os produtores de castanhas e os comerciantes que habitualmente marcam presença na feira semanal. Durante a tarde, a partir das 15h30, a animação é garantida pelo Rancho “Os Mensageiros da Alegria”, de Vila Nova do Ceira.
“Perpetuar a tradição”
Na base da Feira dos Santos e da confecção da “torresmada”, prato típico muito comum nesta época do ano, estará a história de um grupo de amigos, porventura agricultores, que em tempos idos traziam para a feira o porco e, ali mesmo, faziam a matança do animal e passavam o Dia de Todos os Santos em convívio. De ano para ano, o encontro em torno das febras do porco e dos torresmos, acompanhados pelo bom vinho da região e pela a música de improviso acabou por mobilizar toda a população e até atrair visitantes à vila de Góis.
Natural do concelho, onde acabou por casar e fixar residência, a vice-presidente do Município, Maria Helena Moniz, considera que a Feira dos Santos e mais uma das formas de “perpetuar a tradição”.
Evocando memórias de outros tempos, a vereadora responsável pelos pelouros da Acção Social, Turismo, Cultura e Desporto considera “uma pena que se tenha perdido a tradição de confeccionar no local os tão apreciados torresmos”. Apesar da apertada legislação e fiscalização em termos de higiene e segurança alimentar impedir que se cumpra parte da tradição, o Município oferece um magusto tradicional à população, fomentando o convívio e o passar de geração em geração a memória dos tempos em que, pelo Dia de Todos os Santos, a lei dos homens era mais flexível.
Geraldo Barros
in Campeão das Províncias, edição electrónica
Etiquetas: góis
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