terça-feira, 23 de outubro de 2007

Lutar contra a pobreza

Os dados mais recentes apontam para a existência de 2 milhões de pobres em Portugal. No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, o Núcleo Local de Inserção de Góis promoveu o seu primeiro fórum, precisamente sobre o flagelo que afecta milhões

Considerando que o tema tem tanto de actual como de preocupante, o fórum pretendeu encontrar respostas para a razão de subsistir e persistir, apesar de manifestações de isenção de países mais ricos para erradicar a pobreza e apesar dos compromissos assumidos no âmbito dos objectivos do milénio. A guerra foi um dos exemplos mencionados para a sua permanência, através da qual crianças morrem diariamente à fome e sem famílias, onde a sua condição humana não é respeitada.

Para os representantes do Núcleo, Centro de Emprego de Arganil, Centro de Saúde de Góis, ADIBER, Agrupamento de Escolas do Concelho de Góis, Santa Casa da Misericórdia de Góis, Centro Social Rocha Barros e Centro Paroquial de Solidariedade Social da Freguesia de Alvares, algumas das soluções podem centrar-se no direitos, deveres e liberdades, bem como na educação para a cidadania. Os membros que compõem o Núcleo determinaram algumas acções essenciais para combater eficazmente a pobreza. Assim, foi abordada a importância da educação, formação e cidadania, conjunto visto como um “grande” investimento para que o problema seja solucionado. Nesse âmbito, dotar os cidadãos com melhores aptidões profissionais tornando-os mais competitivos, auferindo melhores condições de vida, poderá constituir uma resposta para atenuar o flagelo. Além disso foi referenciada a necessidade de apoiar as pessoas com fracos recursos económicos, integrando-as no meio social. Para tal, entendeu-se que há que ter em atenção as fragilidades físicas e psicológicas a que os cidadãos pobres estão votados. “Temos de ter muito cuidado com estes indivíduos, porque são 2 milhões, mas se não fosse o auxílio do Estado, seriam 4 milhões”, vincou o director do Centro de Saúde de Góis. Numa vertente mais direccionada para medidas a longo prazo, foi sugerido um caminho de progresso, não dando “esmolas” para o cidadão pobre, mas dando-lhe instrumentos sair da pobreza. Por outro lado, foram também mencionados os valores, como um dos factores para garantir sustentabilidade.

Com o pelouro de acção social, a vice-presidente da autarquia goiense, evocou as marcas nas famílias portuguesas resultantes da situação económica e social do país. Helena Moniz referiu-se às “taxas preocupantes” de desemprego, coesão social e crescimento económico como alguns dos índices que reflectem no aumento da pobreza e exclusão social e neste sentido reiterou a importância de se trabalhar mais para a erradicação da pobreza, nomeadamente nos meios rurais. “Há que criar mais sistemas de incentivo empresariais para o Interior para a rede das PME's, há que dar incentivos aos técnicos para que venham não só trabalhar mas também fixar residência no interior do país, há que apostar cada vez mais nas acessibilidades e colocar em prática medidas de natureza fiscal específicas e incentivadoras”, reivindicou, assinalando o facto de ser fundamental criar condições para travar o êxodo rural. Mário Ruivo, director do Centro Distrital de Coimbra da Segurança Social, lembrou medidas que têm contribuído para prevenir e combater a pobreza, como o Rendimento de Inserção Social e a parceria com instituições de apoio a cidadãos carenciados, elogiando ao mesmo tempo os que estão no terreno. A par de uma acção de reforço de estratégias de ajuda aos indivíduos em situação de pobreza, Mário Ruivo sublinhou ainda a existência de política de fiscalização aos que são ajudados erradamente, retirando porventura benefícios aos que realmente precisam de apoio.
in Jornal de Arganil, edição electrónica

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