Museu das Aldeias Vivas quer atrair mais turistas à serra
São quatro aldeias praticamente abandonadas. Conta-se pelos dedos das mãos o número de habitantes que residem actualmente em Comareira, Pena, Aigra Nova e Aigra Velha, todas no concelho Góis e pertencentes à rede das Aldeias do Xisto. Ao todo, não chegam às duas dezenas as pessoas que ainda por ali vivem.
Para inverter a situação e atrair novos moradores, visitantes e turistas, a Lousitânea (Liga de Amigos da Serra da Lousã) e ADXISTUR - Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto estão a desenvolver um inédito projecto de criação de um Museu das Aldeias Vivas.
No próximo dia de Carnaval, a 5 de Fevereiro, será dado o primeiro passo para avançar com a iniciativa que Sandra Marques, coordenadora da Lousitânea, reconhece ser "ousada". Na Aigra Nova será celebrado o tradicional entrudo e inaugurada a quarta loja da rede de lojas tradicionais das Aldeias do Xisto, onde passará também a funcionar a sede da Lousitânea.
"Este parece-nos ser o caminho para dar vida a estas aldeias, conservando e valorizando, ao mesmo tempo, o património cultural, histórico, natural e, sobretudo, humano, da Serra da Lousã", disse ao JN Sandra Marques.
O Carnaval, por exemplo, vivia-se pela Serra da Lousã, de forma simples. Roupas e objectos velhos, ou algo que disfarçasse o corpo e o rosto era o mote para a brincadeira. Ia-se pelas aldeias vizinhas e tudo era permitido, desde declamar quadras jocosas sobre os habitantes, atormentar as velhas e seduzir as novas. "Enfim, pregar partidas, como lembram os seus habitantes.
Esta tradição já o ano passado foi reconstituída com grande sucesso pela Lousitânea, que contou com o apoio das gentes locais. Aliás, os moradores são os grandes impulsionadores e entusiastas do projecto Aldeias Vivas, que contará com um ecomuseu interactivo das tradições do xisto e da natureza da serra da Lousã.
Na prática, nas quatro aldeias abrangidas pela iniciativa, passará a existir em Aigra Nova uma Loja do Xisto, a sede a Lousitânea, uma Maternidade de Árvores e um Museu das Aldeias do Xisto. Os turistas e visitantes poderão visitar ainda um conjunto de 15 núcleos interpretativos, fazer percursos pedestres, de BTT ou de carro.
Se optarem por o fazer de forma autónoma, encontrarão à entrada das aldeias painéis informativos. Podem, contudo, fazer estas visitas guiadas que serão complementadas com programas activos, em forma de ateliês ou oficinas que contarão com a participação da população local.
No dia 5 de Fevereiro, se visitar a região será possível ter já uma ideia do que vai ser este museu vivo. Haverá uma primeira recriação do ambiente tradicional das aldeias serranas com os pastores e as cabras, as mulheres que encaminham os porcos, o cesteiro, a sardinheira e os homens a carregar molhos de mato.
Poderá ainda observar o método de pilar as castanhas, o apicultor a tratar das colmeias, o cardar do linho, o malhar do centeio, como se aquece o forno, bem no ponto para cozer a broa, ou ver como o homem maneja o alambique. Este será o arranque para que tenha razões para voltar a esta região que também já dispõe de alojamento em turismo rural.
in Jornal de Notícias, de 21/01/2008Etiquetas: aigra nova, aigra velha, aldeias do xisto, comareira, fotografia, museu, pena, serra da lousã
2 Comments:
Isso. Vamos criar um museu: ARQUEOLÓGICO. Lembram-se da pedra riscada pela máquina da Câmara, descoberta aqui há uns anos: vai ser a primeira peça para guardar...
Eu sou de Góis, nascido e criado, e sinto tristeza por ver as ruas vazias da vila. Parece uma vila fantasma. Que se passa? Falta de dinheiro? Falta de vontade para sair à rua? falta de pessoas em Góis? ou será o frio que as afasta. Tenho ideia de antigamente ver mais gente
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