sábado, 25 de abril de 2009

Abril é hoje e sempre

A nossa História recente está dividida num antes e num depois.

O antes era um tempo de muito pouco. Era um tempo de lugares muito pequenos e sem luz. Um tempo cinzento e de penumbra. Um tempo sem risos soltos e francos, sem portas nem janelas. Era um tempo muito pequeno e asfixiante. Um tempo sem fim, lento e torturador. Era um tempo imenso de sonhos e utopias reprimidas a quererem romper os lugares pequenos e a quererem voar num mundo de céus azuis sem nuvens e sem limites de esperanças e de anseios. Mas este já é o tempo depois. O tempo depois de estarmos a construir em democracia e liberdade e que só o tempo futuro poderá dizer o que é e como é.

Chama-se Abril ao tempo/passagem entre o antes e o depois. Abril é o tempo de cravos vermelhos a explodirem em golfadas de alegrias e sonhos contidos no antes, a fazerem a travessia para o depois. Abril é a Primavera imensa, carregada de emoções indizíveis e de céus azuis infinitos e por descobrir. Abril é esperança. Abril é a liberdade. Abril é uma paleta de emoções que celebramos para que não se apague ou se perca nas teias do esquecimento.

Hoje, mais do que nunca, a essência do 25 de Abril deve estar presente nas nossas vidas. Acompanhar os ventos de mudança que sopram actualmente implica adoptarmos novos comportamentos, novas posturas, tentarmos ver mais além...
Falar do 25 de Abril é falar sempre de um ideal que, como tal, nunca se cumpre na sua expressão máxima.
Mas o importante, depois de passados 35 anos deste marco na vida do nosso país, é, não apenas recordar, mas sim continuar a tentar construir Abril: é lutar, à nossa escala, por uma sociedade mais justa e solidária.


ABRIL DE SIM, ABRIL DE NÃO

Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.

Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.

Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.

Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.

Manuel Alegre

«Não me resigno nem me conformo na batalha pela qualidade da democracia portuguesa. Temos de deixar aos nossos filhos e aos nossos netos um regime em que sejamos governados por uma classe política qualificada, em que a vida pública se paute por critérios de rigor ético, exigência e competência, em que a corrupção seja combatida por um sistema judicial eficaz e prestigiado.
Decorridos mais de trinta anos sobre a queda de um regime autoritário, Portugal deve pensar-se como democracia amadurecida. Uma democracia em que o escrutínio dos poderes esteja assegurado por meios de comunicação social isentos e responsáveis.
É urgente reinventar o espírito de cidadania, o que exige uma mudança da nossa cultura política. (...)
É necessário que os agentes políticos se empenhem mais na prestação de contas aos cidadãos, que os Portugueses conheçam e compreendam o sentido e os objectivos das medidas que vão sendo adoptadas, que exista clareza e transparência na relação entre o poder político e a comunidade cívica.
É preciso que exista uma clara separação entre actividades políticas e actividades privadas, que as situações de conflito de interesses sejam afastadas por imperativo ético e não apenas por imposição da lei

Excerto do discurso de Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República no 33º aniversário do 25 de Abril






Trinta e cinco anos de democracia e os cravos murcharam... no nosso país!

Os cravos de Abril, que lindos que eram!
Vermelhos! Luzentes de chama vibrante!
No cano das armas, aonde os puseram,
O povo os fitava, de olhar deslumbrante!

Que sonho tão lindo, num dia cantante,
Da Vila Morena, que todos esperam
Com honra e com brio, num bem consagrante,
Que a guerra termine, onde tantos morreram!

Manhã radiosa, e o povo dizia:
- Que bom que já temos a Democracia!
Ó meu Portugal, irás ser mais feliz!

Seria uma Graça! Mas a liberdade
Foi mal entendida… sem civilidade
Os cravos murcharam no nosso País!

Clarisse Barata Sanches

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6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Entre as brumas da memória",
lembra-se-se o Abril da História.
"O Pátria sente-se voz",
da actualidade atroz.
"Levantai hoje de novo",
a dignidade do POVO.
"Às armas, às armas sobre a terra e sobre o mar"; Abril é para continuar a amar.

VIVA O POVO LIVRE!

25 abril, 2009 11:25  
Anonymous Anónimo, claro said...

Boa, enfermeiro Alexandre.
Pena que só o Sr Girão tenha engolido em seco.

25 abril, 2009 12:49  
Anonymous Anónimo said...

E os cravos murcharam por quê? Por que se acabou a pesada herança (em ouro) que o ditador Salazar deixou e os oportunistas de Abril agora já não podem fazer floreados. O povo está cansado de ser enganado por aqueles que tendo o 25 Abril sempre na boca apenas pensam em amanhar-se. A Clarisse que vive em Gois há tantos anos veja quem governou ´na
Câmara e no país depois de1975 e diga-me o que fizeram pelo povo a nivel local e nacional.

26 abril, 2009 12:12  
Anonymous Anónimo said...

Ó Alexandre já assinastes pela Lurdinhas?... Não te atrazes.. pois o 2º.lugar tem muitos candidatos..

27 abril, 2009 09:46  
Anonymous Anónimo said...

epá estão abertos concursos para a CMG, por favor divulguem,o requerimento e as vagas estão no site da CMG.

27 abril, 2009 12:41  
Anonymous Ex- Combatente said...

O poeta Alegre viveu Abril mas esqueceu o que dizia na Rádio Argel sobre os soldados que, por um juramento que haviam feito, sofriam e morriam na guerra do ultramar.

28 abril, 2009 08:50  

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