quinta-feira, 19 de abril de 2007

«Góis: perda irreparável»

No início de 2001, após algumas conversas com o presidente da Comissão Distrital de Coimbra do PSD, dr. Paulo Pereira Coelho, e do contacto informal com o próprio, propus à Comissão Política de Secção de Góis (então constituída por sete membros: eu próprio; Silvino Martins; Carlos Afonso; Vitó; Maria Emília Nogueira; Casimiro Vicente; e Ana Paula Gama) que o candidato do nosso Partido a Presidente da Câmara Municipal de Góis, nas eleições desse ano, fosse o dr. João Manuel Teixeira da Veiga e Moura. A Comissão Política, por unanimidade (7 votos), aprovou a minha proposta.
Conhecia o João Moura desde 1970, altura em que fomos colegas de Liceu, em Coimbra, onde seu pai foi meu director de ciclo. Mais tarde veio a casar com a Paula Ribeiro, filha de um ilustre goiense, o meu amigo Fernandinho Ribeiro, tendo passado a frequentar assiduamente Góis. Amante da Natureza e dos bons ares, gosta particularmente da pesca no Rio Ceira e da prática do ténis.
João Moura aceita o convite para liderar a lista do PSD à eleição da Câmara Municipal de Góis, consciente das dificuldades da disputa eleitoral e dos eventuais prejuízos familiares e profissionais que corre. Uma coisa é certa: afirma publicamente que se o PSD ganhar vem residir para Góis.
Na preparação de todo o longo período pré-eleitoral (as eleições foram em Dezembro de 2001) era necessário abrir o PSD à sociedade civil e fazer afirmar as candidaturas com a maior abrangência possível, visto que o Partido Socialista está no poder desde 1983 (18 anos). Tarefa difícil mas a que Veiga e Moura se dedica apaixonadamente. Todo o período que vai de Maio a Dezembro é de enchimento da candidatura e culmina com a campanha eleitoral mais alegre e fraterna da história autárquica em Góis. Quem teve a honra e prazer de integrar e participar na maior caravana automóvel jamais vista no concelho de Góis, deu o tempo por bem empregue e decerto ficou feliz pela amizade e união demonstradas.
Mas nem tudo correu bem. A partir de uma determinada altura alguns responsáveis do PSD e concorrentes a outros órgãos autárquicos começaram a fazer pré-campanha e campanha eleitoral paralela com o consequente prejuízo para as candidaturas no geral.
Vêm as eleições que ditam nova vitória do PS. O PSD recupera um vereador na Câmara (passa a dois), aumenta o número de deputados municipais e sobe eleitoralmente nas cinco freguesias, mantendo e mesmo reforçando no Cadafaz.
João Moura e eu próprio integrámos o elenco camarário no quadriénio 2002-2005, e tentámos fazer uma oposição credível, positiva e alternativa. A provar o que afirmo, vejam-se as propostas feitas por João Moura, que não foram aprovadas pela maioria socialista, e que hoje estão a ser equacionadas e mesmo adoptadas. Dadas as funções para que foi nomeado (IDICT) pelo Governo, nem sempre pode exercer as funções de vereador duma forma assídua, mas julgo que Góis ficou a ganhar por não ter suspendido ou mesmo renunciado ao mandato.
Nas eleições autárquicas de 2005 aceita o meu convite para integrar a lista da Assembleia Municipal do PSD e dá-me carta branca para o colocar em qualquer lugar, tendo sido eleito em segundo.
Em 28 de Fevereiro do corrente ano renuncia ao mandato de deputado municipal em sessão ordinária da Assembleia Municipal de Góis. Concordo inteiramente com os motivos que apresentou: falta de solidariedade e apoio político-partidário da Secção de Góis do PSD, e mesmo desconfiança e censura do seu principal responsável: animosidade e litígio permanente dentro do Grupo Municipal; desacordo total pela forma como a Assembleia Municipal tem vindo a ser dirigida, principalmente com o excesso de protagonismo do seu Presidente.
Porque considero uma PERDA IRREPARÁVEL e renúncia do dr. João Veiga e Moura? O PSD e Góis perderam um político que: programa e planeia como poucos; tem uma visão abrangente e integradora das várias áreas da política autárquica; transmite as suas ideias duma forma perceptível e eloquente; é eficaz em funções executivas; é amigo do seu próximo; e gosta do concelho de Góis. Em suma, é o melhor candidato para vir a ser o próximo Presidente da Câmara Municipal de Góis pelo PSD.
Manuel Enéscio Almeida Gama
in Jornal de Arganil, de 19/04/2007

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