sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Contra a pobreza

Num mundo cada vez mais rico, há cerca de 900 milhões de pessoas que passam fome e mais de 1.200 milhões vivem com menos de um euro por dia. Mas o mais dramático é que estes números têm-se mantido sem melhoria desde os anos noventa. Significa que a sociedade não está a ganhar o combate contra a pobreza.
Não podemos permanecer indiferentes. Não devemos sossegar enquanto houver pessoas com fome a lutar pela sobrevivência.
E isto acontece quando no mundo, particularmente na Europa, há cada vez mais excedentes, desperdício e deterioração de bens alimentares.
Então por que razão há fome? A riqueza está mal distribuída. O egoísmo e a injustiça estão a tornar o mundo mais desequilibrado.
Em Portugal esta realidade também se acentua. Somos o país da União Europeia com maior desigualdade social. Quando isto se passa são os mais fracos, crianças e velhos, as principais vítimas. Temos para cima de 900 mil idosos a viver com menos de 300 euros por mês.
Dados recentes divulgados pelo INE indicavam que no Alentejo, onde a situação é mais dramática, 30% da população encontra-se em situação de pobreza, enquanto, nessa mesma região, a grande riqueza se concentra em pouco mais de duas mil famílias abastadas e muitas vezes parasitas.
Sem minimizar (muito pelo contrário) iniciativas e ajudas louváveis e bem intencionadas promovidas pelas várias instituições de solidariedade, a luta contra a pobreza exige muito mais. É responsabilidade do poder político criar condições de desenvolvimento e igualdade de oportunidades.
O Papa afirmava recentemente que a Igreja nesta luta tinha como grande prioridade: "promover o desenvolvimento: hospitais, escolas de formação profissional, micro-empresas".
É preciso mudar mentalidades. Não é com subsídios ou actos mais ou menos caridosos que se elimina a pobreza. A maneira mais adequada é criar condições de trabalho para todos, sobretudo para os mais carenciados.
A.R.
in Jornal de Arganil, de 4/1/2007

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