Oitenta anos ao serviço da Comunidade Goiense
O Movimento Regionalista no Concelho de Góis tem um percurso que já remonta à segunda década do século passado, conforme registos oficiais da Sociedade de
Melhoramentos da Roda Cimeira, atestando através deles como sendo a colectividade mais antiga deste concelho, muito embora sejam conhecidas - pela imprensa actividades suas mais remotas,' mas de carácter meramente esporádico e não oficial.
Fazendo fé nestes dados, tidos como fiáveis e seguros, este movimento faz no decurso do presente ano oitenta anos de vida activa, ao serviço das gentes desta região, cujos resultados são visíveis na obra que respondeu às necessidades de uma época. Toda a aldeia, casal ou lugarejo, tem a marca da sua acção como sinal imorredouro dos tempos.
Contudo, se nada mais existisse, bastaria lembrar a força aglutinadora que ele teve na colónia beiroa da capital, em tempos idos.
Trata-se, acima de tudo, dum movimento de solidariedade da Beira-Serra com características próprias, talvez único no pais, cuja força emana da vontade espontânea dum povo, em fazer algo pela sua terra, quando ela carecia da satisfação das mais elementares necessidades básicas. É por isso mais do que um acto isolado e espontâneo; é um estado d'alma, um sentimento próprio do beirão. Como diz Miguel Torga: "Cingido até fisicamente às estremas da sua courela, herda, contudo, o sentido absorvente e centrípeto da mãe".
Porém, os tempos mudaram e a sua razão de ser perdeu a sua força voluntária e arrebatadora. O seu foco de energia foi diminuindo de intensidade à medida que vai aumentando a força do poder autárquico. Hoje, as comunidades serranas têm um centro do poder democrático que elegem, onde têm o direito de apresentar as suas queixas.
Contudo e sem se aperceberem, existe uma lacuna em aberto - a vontade colectiva - que pode ser preenchida pelo movimento regionalista.
O poder local exerce o seu mando em todo o território concelhio, mas quando ele é grande, dispersa-se, dilui-se, não pode chegar a todo o lado com o mesmo afinco e desvelo. Pergunta-se então: quem é que representa a vontade do povo? Quem é que representa a vontade colectiva, quando a presença individual é insignificante? Aqui é que as colectividades regionais têm um papel a desempenhar. Especialmente na preservação do património cultural, nas vias de comunicação de interesse geral e na harmonização do espaço público.
Pelo seu percurso e desempenho histórico. pelo seu património social e cultural, o movimento regionalista ainda ocupa um lugar de relevo, mas necessita de ser regenerado, de redefinir o seu espaço e o seu modelo de actuação. Isto já vem sendo dito há já algum tempo, por vários autores; porém, quando chega a hora de agir, todos pensamos e agimos segundo velhas e ultrapassadas normas. Conclui-se, então, que não é apenas o modelo que está ultrapassado, são também as mentalidades. Neste caso, a estrutura mental está obsoleta.
Apesar destas vicissitudes e tendo em vista a consagração dos oitenta anos de luta, o Conselho Regional da Casa do Concelho de Góis vai dedicar, o ano em curso, às comemorações do Regionalismo com a colaboração de entidades goienses, conforme programa que dentro em breve será dado a conhecer, para o qual, desde já, solicitamos a disponibilidade de todos quantos se sintam ligados ao seu torrão-natal.
Adriano Pacheco
in Jornal de Arganil, de 14/02/2008
Melhoramentos da Roda Cimeira, atestando através deles como sendo a colectividade mais antiga deste concelho, muito embora sejam conhecidas - pela imprensa actividades suas mais remotas,' mas de carácter meramente esporádico e não oficial.
Fazendo fé nestes dados, tidos como fiáveis e seguros, este movimento faz no decurso do presente ano oitenta anos de vida activa, ao serviço das gentes desta região, cujos resultados são visíveis na obra que respondeu às necessidades de uma época. Toda a aldeia, casal ou lugarejo, tem a marca da sua acção como sinal imorredouro dos tempos.
Contudo, se nada mais existisse, bastaria lembrar a força aglutinadora que ele teve na colónia beiroa da capital, em tempos idos.
Trata-se, acima de tudo, dum movimento de solidariedade da Beira-Serra com características próprias, talvez único no pais, cuja força emana da vontade espontânea dum povo, em fazer algo pela sua terra, quando ela carecia da satisfação das mais elementares necessidades básicas. É por isso mais do que um acto isolado e espontâneo; é um estado d'alma, um sentimento próprio do beirão. Como diz Miguel Torga: "Cingido até fisicamente às estremas da sua courela, herda, contudo, o sentido absorvente e centrípeto da mãe".
Porém, os tempos mudaram e a sua razão de ser perdeu a sua força voluntária e arrebatadora. O seu foco de energia foi diminuindo de intensidade à medida que vai aumentando a força do poder autárquico. Hoje, as comunidades serranas têm um centro do poder democrático que elegem, onde têm o direito de apresentar as suas queixas.
Contudo e sem se aperceberem, existe uma lacuna em aberto - a vontade colectiva - que pode ser preenchida pelo movimento regionalista.
O poder local exerce o seu mando em todo o território concelhio, mas quando ele é grande, dispersa-se, dilui-se, não pode chegar a todo o lado com o mesmo afinco e desvelo. Pergunta-se então: quem é que representa a vontade do povo? Quem é que representa a vontade colectiva, quando a presença individual é insignificante? Aqui é que as colectividades regionais têm um papel a desempenhar. Especialmente na preservação do património cultural, nas vias de comunicação de interesse geral e na harmonização do espaço público.
Pelo seu percurso e desempenho histórico. pelo seu património social e cultural, o movimento regionalista ainda ocupa um lugar de relevo, mas necessita de ser regenerado, de redefinir o seu espaço e o seu modelo de actuação. Isto já vem sendo dito há já algum tempo, por vários autores; porém, quando chega a hora de agir, todos pensamos e agimos segundo velhas e ultrapassadas normas. Conclui-se, então, que não é apenas o modelo que está ultrapassado, são também as mentalidades. Neste caso, a estrutura mental está obsoleta.
Apesar destas vicissitudes e tendo em vista a consagração dos oitenta anos de luta, o Conselho Regional da Casa do Concelho de Góis vai dedicar, o ano em curso, às comemorações do Regionalismo com a colaboração de entidades goienses, conforme programa que dentro em breve será dado a conhecer, para o qual, desde já, solicitamos a disponibilidade de todos quantos se sintam ligados ao seu torrão-natal.
Adriano Pacheco
in Jornal de Arganil, de 14/02/2008
Etiquetas: adriano pacheco, góis, regionalismo
2 Comments:
Esperamos todos por essas comemorações que são bem necessárias para que se consiga aprender com a sua experiência de luta pelo bem estar dos GOIENSES.
Eu, por mim, só espero que as comemorações não sejam junto da Avenida da Liberdade em Lisboa. É que o Concelho de Góis é em Góis. Espero bem que a CCG ainda saiba que Góis fica no Distrito de Coimbra ... .
Acabou-se o pio ao bloguista. Anda mais preocupado em afinar o discurso para a posse no PSD...
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