Monsenhor Nunes Pereira
Augusto Nunes Pereira nasceu a 9 de Dezembro de 1906 na Mata de Fajão, Pampilhosa da Serra. Foi o segundo de quatro filhos. Seu Pai, escultor santeiro, faleceu quando Augusto tinha, apenas, 9 anos. "Dele herdei este jeito para as artes e um razoável conjunto de ferramentas, com as quais iniciei a minha aprendizagem manula: plainas, serras, formões, goivas e o mais da arte".
Em 1919, entrou no Seminário de Coimbra, tendo sido ordenado sacerdote, em 28 de Julho de 1929.
Entre Outubro de 1929 e 1935, foi nomeado Reitor da freguesia de Santa Maria de Alcáçova, Montemos-o-Velho. No período de 1935 a 1952, foi pároco de Coja; e de São Bartolomeu, COimbra, entre 1952 e 1980.
Na diocese de Coimbra, foi Vigário Geral, cerca de quatro anos, com o Bispo D. João Saraiva e D. João Alves.
De 1952 a 1974 foi redactor do "Correio de Coimbra", tendo realizado "muitas dezenas" de gravuras para este jornal.
A partir de 1958, dedicou-se à aguarela, após viagens a Paris, Itália, Alemanha e Holanda.
Desenhava, com rapidez, à pena, esculpia, pintava e, dados os seus conhecimentos na área da madeira, aprendeu, numa tarde, a técnica da gravura em metal com José Contente.
"Na base de todos os meus trabalhos está, sem dúvida, o desenho.
Desenho em casa, na rua, nos cafés, nas reuniões, nos almoçoas. O meu desenho, salvo o que faço no gabinete, é um desenho de viagem, aproveitando ocasiões e às vezes escassos minutos".
Dominava igualmente a técnica do vitral, tendo executado o seu primeiro trabalho na capela da Casa de Saúde de Santa Filomena, em Coimbra; seguiram-se outros em Vila de Rei, na Capela de Montalto em Arganiol, nas Igrejas de Santa Maria de Celorico da Beira, de Manteigas, de Ponte Sótão (Góis), Ponte da Barca, Cardigos, Guarda-Gare, Paleão (Soure), Carnide (Pombal), etc..
Preferiu, contudo, os trabalhos de xilogravura, desenhos artísticos a buril, água forte, ponta seca e lápis. Executou gravuras em madeira, cobre, . lousa, marfim, calhau rolado "Privado das arestas, polido e quase envernizado, é um belo material oferecido à imaginação do escultor que chegado a esta idade vê nele o símbolo do seu próprio batalhar na vida: São conhecidos os seus painéis de madeira da Igreja da Tocha, de Bustos, de Coja, do Seminário Maior de Coimbra e outros, bem como as Vias-Sacras de Colmeias (Leiria), Igreja de Nossa Senhora de Lurdes (Coimbra), Colégio de São Teotónio (Coimbra) e Ansião. De Monsenhor Nunes Pereira são ainda conhecidos trabalhos em ferro forjado nas Igrejas do Cardal (Pombal), Ponte Sotão (Góis) e Arganil.
Para os Museus de Fajão, do Seminário Maior e da Capela das Minas da Panasqueira,executou gravuras em lousa.
As xilogravuras dos Contos de Fajão, a par de gravuras de Jesus, de Santos e do culto mariano, constituem um valioso espólio etnográfico e de Arte Sacra do Museu do Seminário Maior de Coimbra.
Colaborou no estudo de monumentos, na valorização do património arqueológico da Igreja de São Bartolomeu, e investigou sobre os túmulos e o púlpito de Santa Cruz, tendo colaborado no inventário cultural de Arte Sacra da diocese de Coimbra.
Realizou várias exposições no país e no estrangeiro, salientando-se: Secretariado Nacional de Informação (Lisboa), São Paulo (Brasil), Sociedade Nacional de Belas Artes (Lisboa), Instituto de Antropologia da Universidade de Coimbra, Movimento Artístico de Coimbra, Ateneu Comercial do Porto, Galie Arte e Livros (Luxemburgo), Jean L 'Hôte (Nancy), Palácio Foz (Lisboa), Ilha de S. Miguel (Açores), Vigo (Espanha). Contactou com os mestres Pietro Pariggi, em Florença e André Jaquemin, em Épinal.
Em Coimbra e em Coja, dedicou-se à ocupação de jovens em actividades culturais, tendo-lhe sido concedido o título de Presidente Honorário da Sociedade Recreativa e Progresso da Mata (Fajão).
A Câmara Municipal de Coimbra atribuiu-Ihe, em 1986, a medalha de Ouro da Cidade.
No mesmo ano, fói homenageado na Casa Municipal da Cultura de Coimbra com uma exposição retrospectiva da sua obra.
Possui numerosos artigos, poemas e ilustrações em jornais, catárogos, opúsculos e monografias.
Actualmente, dirige o Museu de Arte Sacra instalado no Seminário Maior de Coimbra, continuando a desenvolver a sua actividade artística.
Por entre o assobiar do vento, o riso dos pássaros e o majestoso rigor do xisto e do granito, nasceu a 9 de Dezembro de 1906 em Fajão, Pampilhosa da Serra, um menino a quem, inspiradamente, foi dado o nome de Augusto.
Filho de Ana Gomes e de António Nunes Pereira herdou de seu pai duas goivas e um buril, e um talento inconformado que procurava no cepo de madeira os traços de-qualquer homem e até mesmo de um santo. Da mãe, recolheu o menino a vontade de olhar para a transparência do azul e a intimidade luminosa do sol-pôr, para o cume das montanhas, para a água e a graça eterna e leve de tudo quanto era marcadamente feminino.
Lá foi para a escola esta criança de olhar perdido e observador que desenhava, desenhava sempre, nos cadernos, na ardósia, nas páginas em branco do livro de leitura. Os companheiros sorriam e barulhavam e os traços mágicos de Augusto recriavam figuras humanas ou de bichos, de casas, de pastores, de extraordinárias aventuras. De vez em quando, abria um pequeno canivete e era vê-lo a cortar,a raspar,a afilar bocas, narizes e orelhas, a abrir olhos e feições por entre a carrasca e o pau de laranjeira.
O menino cresceu. Cresceu, fez-se homem e padre. Escolheu estar no mundo e seduzi-lo através da palavra, da escrita, da pintura, da poesia, da arte. Pegou decidido, firme e impetuoso, em goivas e buris, abriu e rasgou a madeira, e obrigou-a a gerar um encantamento sem fim.
E brotaram, ao longo dos anos, figuras mansas e divinas, Cristos e Virgens, Apóstolos, anjos e arcanjos, deuses e demónios, louvores e narrativas.
Mas, por entre o trabalho de Nunes Pereira persiste, ainda e sempre, a beleza instante e única de um corpo de mulher.
Paulino M. Tavares (http://www.ccr-c.pt/dmf/ )
Em 1919, entrou no Seminário de Coimbra, tendo sido ordenado sacerdote, em 28 de Julho de 1929.
Entre Outubro de 1929 e 1935, foi nomeado Reitor da freguesia de Santa Maria de Alcáçova, Montemos-o-Velho. No período de 1935 a 1952, foi pároco de Coja; e de São Bartolomeu, COimbra, entre 1952 e 1980.
Na diocese de Coimbra, foi Vigário Geral, cerca de quatro anos, com o Bispo D. João Saraiva e D. João Alves.
De 1952 a 1974 foi redactor do "Correio de Coimbra", tendo realizado "muitas dezenas" de gravuras para este jornal.
A partir de 1958, dedicou-se à aguarela, após viagens a Paris, Itália, Alemanha e Holanda.
Desenhava, com rapidez, à pena, esculpia, pintava e, dados os seus conhecimentos na área da madeira, aprendeu, numa tarde, a técnica da gravura em metal com José Contente.
"Na base de todos os meus trabalhos está, sem dúvida, o desenho.
Desenho em casa, na rua, nos cafés, nas reuniões, nos almoçoas. O meu desenho, salvo o que faço no gabinete, é um desenho de viagem, aproveitando ocasiões e às vezes escassos minutos".
Dominava igualmente a técnica do vitral, tendo executado o seu primeiro trabalho na capela da Casa de Saúde de Santa Filomena, em Coimbra; seguiram-se outros em Vila de Rei, na Capela de Montalto em Arganiol, nas Igrejas de Santa Maria de Celorico da Beira, de Manteigas, de Ponte Sótão (Góis), Ponte da Barca, Cardigos, Guarda-Gare, Paleão (Soure), Carnide (Pombal), etc..
Preferiu, contudo, os trabalhos de xilogravura, desenhos artísticos a buril, água forte, ponta seca e lápis. Executou gravuras em madeira, cobre, . lousa, marfim, calhau rolado "Privado das arestas, polido e quase envernizado, é um belo material oferecido à imaginação do escultor que chegado a esta idade vê nele o símbolo do seu próprio batalhar na vida: São conhecidos os seus painéis de madeira da Igreja da Tocha, de Bustos, de Coja, do Seminário Maior de Coimbra e outros, bem como as Vias-Sacras de Colmeias (Leiria), Igreja de Nossa Senhora de Lurdes (Coimbra), Colégio de São Teotónio (Coimbra) e Ansião. De Monsenhor Nunes Pereira são ainda conhecidos trabalhos em ferro forjado nas Igrejas do Cardal (Pombal), Ponte Sotão (Góis) e Arganil.
Para os Museus de Fajão, do Seminário Maior e da Capela das Minas da Panasqueira,executou gravuras em lousa.
As xilogravuras dos Contos de Fajão, a par de gravuras de Jesus, de Santos e do culto mariano, constituem um valioso espólio etnográfico e de Arte Sacra do Museu do Seminário Maior de Coimbra.
Colaborou no estudo de monumentos, na valorização do património arqueológico da Igreja de São Bartolomeu, e investigou sobre os túmulos e o púlpito de Santa Cruz, tendo colaborado no inventário cultural de Arte Sacra da diocese de Coimbra.
Realizou várias exposições no país e no estrangeiro, salientando-se: Secretariado Nacional de Informação (Lisboa), São Paulo (Brasil), Sociedade Nacional de Belas Artes (Lisboa), Instituto de Antropologia da Universidade de Coimbra, Movimento Artístico de Coimbra, Ateneu Comercial do Porto, Galie Arte e Livros (Luxemburgo), Jean L 'Hôte (Nancy), Palácio Foz (Lisboa), Ilha de S. Miguel (Açores), Vigo (Espanha). Contactou com os mestres Pietro Pariggi, em Florença e André Jaquemin, em Épinal.
Em Coimbra e em Coja, dedicou-se à ocupação de jovens em actividades culturais, tendo-lhe sido concedido o título de Presidente Honorário da Sociedade Recreativa e Progresso da Mata (Fajão).
A Câmara Municipal de Coimbra atribuiu-Ihe, em 1986, a medalha de Ouro da Cidade.
No mesmo ano, fói homenageado na Casa Municipal da Cultura de Coimbra com uma exposição retrospectiva da sua obra.
Possui numerosos artigos, poemas e ilustrações em jornais, catárogos, opúsculos e monografias.
Actualmente, dirige o Museu de Arte Sacra instalado no Seminário Maior de Coimbra, continuando a desenvolver a sua actividade artística.
Por entre o assobiar do vento, o riso dos pássaros e o majestoso rigor do xisto e do granito, nasceu a 9 de Dezembro de 1906 em Fajão, Pampilhosa da Serra, um menino a quem, inspiradamente, foi dado o nome de Augusto.
Filho de Ana Gomes e de António Nunes Pereira herdou de seu pai duas goivas e um buril, e um talento inconformado que procurava no cepo de madeira os traços de-qualquer homem e até mesmo de um santo. Da mãe, recolheu o menino a vontade de olhar para a transparência do azul e a intimidade luminosa do sol-pôr, para o cume das montanhas, para a água e a graça eterna e leve de tudo quanto era marcadamente feminino.
Lá foi para a escola esta criança de olhar perdido e observador que desenhava, desenhava sempre, nos cadernos, na ardósia, nas páginas em branco do livro de leitura. Os companheiros sorriam e barulhavam e os traços mágicos de Augusto recriavam figuras humanas ou de bichos, de casas, de pastores, de extraordinárias aventuras. De vez em quando, abria um pequeno canivete e era vê-lo a cortar,a raspar,a afilar bocas, narizes e orelhas, a abrir olhos e feições por entre a carrasca e o pau de laranjeira.
O menino cresceu. Cresceu, fez-se homem e padre. Escolheu estar no mundo e seduzi-lo através da palavra, da escrita, da pintura, da poesia, da arte. Pegou decidido, firme e impetuoso, em goivas e buris, abriu e rasgou a madeira, e obrigou-a a gerar um encantamento sem fim.
E brotaram, ao longo dos anos, figuras mansas e divinas, Cristos e Virgens, Apóstolos, anjos e arcanjos, deuses e demónios, louvores e narrativas.
Mas, por entre o trabalho de Nunes Pereira persiste, ainda e sempre, a beleza instante e única de um corpo de mulher.
Paulino M. Tavares (http://www.ccr-c.pt/dmf/ )
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