sábado, 31 de março de 2007

Terra da terra, de Abílio Bandeira Cardoso

Meus ossos, meros arcos da ponte
Entre a carne e a alma agonizada

Minha carne, mera passagem
Entre a terra que a come
E as nuvens que a ignoram

Minha alma, mera invisibilidade
Entre o ontem e o agora
Entre o agora e o nunca
Entre o amanhã e o sempre
Alma que não é ponte... é estrada
Caminho térreo...
Entre a luta e a desistência
Entre a desistência e o começar de novo
Entre o sonho e o esquecimento
Entre o esquecimento e a realidade
Apenas ignorada

Eu; corpo, alma e sangue
Vivo, entre as fronteiras absolutas
Do eu e da minha negação
Da terra nasci... e ...
Sou lama...

Abílio Bandeira Cardoso

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