domingo, 11 de março de 2007

Poeta não..., de Abílio Bandeira Cardoso

Poeta não sou porque serei tão nada
Havendo musa a veia não permanece
Havendo veia a musa não acontece
No sofrimento escrevo, alma penada,

Escrevo com pena a pena ensanguentada
Esperança que o amor na saudade entristece
Fim de tarde amorosa, na dor anoitece
Noite de lágrimas que espera na madrugada

Poeta não sou, palavras são-me insuficientes
E falta-me aquela brutal força de peito
Que é dor, que é também engenho e jeito

Poeta não sou, apenas escrevo descontentes
Sonhos que sonho, esperanças morrentes...
Desilusões que sinto... mas não aceito...

Abílio Bandeira Cardoso

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