sábado, 10 de março de 2007

Via, de Abílio Bandeira Cardoso

A tuas mãos, meu Deus, e a teu olhar
Reentrego minha perdida alma descrente
Abraça-ma, devolve-lhe a vida ausente
Mostra-lhe o valor de terra por cultivar

A teus pés, meu Deus, vou-me ajoelhar
Peço que as areias do ontem, firmemente,
Sejam pedras duma vida indulgente
Para quem, pobre, a não souber edificar

E gritarei mil notas do obscuro perdão
E viverei com garra cada sim, cada não
Contrariedades, somente nos dão coragem

Voarei com força de asas de gavião
E terei garras que agarrarão a viagem
Dobrarei sinos, aplaudirei minha passagem

Abílio Bandeira Cardoso

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