Entrevista a Abílio Bandeira Cardoso e a José Girão Vitorino sobre o grande investimento no Parque do Baião
O VARZEENSE: Temos visto nas actas da Câmara que foi portador de uma proposta para um grande investimento em Góis. Qual o seu papel neste processo?
Dr. Abílio: Penso que se estará a referir ao Hotel da Quinta do Baião. Efectivamente, convenci um grande amigo, proprietário de uma cadeia internacional de hotéis, a investir em Góis. E o hotel, a concretizar-se, será o primeiro de um lote de investimentos. Foi apresentado pela minha mão uma proposta para o hotel da Quinta do Baião, que passará pela criação de uma unidade com 40 quartos, um health club, piscina aquecida e um centro de convenções com capacidade para cerca de 300 pessoas.
O VARZEENSE: Falou em "um primeiro de um lote de investimentos?"
Dr. Abílio: Sim, fui portador simultaneamente de uma proposta para outro investimento no concelho e um outro no nosso concelho vizinho da Pampilhosa da Serra que, por vários motivos, já está mais adiantado. O Grupo que convenci a apostar em Góis tem vários ramos de actividade. Para além do ramo hoteleiro, actua também, designadamente, no ramo social.
O VARZEENSE: E que investimento seria e onde?
Dr. Abílio: O investimento passaria, ou passará (assim o espero) pela implementação de um lar residencial de qualidade superior, inteiramente privado, para idosos, eventualmente, com valências importantes na área da saúde, como seja um centro de fisioterapia e, eventualmente, uma unidade de apoio à deficiência entre outras valências. Relativamente à localização ainda não está definida, sugeri inicialmente, pela degradação visível e pelo respeito que temos de ter pelo seu instituidor, o Hospital Monteiro Bastos em Vila Nova do Ceira. Foram feitos os contactos iniciais com o Sr. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Góis, que se mostrou inteiramente disponível para que se resolva a situação degradante daquele edifício. O Grupo investidor está, neste momento a analisar e estudar o local, existindo, contudo, outros locais concretos e possíveis no concelho, caso a negociação seja infrutífera. Pessoalmente, eu gostaria que fosse no Monteiro Bastos quer pela minha ligação à Santa Casa, quer pela necessidade de intervenção urgente naquele edifício.
O Grupo empresarial que tenho representado está ainda a estudar a hipótese de instalação de uma pequena unidade industrial não poluente no concelho e ainda uma unidade no âmbito das energias alternativas, mas dessas é muito cedo para concretizar, mesmo no plano das suposições.
O VARZEENSE: Estamos a falar da criação de um número razoável de postos de trabalho?
Dr. Abílio: Estamos. Estamos a falar, só nos dois primeiros investimentos e seguramente, de entre 80 a 100 postos de trabalho, mas tudo está dependente de muita coisa ainda. Espero que tudo isto venha a ser uma realidade.
O VARZEENSE: Tem sentido apoio por parte da Câmara?
Dr. Abílio: Quando levei o investidor ao Sr. Presidente da Câmara houve, alguma hesitação... talvez devido à grandeza dos investimentos e ao próprio peso do Grupo investidor, grandezas a que o concelho de Góis não está habituado. Contudo, passado o "choque inicial", tem existido toda a disponibilidade e interesse de toda a Câmara Municipal e, mesmo, um grande empenho pessoal, do Sr. Presidente e dos senhores Veredores de ambos os partidos, sem excepção.
O VARZEENSE: Vemos nas suas palavras algum cuidado, qual o motivo da apreensão?
Dr. Abílio: Relativamente ao hotel, existe ainda a necessidade de resolver algumas situações pendentes com a ADIBER que, ao que sei, é ainda a detentora da chave do espaço, situação que, também ao que sei, embora eu não me queira envolver nessa situação, já foi alvo de um processo judicial. Entretanto, apareceu outro interessado no espaço e, penso, que a própria ADIBER terá também uma proposta para o local. Está tudo dependente da resolução destas situações, que não dizem respeito ao investidor que represento e, por isso, não me vou alongar nelas. Sei que a Câmara Municipal está a esforçar-se para que tudo seja transparente, é, contudo, necessária alguma celeridade, pois estamos a falar de grandes investimentos e os investidores não gostam de ter dinheiro parado e oportunidades congeladas.
O VARZEENSE: E os investimentos que está a tentar trazer estão dependentes uns dos outros?
Dr. Abílio: É bem natural que sim, a grandes investidores deste género é essencial o elemento confiança. E se há resistências, acabam por perder o interesse.
O VARZEENSE: E seriam para quando?
Dr. Abílio: Depende da resolução das situações que lhe falei, sei que a vontade do Grupo é que o hotel se inicie ainda este ano, início do próximo. Depende, no entanto, da celeridade que se venha a registar.
O VARZEENSE: Estamos a falar de um salto qualitativo para o concelho?
Dr. Abílio: Estamos sem dúvida a falar de algo muito bom para Góis. Em primeiro lugar, pela oportunidade dos próprios investimentos, resolvendo, o primeiro, a questão da falta de alojamento no concelho. Estamos ainda a falar de um muito importante número de postos de trabalho a criar, sem esquecer que este ano foi criado o curso profissional de hotelaria em Góis, pelo que esta unidade poderá ser, além de um importante centro de estágios, uma saída profissional segura, para aqueles que por aquele curso vão passar. E, por outro lado, sei que estes investimentos puxarão mais alguns, pois haverá necessidade de criar algumas empresas de suporte às actividades a instalar.
O VARZEENSE: Come vê o futuro do concelho de Góis?
Dr. Abílio: Se estes projectos se vierem a concretizar, vejo um futuro muito mais sorridente do que tem sido. Até porque há outros investidores que estou a tratar de motivar para o nosso concelho, e não vou esquecer as outras freguesias. Mas cada passo terá que ser dado no tempo exacto, ou poderemos correr o risco de tropeçar nos próprios pés.
O VARZEENSE: Que acha que Góis necessita para atrair mais investidores?
Dr. Abílio: Em primeiro lugar, de se afirmar pela diferença. Góis é um concelho cheio de potencialidades turísticas e essa deve ser uma das primeiras apostas, e falo de um turismo anual e não meramente sazonal nos meses de Verão. Apostar em Góis como um destino de charme - ou seja, de qualidade - e como um destino de turismo activo - ou seja, um turismo não puramente de lazer, mas de actividades desportivas, radicais e de aventura - parece-me que será essa a chave do sucesso. Em segundo lugar, necessita da criação de algumas infra-estruturas que coloquem Góis na rota dos investidores. Falo, concretamente, na necessidade de criação de umm centro empresarial e tecnológico que permita às pequenas e médias empresas fixarem-se a custos mais reduzidos em condições de excelência nos primeiros anos de laboração, dando-lhes as capacidades tecnológicas e modernas de competitividade, necessárias aos dias de hoje. Aliada a isto, a preocupação de apostar num sector empresarial "verde", sem fontes poluidoras, deve ser uma constante. Esse "Centro Empresarial e Tecnológico" vejo-o na Ponte do Sótão, quer por razões históricas de actividade empresarial, quer porque poderão lá estar reunidas as condições fícias e imediatas necessárias.
O VARZEENSE: Tem sido bastante crítico quanto à actuação da Câmara Municipal e agora aparece com todas estas boas notícias. Mudou de atitude?
Dr. Abílio: Não, e espero que ninguém vela as minhas críticas como sendo destrutivas. Elas são sempre, e esse será sempre o meu ponto orientador, chamadas de atenção para situações que não merecem a minha concordância. Mas contem sempre comigo, independenetemente dos sectores políticos empossados, para ajudar ao desenvolvimento do concelho. Esta é a terra onde nasci e onde escolhi viver. Como munícipe terei sempre direito a discordar e criticar o que não se faz ou que se faz mal, e nunca abdicarei desse direito, que é para mim também um dever. Vivemos em plena democracia, não temos que nos vergar a nada que não seja a nossa própria consciência. Porque se cedermos uma vez aos nossos princípios, estaremos irremediável e definitivamente derrotados.
O VARZEENSE: Quer deixar uma mensagem aos nossos leitores?
Dr. Abílio: Quero. É preciso acreditar mais no nosso concelho, mesmo quando sentimos alguns interesses a travar e a bloquear os caminhos que acreditamos ser os caminhos certos.
José Girão Vitorino
O VARZEENSE: Pelo que sabemos há na Câmara uma proposta para um investimento em Góis, na Quinta do Baião. O que nos tem a dizer?
José Girão: Sim, é verdade. Têm aparecido ultimamente investidores para a implementação de uma unidade hoteleira no centro da Quinta do Baião, com capacidade até 40 quartos, piscina, unm centro de convenções, etc. Isto é, para mim, uma grande satisfação.
O VARZEENSE: Se é uma grande satisfação, pretende contribuir para que o projecto venha a ser uma realidade?
José Girão: Sim, como já referi, o facto de haver investidores disponíveis para virem investir no nosso concelho é para mim uma grande satisfação e a Câmara Municipal estará receptiva, dentro das possibilidades, para ajudar.
O VARZEENSE: O factor tempo, nos dias de hoje é um bem precioso, será que a situação está para breve?
José Girão: Sim, dentro em breve, penso poder vir a dar boas notícias, em relação ao investimento a ser efectuado na Quinta do Baião.
O VARZEENSE: Como vê os investidores que se propuseram para desenvolver o projecto na referida Quinta do Baião?
José Girão: Dos encontros que tenho tido com os empresários, considero-os cem por cento sérios, e vejoõs como pessoas credíveis e capazes de darem um empurrão no desenvolvimento do concelho.
O VARZEENSE: Isso quer dizer que lhe aprecem investimentos de longa duração?
José Girão: Sim, sem dúvida, são pessoas com bases sólidas e que não me parecem ser empresas daquelas que laboram cinco anos e depois fecham. Parece-me que serão investimentos para durarem e para crescerem a acarretarem outros investimentos.
O VARZEENSE: No seu entender Góis terá capacidade de resposta para poder sobreviver um empreendimento desta envergadura?
José Girão: Todos sabemos que, no início, qualquer unidade que se venha a instalar em Góis, para sobreviver terá que estar integrada numa cadeia que além de albergar os turistas, os consegue puxar para o nosso concelho, e por isso, é necessário que seja propriedade de investidores com raízes sólidas e capazes de levar a bom porto, o funcionamento do empreendimento, o que, no meu entender, está em boas mãos.
O VARZEENSE: E o que já existe no nosso concelho? Não tem receio que este grande empreendimento venha a "matar" os que já existem?
José Girão: De forma nenhuma. Como já referi, estará inserido numa cadeia que se encarregará de trazer os turistas para Góis, beneficiando assim, não só o próprio empreendimento, como os outrso já existentes. No Verão a crise turística não é tão forte, o que há necessidade de ser trabalhado é a forma de atrair novos turistas na parte de Inverno, e que tenho uma forte convicção de que estes empresários terão o devido conhecimento para conseguirem dar um grande empurrão no nosso concelho.
O VARZEENSE: Mostra-se satisfeito só por haver investidores neste local ou gostaria que surgissem outros com novas ideias para o resto do concelho?
José Girão: Qualquer investimento que venha a pugnar pelo desenvolvimento do nosso concelho, para mim é sempre um factor a apoiar, e eu estarei receptivo para o aceitar de mãos abertas, pois além de ajudar na divulgação do nosso concelho, consegue aumentar os postos de trabalho e consequentemente desenvolver cada vez mais a nossa região. certo é que, valorizo os investidores que demonstrem uma forte credibilidade de que o projecto é para ser a longo prazo e não para perdurar apenas alguns anos.
O VARZEENSE: Quer deixar uma mensagem aos nossos leitores?
José Girão: Sim. Quero deixar aos leitores a mensagem de que devem acreditar no nosso concelho. Góis tem fortes potencialidades e uma paisagem capaz de apaixonar qualquer um. Também quero deixar aqui a informação que sempre tentarei defender os interesses do povo que me elegeu e tudo farei pelo desenvolvimento do concelho que adoptei (Góis).
in O Varzeense, de 15/02/2007
Etiquetas: abílio cardoso, góis, josé girão vitorino, turismo
1 Comments:
Trata-se de óptimas notícias para Góis que ansiosamente todos aguardamos se concretizem, não sendo postas em causa por qualquer tipo de obstáculo burocrático. Nesse sentido, mais do que o recurso a decisões judiciais, sempre demoradas e imprevisiveis, penso que as questões pendentes com a ADIBER, devem ser resolvidas pela via do recurso ao diálogo, pois entendo que perante a situação todos devemos torcer para o lado do progresso do Concelho, pois trata-se de investimentos que tarão a confiança necessária ao futuro do nosso Concelho.
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