Esporão - Festa de S. Miguel... e não só

Como foi anunciado, a Comissão de Melhoramentos do Esporão, levou a efeito a sua festa anual, nos dias 25 e 26 de Setembro.
A noite de sexta-feira foi calma, com pouco movimento, embora a actuação do duo "Tema" fosse boa.
No sábado, pelas 11:30, celebrou-se a missa em honra de S. Miguel e por intenção dos naturais falecidos, tendo o padre Carlos ficado satisfeito com o número de presenças, estando o simples altar do nosso padroeiro, enfeitado com as sempre bonitas, varas de Sta. Rita. Seguiu-se o almoço de convívio. A Direcção achou melhor, este ano, entregar este trabalho a uma empresa e apesar dos maus presságios, tudo correu bem. É que os habituais voluntários vão tendo algumas rasteiras passadas pela saúde. É que já ninguém vai para novo...
Quanto a novos voluntários, cada vez são mais escassos. O que diriam os pioneiros do regionalismo, da falta de entusiasmo que hoje se vê nestas iniciativas? Às vezes questionamo-nos do porquê desta situação...
Será que foram os mais velhos, que não souberam transmitir os valores que presidiram ao início do regionalismo? Ou será destes tempos materialistas, em que "só se dá o presunto a quem der o porco"?
No final do almoço, foi efectuado um leilão das ofertas doadas à organização.
À tarde, o Rancho Juvenil da Casa do Povo de Arganil fez uma magnífica actuação, que a todos encantou. Durante uma das muitas danças executadas, uma dançarina de apenas 4 anos, escorregou e caiu (o piso não é adequado, aliás, temos de pensar em arranjar aquele chão). Rapidamente ajudada pelo seu par, levantou-se, recompôs-se e continuo a dançar. No entanto, no seu bonito rosto transpareceram traços de sofrimento, e esse sofrimento não era apenas dor física, mas principalmente a preocupação do desvirtuamento da exibição, que o seu grupo, num todo, estava a efectuar. Ao vermos a dedicação daquela menina, pensamos: aqueles jovens vão continuar a estudar, terão uma boa formação, poderão vir a ser altos dirigentes deste país, ou numa autarquia, quem sabe no pelouro da cultura!... Hão-se apoiar todas as vertentes das artes/cultura, trarão grandes nomes do espectáculo... mas uma coisa temos a certeza: seja qual for a cor política que sigam, o folclore jamais será tratado por eles, como um parente pobre, que fica à espera de um pequeno subsídio. Pelo menos, terão sempre um transporte à disposição, para a sua deslocação a uma qualquer terra, onde é aguardada a sua presença, esperando apenas o simples cachet dos aplausos e uma "bucha" no fim da exibição.
Obrigada por nos deixarem a certeza, de que as mais puras raízes de um povo, nunca irão desaparecer.
Realizaram-se também os jogos da malha e sueca, de que saíram vencedores José Cardoso e Vítor Ribeiro (malha) e Joaquim Carlos e Fernando Rodrigues (sueca).
À noite, a actuação do conjunto "Brinco'Baile" não desiludiu e trouxe à nossa casa muita gente que se divertiu até às 02:30 da madrugada. Fizemos bem em aceitar a sugestão que alguém nos vinha fazendo há muito tempo. Aqueles 4 elementos, animam na perfeição, qualquer festa. os dois elementos masculinos, apesar da sua deficiência (invisuais), executaram a parte musical e ainda montam, desmontam e carregam quase todo o material inerente ao seu espectáculo. Ao vê-los sempre bem dispostos, ficamos até envergonhados, por nos lamentarmos tanto com as nossas pequenas mazelas...
O sorteio das rifas ditou o seguinte: 1º-916, 2º-151, 3º-145. A quermesse, que estava bem composta, teve uma boa afluência.
A todos os que, de boa vontade, colaboraram para que a nossa festa se realizasse com brilhantismo, desde a mais alta à mais pequena oferta, passando por quem na C.M. Góis, disponibilizou o autocarro para transportar o Rancho de Arganil, até à boa vontade da jovem que foi colocar a flor no peito dos visitantes, e viu a boa vontade (dizemos nós...) com que um jovem depositou no cestinho as moedas mais escuras que estavam no bolso. Sim, porque as mais claras, ficam de reserva para o tabaco e umas "mines"...
Este ano, até tivemos a boa vontade do S. Pedro, que nos presenteou com um magnífico tempo.
O nosso obrigado, do coração. Como alguém dizia: "Estão cá dentro!"
Ilda Celeste Ferreira
in Jornal de Arganil, de 8/10/2009