"O Rasto dos Barrões" no Corterredor
Aquele vale do Ceira onde as encostas são mais íngremes e o solo mais pedregoso, as margens mais alcantiladas e apertadas, a paisagem reverdejante e a quietude se estende para montante, é o percurso mais genuíno dum rio que galga da montanha para ali ir perdendo o declive, na mira de encontrar um leito mais suave até à foz. O trajecto mais montanhoso mereceu-nos uma observação sobre usos e costumes daquelas gentes, com o propósito de deixar um registo bem vincado na memória. Não se trata duma monografia mas duma verdade ficcionada.
Este registo não pretende ofuscar o enorme e afincado trabalho dum regionalismo feito de lutas e paixões que, ao longo dos tempos, tem clamado pela maior visibilidade das suas aldeias, cujos habitantes vão dando a rica presença humana à serra que, à primeira vista, parece nua intransponível e desabitada. É uma aguarela fresca que estas margens nos deixaram nestes acessos difíceis, onde o verde e as rochas vão coabitando sem conflitos, tal como as gentes beirãs, de grande apego à sua terra, vão estabelecendo uma dimensão humana por aqueles vales além. Não fora a nossa qualidade de serranos e o espanto nos teria assaltado com maior intensidade.
Este vale verdejante onde existe a profunda e verdadeira ruralidade típica, protegida de toda a poluição, aberto ao nosso conhecimento em tempos de "vacas magras", onde a tarefa do carvão era uma marca serrana, cuja figuração, hoje só poderia existir no nosso imaginário como se duma visão da tarde de calor se tratasse. Pois bem, este vale (melhor ou pior caracterizado) foi palco das personagens de "O Rasto dos Barrões" que retratam bem a têmpera dos homens que foram capazes de lutar contra adversidades que a montanha lhes impunha, os meios lhes restringem o folgo, mas o querer e a vontade indómita lhes aguçava o engenho e a arte. Tempos difíceis!
Aqui, neste palco oferecido pela natureza, vai ocorrer uma cerimónia em homenagem aos carvoeiros, executantes duma tarefa árdua tão difícil quanto perseguida, aos santuários erguidos pela montanha em que o homem é apenas e só contemplador, excepção feita à capela da Sr.ª do Desterro. Destes marcos históricos, "O Rasto dos Barrões" vai deixar um testemunho público, na aldeia do Corterredor onde a Marquinhas tinha a taberna, o Raimundo se desunhava para conquistar esta beldade beirã. Não esquecendo a ti'Zulmira sardinheira que atravessava a serra com a canastra à cabeça para ganhar a vida sem vergonhas do mundo. Vida difícil!
Ficam assim convidadas as gentes das Mestras, Corterredor, Cabreira e toda a freguesia do Cadafaz, para uma cerimónia que dentro em breve terá lugar na aldeia do Corterredor, dando a conhecer o livro "O Rasto dos Barrões" que fala da vossa terra.
Adriano Pacheco
in Jornal de Arganil, de 17/09/2009
Este registo não pretende ofuscar o enorme e afincado trabalho dum regionalismo feito de lutas e paixões que, ao longo dos tempos, tem clamado pela maior visibilidade das suas aldeias, cujos habitantes vão dando a rica presença humana à serra que, à primeira vista, parece nua intransponível e desabitada. É uma aguarela fresca que estas margens nos deixaram nestes acessos difíceis, onde o verde e as rochas vão coabitando sem conflitos, tal como as gentes beirãs, de grande apego à sua terra, vão estabelecendo uma dimensão humana por aqueles vales além. Não fora a nossa qualidade de serranos e o espanto nos teria assaltado com maior intensidade.
Este vale verdejante onde existe a profunda e verdadeira ruralidade típica, protegida de toda a poluição, aberto ao nosso conhecimento em tempos de "vacas magras", onde a tarefa do carvão era uma marca serrana, cuja figuração, hoje só poderia existir no nosso imaginário como se duma visão da tarde de calor se tratasse. Pois bem, este vale (melhor ou pior caracterizado) foi palco das personagens de "O Rasto dos Barrões" que retratam bem a têmpera dos homens que foram capazes de lutar contra adversidades que a montanha lhes impunha, os meios lhes restringem o folgo, mas o querer e a vontade indómita lhes aguçava o engenho e a arte. Tempos difíceis!
Aqui, neste palco oferecido pela natureza, vai ocorrer uma cerimónia em homenagem aos carvoeiros, executantes duma tarefa árdua tão difícil quanto perseguida, aos santuários erguidos pela montanha em que o homem é apenas e só contemplador, excepção feita à capela da Sr.ª do Desterro. Destes marcos históricos, "O Rasto dos Barrões" vai deixar um testemunho público, na aldeia do Corterredor onde a Marquinhas tinha a taberna, o Raimundo se desunhava para conquistar esta beldade beirã. Não esquecendo a ti'Zulmira sardinheira que atravessava a serra com a canastra à cabeça para ganhar a vida sem vergonhas do mundo. Vida difícil!
Ficam assim convidadas as gentes das Mestras, Corterredor, Cabreira e toda a freguesia do Cadafaz, para uma cerimónia que dentro em breve terá lugar na aldeia do Corterredor, dando a conhecer o livro "O Rasto dos Barrões" que fala da vossa terra.
Adriano Pacheco
in Jornal de Arganil, de 17/09/2009
Etiquetas: adriano pacheco, corterredor, livro
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home