quinta-feira, 2 de outubro de 2008

1.º encontro de ex-combatentes organizado pelos Titãs


Titãs era o nome de um dos batalhões que combateu no Ultramar. No fim-de-semana, cerca de oitenta membros do grupo juntaram-se num almoço-convívio recordando os tempos passados e aproveitaram o momento para homenagear um ex-combatente que esteve preso na Índia. Ao mesmo tempo, a ideia surge de certa forma de uma tentativa de “captar” alguns ex-combatentes esquecidos. “Toda a gente se esqueceu de que eles deram o seu melhor quando eram jovens”, comentou Armindo Neves ao Jornal de Arganil. Como membro da organização, considerou ainda ser o momento ideal para incentivar os antigos colegas a reivindicarem pelos seus direitos. Ao nosso jornal, o ex-combatente recordou os tempos difíceis por que passaram. “Fomos empurrados para o Ultramar em cima de um barco, à deriva no mar”. Ainda lembra a data da chegada, 31 de Outubro de 1971, e o trauma que viveu. “Tínhamos ordem para nos atirarmos ao mar. Felizmente ficámos na Guiné Bissau e não houve problemas”, recordou, atentando na ideia de que “se fosse hoje teríamos mais ajuda”. Tal como o próprio, garantiu que há muitos que estão indignados como a forma que estão a ser tratados. “Na altura em que Paulo Portas era o Ministro da Defesa, o Governo anunciou que nos iriam pagar pelo tempo que tivemos nas colónias em combate. Dizia-se até que era uma compensação de reforma mensalmente, na ordem dos 15 euros, mas a verdade é que isso não aconteceu”, criticou, associando o descontentamento ao actual Governo. “Às vezes sinto-me revoltado por ser português”, lamentou. Na sua opinião, e na dos ex-combatentes presentes no almoço, deveriam ter um tratamento melhor e até igual a determinados dirigentes que acumulam reformas por terem estado ligados a guerra do Ultramar.
Armindo Neves defende assim a igualdade de tratamento no que se refere a direitos, pelo que o grupo deverá organizar outros encontros, juntar mais pessoas para reivindicar e se possível ter voz na Assembleia da República. Vindos de Lisboa, Arganil, Porto, Serpins e outras localidades, reforçou a importância do encontro, na medida em que considera fundamental reunir todos aqueles que “sentem na pele que foram maltratados, que tinham direitos e não lhes deram”. Vendo o desígnio como uma missão, pretende que às cerca de oitenta pessoas presentes no convívio se possam juntar muito mais. “Pretendo fazer um apelo para que transmitam mensagem do que se passou hoje aos seus amigos, de modo que daqui a um ano, no segundo encontro, sejamos o dobro ou o triplo dos que estão aqui hoje”.
in Jornal de Arganil, de 2/10/2008

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