quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Almoço reuniu ex-combatentes em Góis

Cerca de 100 pessoas, entre ex-combatentes do ultramar, familiares e amigos, participaram no almoço convívio promovido no sábado por uma comissão organizadora, da qual se destacaram dois titãs, neste caso, Armindo Neves, de Góis, e Manuel Gomes, de Santo Tirso. Os ex-combatentes vieram de vários locais, nomeadamente do Porto, Lisboa, Serpins, Lousã, Oliveira do Hospital, São Romão, Rio de Moinhos, entre outros, para assistir ainda a uma tarde musical que contou com a actuação dos “Bota Vinho” das Secarias. Refira-se que no final do convívio foi oferecido aos presentes um boné “lembrando que estiveram no Ultramar”.
Em declarações ao RCA NOTICIAS, Armindo Neves, um dos organizadores desta iniciativa, explicou que este almoço surgiu com a ideia de “passados 30/40 anos juntarmos ex-combatentes que já não se encontravam há muito tempo”, fazendo a divulgação através da Internet e de notícias veiculadas nos jornais locais e no Rádio Clube de Arganil. “Descobrimos inclusivamente alguns prisioneiros na Índia, não sabia que no concelho de Góis havia três prisioneiros”, realçou, contando que muitos dos combatentes “têm bastantes problemas por causa da tropa”.
Tendo ido também para Moçambique entre 1971 e 1974, Armindo Neves acrescentou que esteve “isolado no mato” e “ninguém nos perguntou se queríamos ir”. Considerando que os ex-combatentes “estão muito esquecidos”, o organizador revelou que um dos objectivos destes convívios passa por alertar os governantes para a necessidade de apoiar os antigos combatentes, contestando o facto do Governo ter decidido não atribuir uma quantia superior a 150 euros como “acrescento na reforma”. “Quem esteve no Ultramar e teve de deixar os seus empregos e famílias era merecedor de uma reforma porque estas pessoas têm stress de guerra”, reforçou.
Nesta ocasião, Armindo Neves referiu que este convívio poderá funcionar como “um pontapé de saída para que este movimento se levante”, revelando ao RCA NOTICIAS que os ex-combatentes gostariam de recordar aos governantes que “ajudámos a construir Portugal e por isso queremos ser mais respeitados”. Quanto ao facto de tentarem com este almoço aproximar “aqueles amigos que habitualmente não participam nestes convívios”, Armindo Neves salientou que “tenho aqui um amigo que já não via há 30 e tal anos e é importante repescar estes elementos”.
“O dia de hoje é para conviver, cantar e dançar, e esquecer as mazelas do passado”, esclareceu, lembrando que no concelho de Góis decorrem várias iniciativas deste género, assim como nos concelhos limítrofes, estando já agendado para o próximo dia 5 de Outubro um encontro dos combatentes em Midões, concelho de Tábua. Para além disso, de acordo com o ex-combatente, recentemente realizou-se também um convívio em Mangualde, onde também esteve presente, começando estes convívios por uma “concentração de grupos pequenos que vão formando grandes grupos”.
Questionado acerca da possibilidade de vir a organizar o segundo convívio de ex-combatentes, Armindo Neves garantiu que “pretendemos realizar na vila de Góis ou noutro local, para o ano podemos estar no Norte ou noutra zona”, afirmou, destacando que os próprios elementos da organização são de várias localidades. “Defendemos a nossa bandeira e hoje em dia queremos que também nos respeitem”, alegou, fazendo votos para que os antigos combatentes “se possam encontrar mais vezes”.
in www.rcarganil.com

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não são só os políticos da Assembleia da República que nos esquecem e até nos enxovalham.( veja-se a cedência GRATUITA de material de guerra e de rádio comunicações á Guiné ).Tantos bombeiros , carros das autarquias , dos lares, escuteiros ,etc sem comunicações alternativas e eles a darem estes rádios e outro material em vez de o venderem. Os políticos a nivel local também se esquecem de nós, embora nos deem pancadinhas nas costas e tudo em nome de uma pretensa democracia. É necessário que nos respeitem e que respeitem os que lá tombaram feridos por balas de assassinos a soldo da ex- URSS e também de certa corrente dos USA. Não fomos nós que começamos a guerra e lembro-me de uma frase muito escutada em 1976 em Maputo: "XI PATRÃO. INDEPENDÊNCIA NUNCA MAIS ACABA? TEMOS FOME! BRANCO NUNCA MAIS VOLTA?

02 outubro, 2008 12:15  

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