quarta-feira, 28 de maio de 2008

Feira de Emprego de Góis orienta jovens numa zona desertificada

A desertificação e a falta de oportunidades de emprego para os jovens nos concelhos da Beira Serra, no interior do distrito de Coimbra, levou a autarquia de Góis a promover hoje a I Feira de Formação e Emprego.

A iniciativa, realizada em parceria com a Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra, no âmbito do projecto "Escolhas de Futuro" pretende, segundo José Girão Vitorino, presidente da Câmara de Góis, "promover um encontro com os alunos para mostrar as várias saídas profissionais", ajudando-os a decidir o seu futuro e aconselhando-os para as áreas com "melhores perspectivas".

Esperançado num futuro melhor para o concelho, o autarca socialista salientou que existem saídas garantidas ao nível da hotelaria e em áreas ligadas à terceira idade, onde prevê a construção de lares que vão empregar muitas pessoas, sobretudo mulheres.

"Como a variante entre o IC6 e o IC3 vai passar junto à vila de Góis, tenho esperança de que vamos dar um grande salto no desenvolvimento do concelho", frisou à Agência Lusa, convicto de que os cursos profissionais são uma aposta de futuro para os jovens conseguirem emprego.

Para a coordenadora do projecto "Escolhas de Futuro", Liliana Temprilho, da Adiber, a Feira de Formação e Emprego tem como objectivos a "inclusão escolar e comunitária, qualificação pessoal e empregabilidade e participação cívica dos jovens e organizações".

"Esta iniciativa é para os jovens procurarem as ofertas formativas da região e aprenderem técnicas de procura de emprego, para além de testarem a sua vocação profissional", adiantou a coordenadora.

Nos cinco concelhos abrangidos pelo Centro de Emprego e Formação Profissional de Arganil - Góis, Pampilhosa da Serra, Arganil, Tábua e Oliveira do Hospital - estão inscritos 1.600 desempregados, revelou o director Paulo Teles Marques.

Este responsável adiantou à Agência Lusa que a maioria dos desempregados são mulheres com baixas habilitações literárias e profissionais, salientando que 40 por cento da população daqueles municípios se encontra acima dos 50 anos.

"A pouca oferta de oportunidades de emprego está directamente relacionada com a falta de investimentos e o encerramento de fábricas de confecções, devido à crise nacional e internacional no sector", disse Paulo Teles Marques.

A feira, segundo o director do Centro, vai no sentido de divulgar a oferta formativa para os jovens que concluem o 9.º ano, nomeadamente para a possibilidade de ingressarem em cursos profissionais de dupla certificação, que conferem uma habilitação escolar e competências técnicas numa área.

A propósito da desertificação dos concelhos da Beira Serra, o presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, José Brito, responsabilizou os sucessivos Governos por falta de investimento no interior.

"A culpa é dos Governos que não investem nem criam as condições para isso. Nesta zona, por exemplo, falta uma boa acessibilidade que atravesse toda a zona do Pinhal Interior", lamentou o autarca social-democrata.

"O Governo não tem sensibilidade para dar incentivos ao investimento em zonas deprimidas. Não é com uma redução de 5 ou 10 por cento no IRC que se incentivam as empresas, é com 50 ou 60 por cento", acrescentou, defendendo que, "para grandes males, grandes remédios".

Segundo José Brito, as pessoas em idade activa fogem por falta de oportunidades, tornando o concelho "desertificado e envelhecido", quando existem excelentes condições para potenciar o desenvolvimento do interior, através do turismo, da gastronomia e das paisagens.

"É fundamental travar o processo de desertificação e para isso o poder central tem de investir onde não há votos", insistiu o autarca, alertando para a existência, "hoje mais do que nunca, de uma pobreza muito acentuada".
Lusa

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