segunda-feira, 28 de abril de 2008

25 de Abril de 1974 evocado em Góis

“O país que conhecemos hoje é um país diferente daquele que habitávamos até 1974”, começou por referir o presidente da Câmara Municipal de Góis, durante a cerimónia comemorativa do 34º aniversário do 25 de Abril que decorreu na sexta-feira, no auditório da Biblioteca Municipal de Góis. Nesta sessão, que contou com a presença do presidente da Assembleia Municipal de Góis, representantes dos grupos parlamentares do PS e do PSD, presidentes das juntas de freguesia, entre outras entidades locais, recordou-se um pouco da história, enaltecendo-se as mudanças operadas em Portugal desde a Revolução dos Cravos.
Refira-se que estas comemorações tiveram início, como é habitual, com o hastear das bandeiras da Câmara Municipal de Góis, de Portugal e da Comunidade Europeia, nos Paços do Concelho, onde estiveram presentes o corpo dos Bombeiros Voluntários de Góis e a Filarmónica da Associação Educativa e Recreativa de Góis que, por sua vez, fez uma arruada nesta vila. Coube ao presidente da Câmara abrir a sessão comemorativa, enaltecendo que as mudanças que se verificaram com o 25 de Abril “ocorreram em primeiro lugar em nome de Portugal e a favor das pessoas”, afirmando-se como “a necessidade de se viver democraticamente, com o respeito pela pluralidade de opiniões e com a valorização do sufrágio universal como forma de escolher os melhores representantes do país”.
Esclarecendo que o que se pretendia era “alcançar a desejada estabilidade política”, José Girão Vitorino considerou, no entanto, que “muitas mudanças foram implementadas mas nem todas foram produtivas porque no momento certo não se iniciaram”. O autarca recordou a adesão de Portugal à CEE, salientando ainda o desenvolvimento das regiões e o papel das autarquias. “O papel das autarquias foi e é crucial em Portugal, tanto na defesa das populações, como na construção do seu futuro”, alegou, explicando que os fundos comunitários “permitiram uma substancial melhoria das condições de vida de todos”.
“O poder local foi o garante efectivo do desenvolvimento das populações”, afirmou o presidente da autarquia goiense, lamentando apenas o facto da descentralização não ter avançado “mais cedo e mais depressa”, uma vez que “muitas medidas tardias tomadas evitariam que as regiões mais afastadas dos centros de decisão tivessem sido sangradas com o êxodo rural que foi desertificando regiões como a nossa”. No entanto, segundo Girão Vitorino, as populações migrantes continuam a reconhecer o papel “importante” da sua terra, existindo ainda várias associações de melhoramentos no concelho, o que “espelha a vitalidade” das populações que aí residem.
Para o edil, a principal vertente do 25 de Abril foi a “a participação cívica das populações na tomada de decisão das suas terras”. Quanto ao futuro, “o Governo Central está finalmente a olhar para uma região e para Góis ao sermos contemplados com uma nova via de acesso que nos ligará às grandes auto-estradas do desenvolvimento”, frisou, reforçando que “é importante percorrer novos caminhos que visem envolver conscientemente todos os cidadãos, preparando as novas gerações para garantir a continuidade do nosso regime democrático”.
Também Jaime Garcia, em representação do Grupo Municipal do PS, fez referência às diferenças de Portugal antes do 25 de Abril de 1974, caracterizando-o enquanto um país “muito dependente de uma agricultura pouco desenvolvida, um país onde o analfabetismo era excessivo e um país onde os jovens saíam cedo das suas aldeias para combater nas antigas colónias ultramarinas”. Enaltecendo a existência da censura prévia na actividade política e na informação e nas formas de expressão cultural, Jaime Garcia realçou que o 25 de Abril criou um país “onde a liberdade, solidariedade, tolerância e democracia não fossem meras palavras”. Contudo, o representante do PS lamentou o facto de ainda nos dias de hoje a liberdade não ser sinónimo de “solidariedade, igualdade de direitos e oportunidades”.
Já do Grupo Municipal do PSD, José Manuel Bandeira declarou que, apesar de terem passado mais de três décadas do 25 de Abril, “estamos numa situação de justiça social e de distribuição de riqueza que não nos orgulha em nada”, já que “Portugal é o país da Europa onde é maior a desigualdade entre ricos e pobres e cada vez se agrava mais o fosso existente”. “A classe média já quase não existe, está mesmo em vias de extinção”, advogou, acrescentando que o “25 de Abril acabou com os grandes impérios que existiam à data mas entretanto apareceram outros, quiçá mais exploradores”.
O presidente da Assembleia Municipal de Góis encerrou esta cerimónia recordando também que em 25 de Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas “derrubou o regime de ditadura que durante 48 anos oprimiu o povo português”, terminando “a repressão” que deu lugar à liberdade e à democracia. Relativamente a Góis, José Carvalho afirmou que “havia quem fosse perseguido por querer o melhor para os seus conterrâneos, por tudo dar de si próprio, sem nada pedir em troca”, dando como exemplo “um grande homem chamado Monsenhor António Duarte de Almeida”, oriundo do Colmeal. Homenageando “todos aqueles que, vivos ou já falecidos, nunca se conformaram com a situação que então se vivia”, o presidente da Assembleia Municipal alegou que as palavras proferidas por Monsenhor António de Almeida, aquando da votação para a Comissão Administrativa da Câmara Municipal do concelho de Góis, em plenário realizado na vila, representam “uma lição para todos nós políticos, devendo-nos questionar se conseguimos cumprir os ideias de quem protagonizou o 25 de Abril”.
Refira-se que as comemorações do 25 de Abril culminaram com um espectáculo musical “Cantar Abril” pelo Grupo Alma Lusa, no auditório da Biblioteca Municipal de Góis.
in www.rcarganil.com

Etiquetas:

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Diferente é verdade : tem mais tachistas nas câmaras.

28 abril, 2008 17:59  
Anonymous Anónimo said...

Sempre o mesmo "chavão" dos jovens a combater nas antigas colónias ultramarinas. E hoje por que combatem e onde combatem? Também é nas colónias? O Jose Manuel Bandeira é que colocou o dedo na ferida e disse verdades; os outros disseram apenas LOAS de frases feitas e já muito gastas

29 abril, 2008 19:14  

Enviar um comentário

<< Home