domingo, 21 de outubro de 2007

Histórias de catraios


Fotografia de Raul Lourenço


“Ao chegar depois à ribeira, sem esperar por ninguém, despiu-se, desnuou-se, e nadou desajeitadamente, meio aturdido pelo choque térmico e pelo mergulho de chapa. Os outros chegaram e nadaram também, todos nus, só depois se lembrando, cá fora, de que não tinham nada a que se limpar. Olhavam em volta com um nervoso tremeliquento que a molha não desculpava por inteiro, e António chamou-lhes caguinchas, firmado numa autoridade natural mais vasta do que a de ser o melhor aluno e o habitual mentor destas jornadas extra, enquanto tentava enrolar o tabaco na mortalha que as mãos húmidas ensopavam como o vira fazer ao pai.”

[«Histórias da Beira» no Poço da Ovelheira; Mega; 25-03-2005]
in http://olhares.aeiou.pt

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