O quarto livro de Ana Filomena Amaral - Góis, palco de um romance
A poetisa Cecília Melo e Castro apresentou sábado, no auditório da Biblioteca Municipal da Lousã, o último livro de Ana Filomena Amaral, “A Coroa de Góis”, entrando na própria narrativa, sentindo-se uma personagem das histórias da autora
Uma apresentação, em texto poético, que calou toda a plateia, fazendo-a girar em torno das palavras e imagens que usou para ilustrar os seus sentimentos face à escritora e à obra.
Mulher vinda de longe, que ficou indecisa nas estradas portuguesas sem saber por onde seguir devido à má sinalização, chegou com uma hora de atraso e com muito para dizer. Cativou a assistência logo que falou do “mundo dos afectos”, onde Ana Filomena Amaral teria naturalmente lugar. Um universo de sensações que, em seu entender, deve ser estimulado para que não se entre no “buraco” para o qual o mundo caminha.
“Fiquei fascinada pelo livro que a Filomena me enviou. Pelas personagens, pelas angústias, ansiedades, paixões. Percorri os lugares que ela visitou, estando entre o real e o imaginário”, manifestou a poetisa, tratando Ana Filomena Amaral como sua amiga, a quem não dispensa enviar um postal em todos os natais.
“É preciso ver mais, ouvir mais, sentir mais”, enfatizou durante o seu discurso, afirmando que “cinestesicamente, o ser humano pode ver e escrever sobre tudo o que quiser”.
A folha em branco que, muitas vezes, assusta quem quer escrever e não consegue não constitui problema para a autora de “A Coroa de Góis”. Segundo Cecília Melo e Castro, “a Filomena não tem medo dessa folha em branco e consegue preencher todos os seus espaços”, concluiu.
Todas estas palavras foram relevantes para a escritora. “Estes momentos são muito emotivos, intensos e reveladores. Ouvir o que alguém tem a dizer sobre o que eu escrevi é sempre uma grande lição, porque as palavras são sempre insuspeitas e inimagináveis”, disse Ana Filomena Amaral, que pretendeu com o livro prestar uma homenagem a Góis, onde trabalhou durante alguns anos, e “tributar a arte da natureza, através da arte da palavra”. Ainda no campo das homenagens, a obra é também um meio de lembrar Alice Sande. “Provavelmente a última miniaturista que o país conheceu. Trabalhar com lâminas de marfim muito fininhas não é fácil, como também não é fácil hoje encontrar esta matéria-prima”, referiu ainda a escritora.
A apresentação pautou-se pela beleza de todas as intervenções. Fátima Cabral, em representação da MinervaCoimbra, que editou o livro, referiu-se à autora como uma mulher de acção. “Ela é muito ‘de fazer’”, disse. Um fazer que já resultou em quatro livros. Duas edições de autor, “Uma porta abria-se a fogo” e “O segredo do cavalo marinho”, seguidas de “A Casa da Sorte”, da editora Pé de Página e agora surge “A Coroa de Góis”, da MinervaCoimbra, à venda a nível nacional.
Maria João Borges
in Trevim, de 19/10/2007
Uma apresentação, em texto poético, que calou toda a plateia, fazendo-a girar em torno das palavras e imagens que usou para ilustrar os seus sentimentos face à escritora e à obra.
Mulher vinda de longe, que ficou indecisa nas estradas portuguesas sem saber por onde seguir devido à má sinalização, chegou com uma hora de atraso e com muito para dizer. Cativou a assistência logo que falou do “mundo dos afectos”, onde Ana Filomena Amaral teria naturalmente lugar. Um universo de sensações que, em seu entender, deve ser estimulado para que não se entre no “buraco” para o qual o mundo caminha.
“Fiquei fascinada pelo livro que a Filomena me enviou. Pelas personagens, pelas angústias, ansiedades, paixões. Percorri os lugares que ela visitou, estando entre o real e o imaginário”, manifestou a poetisa, tratando Ana Filomena Amaral como sua amiga, a quem não dispensa enviar um postal em todos os natais.
“É preciso ver mais, ouvir mais, sentir mais”, enfatizou durante o seu discurso, afirmando que “cinestesicamente, o ser humano pode ver e escrever sobre tudo o que quiser”.
A folha em branco que, muitas vezes, assusta quem quer escrever e não consegue não constitui problema para a autora de “A Coroa de Góis”. Segundo Cecília Melo e Castro, “a Filomena não tem medo dessa folha em branco e consegue preencher todos os seus espaços”, concluiu.
Todas estas palavras foram relevantes para a escritora. “Estes momentos são muito emotivos, intensos e reveladores. Ouvir o que alguém tem a dizer sobre o que eu escrevi é sempre uma grande lição, porque as palavras são sempre insuspeitas e inimagináveis”, disse Ana Filomena Amaral, que pretendeu com o livro prestar uma homenagem a Góis, onde trabalhou durante alguns anos, e “tributar a arte da natureza, através da arte da palavra”. Ainda no campo das homenagens, a obra é também um meio de lembrar Alice Sande. “Provavelmente a última miniaturista que o país conheceu. Trabalhar com lâminas de marfim muito fininhas não é fácil, como também não é fácil hoje encontrar esta matéria-prima”, referiu ainda a escritora.
A apresentação pautou-se pela beleza de todas as intervenções. Fátima Cabral, em representação da MinervaCoimbra, que editou o livro, referiu-se à autora como uma mulher de acção. “Ela é muito ‘de fazer’”, disse. Um fazer que já resultou em quatro livros. Duas edições de autor, “Uma porta abria-se a fogo” e “O segredo do cavalo marinho”, seguidas de “A Casa da Sorte”, da editora Pé de Página e agora surge “A Coroa de Góis”, da MinervaCoimbra, à venda a nível nacional.
Maria João Borges
in Trevim, de 19/10/2007
Etiquetas: livro
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