Praia Fluvial de Alvares

Desde que a memória começou a registar factos, temos presente o aproveitamento da ribeira do Sinhel na quadra estival, originando o represamento do seu caudal, de que resulta cerca de duzentos metros em extensão de água, propícia a refrescantes banhocas. Nos primórdios, em meados do século transacto, era encargo da modormia de S. Mateus de cada ano fazer e custear obragens para o efeito.
Depois, em 1982, a Comissão de Melhoramentos de Alvares deliberou efectuar algo mais consentâneo à circunstância, rebocando os muros limítrofes e construindo estruturas onde encaixassem os tabuões para reter a torrente. Para isso (segundo elucidação nessa altura feita), "apenas contribuíram os alvarenses, já que foi ideia comum de só a estes solicitar auxílio financeiro"; igualmente que "o então presidente da Câmara concelhia não consumou as promessas assumidas em colaborar, argumentando indisponibilidade financeira".
A inauguração (simbólica) aconteceu em 21 de Agosto (embora dias antes fosse iniciado o funcionamento da represa) de novo transcrevendo o que foi publicado na imprensa arganilense, "...constitui notório atractivo para a nossa terra, porquanto, nesta época de veraneio, ali se reúne diariamente elevado número de banhistas, não só da povoação; mas, principalmente, de localidades vizinhas e até de fora da freguesia - estes e aqueles com grande prazer nosso, diga-se de passagem, por lhes proporcionamos tão apetecível recreação".
Ora, sendo Alvares pioneiro naquele género de componentes causava estranheza e suscitava interrogações, entretanto, outras localidades serem beneficiadas com praias fluviais (algumas delas fazendo jus a bandeira azul e quejandas distinções) enquanto a nossa permanecia muitos anos a "marcar passo" (ou quase).
Mas, enfim, ao que informaram períodicos regionais, estão em curso trabalhos que vão complementar os iniciados no ano passado, pelo que existe natural expectativa no conseguimento da vetusta aspiração.
Oxalá não haja outros "compassos de espera"...
M.B.D.
in Jornal de Arganil, de 18/10/2007