quinta-feira, 15 de março de 2007

Cheira o silêncio
De olhos vendados
E os gritos de cor
Em mim tacteados

Sabe-me grãos de sal
Que o corpo me escorre
Bebe-me beijos ao sol
Come-me a sede que morre

Solta-te odores de sexo
Em campos de trigo maduro
Descobre-me corpo pudor
Suga tudo o que murmuro

E beija-me outra e outra vez
Faz-me vir ao mundo dos sentidos
Solta-me todos os suspiros
Que negados tenho escondidos

Atira-me ao lago de teus braços
Deixa-me nadar nos teus mares
Afoga-me gritos de solidao
Deseja-me como desejares

Quando nossos olhos desvendares
Veremos dois seres sem pudor
Presos no cansaço da ceara
Em soltos rios do feito amor

E ofegando tremuras de prazer
O silêncio em gemidos esgotado
Não terá mais espaço entre nós
No som d'último beijo quebrado

Abílio Bandeira Cardoso

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