quarta-feira, 14 de março de 2007

A noite está mais escura e mais fria
Meus olhos só prolongam essa escuridão
Não há palavras acesas, lenha d'agonia,
Das lareiras que o tempo queima em vão

Só cinzas desconstroem o castelo que via
Da torre de menagem dum forte d'algodão
Que também ficou negro à luz negra do dia
Ardendo em negras chamas de meu coração.

Horas negras que oro, catedral de solidão,
A um cristo negro pregado numa cruz vazia
Em que as minhas chagas gemem na melodia

Melodia de coros negros de que sou refrão
Ecoado na nave de silêncio onde és trovão.
Como é escura a noite... como é negro o dia!

Abílio Bandeira Cardoso

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