Que sociedade é esta?
Quem sonhou e acreditou na possibilidade de se atingir brevemente uma sociedade mais justa e solidária, certamente que hoje sentir-se-á não só frustrado, como ainda bastante desiludido com essa utopia. É verdade que algum caminho já foi percorrido, vários patamares de exigência já foram ultrapassados, os bens de primeira necessidade abundam por todo o lado e os níveis de aprendizagem são hoje indicados como prioritários no caminho do saber.
Porém, nem tudo assim é, esta "frente de batalha" tem alguns graves pontos negros e não se vislumbra nenhuma tendência para os colmatar. Daí se levantarem várias questões: Será que tudo acima apontado está ao alcance de todos nós? Será que toda esta abundância bate à porta de todos os lares? Será que o caminho do saber está aberto para todos os jovens, mesmo aos de condição económica mais débil? Será que todos nós já atingimos o acesso a um tecto digno?
Não cremos e julgamos que estamos muito longe de alcançar todos estes patamares. Não é preciso ser adivinho para chegar a esta conclusão, basta ter presente o quase meio milhão de desempregados que por aí vai. Acresce ainda que tudo isto são problemas sérios, os quais nos levam a questionar se estaremos no bom caminho para alcançar essa sociedade justa e solidária, fazendo-nos encarar o dia de Natal sem angústia e constrangimento.
Se observarmos bem os indicadores sociais dos grandes centros urbanos, concluímos que eles próprios são os grandes geradores da exclusão social: é dentro deles que encontramos o maior número dos sem abrigo; a maior e mais degradante faixa de toxicodependência; o mais aflitivo e confrangedor número de "bairros de lata". Tudo isto em contraste com o afrontamento dos bairros de luxo e dos portentosos carros, topo de gama, que de lá saem.
Lidamos muito mal com esta desigualdade social, tanto mais que sabemos de antemão, que não é com uma moeda que se dá a um sem abrigo que vamos ajudar a resolver este grave problema, nem com uma "boa acção" a alguém que, por perto, nos faz sentir incomodados. Embora saibamos que as brigadas de "vida e Paz", numa acção meritória por toda a Lisboa, distribuem comida e agasalhos às tantas da noite, para aliviar o sofrimento dos sem abrigo. Mas isto é apenas uma gota de água que vem da sociedade civil. E por aqui nos ficamos.
Deste modo, somos obrigados a esbarrar com os mecanismos (políticos) desta sociedade que, por melhores esforços que façam os seus governantes, é ela própria geradora destas desigualdades (?). Só assim se pode compreender este paradoxo existente que, quanto maior é a produção nacional, quanto maior for a riqueza per capita, mais se alastra o fosso de desigualdades entre as classes sociais. O que nos leva a concluir que a riqueza nacional está concentrada em meia dúzia de famílias e daí que, a média de riqueza nacional, ser apenas um exercício matemático sem centelha consistente.
Tudo isto nos transporta a uma inevitável comparação com a sociedade da nossa região onde os níveis de qualidade de vida são bem modestos, os consumos de bens mais moderados e os sinais exteriores de riqueza menos exuberantes; no entanto e curiosamente não tem, nem se conhecem chagas humanas desta natureza que a todos nos envergonham, enquanto cidadãos de corpo inteiro.
Adriano Pacheco
in O Varzeense, de 15/01/2007
Porém, nem tudo assim é, esta "frente de batalha" tem alguns graves pontos negros e não se vislumbra nenhuma tendência para os colmatar. Daí se levantarem várias questões: Será que tudo acima apontado está ao alcance de todos nós? Será que toda esta abundância bate à porta de todos os lares? Será que o caminho do saber está aberto para todos os jovens, mesmo aos de condição económica mais débil? Será que todos nós já atingimos o acesso a um tecto digno?
Não cremos e julgamos que estamos muito longe de alcançar todos estes patamares. Não é preciso ser adivinho para chegar a esta conclusão, basta ter presente o quase meio milhão de desempregados que por aí vai. Acresce ainda que tudo isto são problemas sérios, os quais nos levam a questionar se estaremos no bom caminho para alcançar essa sociedade justa e solidária, fazendo-nos encarar o dia de Natal sem angústia e constrangimento.
Se observarmos bem os indicadores sociais dos grandes centros urbanos, concluímos que eles próprios são os grandes geradores da exclusão social: é dentro deles que encontramos o maior número dos sem abrigo; a maior e mais degradante faixa de toxicodependência; o mais aflitivo e confrangedor número de "bairros de lata". Tudo isto em contraste com o afrontamento dos bairros de luxo e dos portentosos carros, topo de gama, que de lá saem.
Lidamos muito mal com esta desigualdade social, tanto mais que sabemos de antemão, que não é com uma moeda que se dá a um sem abrigo que vamos ajudar a resolver este grave problema, nem com uma "boa acção" a alguém que, por perto, nos faz sentir incomodados. Embora saibamos que as brigadas de "vida e Paz", numa acção meritória por toda a Lisboa, distribuem comida e agasalhos às tantas da noite, para aliviar o sofrimento dos sem abrigo. Mas isto é apenas uma gota de água que vem da sociedade civil. E por aqui nos ficamos.
Deste modo, somos obrigados a esbarrar com os mecanismos (políticos) desta sociedade que, por melhores esforços que façam os seus governantes, é ela própria geradora destas desigualdades (?). Só assim se pode compreender este paradoxo existente que, quanto maior é a produção nacional, quanto maior for a riqueza per capita, mais se alastra o fosso de desigualdades entre as classes sociais. O que nos leva a concluir que a riqueza nacional está concentrada em meia dúzia de famílias e daí que, a média de riqueza nacional, ser apenas um exercício matemático sem centelha consistente.
Tudo isto nos transporta a uma inevitável comparação com a sociedade da nossa região onde os níveis de qualidade de vida são bem modestos, os consumos de bens mais moderados e os sinais exteriores de riqueza menos exuberantes; no entanto e curiosamente não tem, nem se conhecem chagas humanas desta natureza que a todos nos envergonham, enquanto cidadãos de corpo inteiro.
Adriano Pacheco
in O Varzeense, de 15/01/2007
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