quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Nostalgia, de Abílio Bandeira Cardoso

Repouso, breve, nos braços da solidão
Escuto, atento, toda voz da amargura
Que, embargada, vai soltando com doçura
Toda a sabedoria que lhe dita o coração

Acordo, só, esmagado pela imensidão
Da ausência de alguém que traga a cura
Para tamanho nada que em nada murmura
Num tom grave que dói de pena na mão

Adormeço e acordo sempre na esperança
Que num acordar ou num adormecer sorria
Aquele sorriso ausente que, amando, se envia

Acordo e adormeço preso nessa lembrança
De qualquer gargalhada que dei em criança
Criança que apenas tinha esse riso que ouvia

Abílio Bandeira Cardoso