sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

"A Entrega", de Abílio Bandeira Cardoso

Hoje não vou chorar, vou deixar-me morrer
Deixar-me morrer por volta das seis da tarde
No ocaso, momento em que já nem o sol arde
Embrenhar-me-ei na penumbra sem temer

Vou deixar-me morrer sem grande alarde
Deixando, no horizonte, o sol descer
Sozinho, também ele, parará de arder
Na esperança que, o fim, nada retarde

Às seis em ponto vou deixar-me
Sair de mim, sem qualquer Adeus
Às seis da tarde... não vou tardar-me...

Olharei apenas o azul mais azul dos céus
De teu sorriso sequer vou lembrar-me
Às seis, guiado por anjos, ... entregue a Deus

Abílio Bandeira Cardoso