quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Leitura e Arte no Colmeal

No Colmeal, a União Progressiva deu o primeiro passo para a instalação de um espaço dedicado à Arte. Foi no passado dia 10 de Dezembro que o acontecimento se concretizou, depois de muita luta e empenho da direcção da colectividade, tendo no seu presidente, dr. António Domingos Santos, um grande entusiasta.
Após a inauguração da Biblioteca da União, Domingos Santos, dirigindo-se à assistência que enchia por completo o andar superior do Centro Paroquial Padre Anselmo, deu a conhecer a próxima iniciativa - a criação de um espaço onde os associados e os amigos do Colmeal poderão expor as suas obras. Pintura, desenho, gravura, escultura, artesanato ou outra qualquer expressão artística virá a beneficiar de um espaço próprio onde os colmealenses e os que visitam o Colmeal poderão apreciar.
Neste espaço de reflexão o presidente da União recordou os saudosos Fernando Costa e Ilda Reis, que foram grandes nomes e referências em pintura Naif e em Gravura, «mas de quem contamos ter brevemente uma obra sua neste nosso espaço».
Acentuaria ainda Domingos Santos que, «certamente outros associados, em diferentes domínios, como escultura, aguarela ou construção em xisto, virão a figurar neste espaço que pretendemos disponibilizar aos colmealenses e a quem nos visitar». E porque «o primeiro passo, e até a mais longa das viagens começa com um primeiro passo, foi dado com um quadro a óleo oferecido por um associado à União».
De entre a assistência foi chamado o seu autor, o sócio Mário Mendes Domingos, recentemente agraciado com uma placa comemorativa dos 75 anos da colectividade, que completamente apanhado de surpresa e muito emocionado subiu ao palco.
A comoção embargou-lhe a voz e as lágrimas toldaram-lhe os olhos. Recordava-se daquele quadro, que considerou sem nenhum valor para ali ficar exposto e de o ter oferecido «aos seus segundos pais que tanto o acarinharam em Lisboa», já lá vãp há quase cinquenta anos.
Sendo-lhe tributada uma prolongada e calorosa salva de palmas e ao agradecer aquela surpresa que a União lhe proporcionara, aproveitou para referir os benefícios da leitura e aconselhar os presentes a ler um dos livros que a vice-presidente da Câmara de Góis Maria Helena Moniz acabara de oferecer à colectividade e que considerava extraordinário.
Como referiu ainda o presidente da União, «podemos assegurar que a ideia de instalar a biblioteca ultrapassou de longe os nossos objectivos», pois, sem terem pedido quaisquer livros a editoras, apenas o fazendo aos sócios e amigos, «enchemos seis estantes, como pode ser confirmado nas fotografias».
E esta disponibilidade das pessoas reflectiu-se de tal forma, que há dezenas de caixas repletas de livros à espera de mais instantes, que alguns sócios irão oferecer.
O dr. António Santos era um cidadão satisfeito por mais um dever cumprido, tanto mais sentindo que a iniciativa teve efeitos concretos e positivos, dado que as pessoas «a quem íamos falando do assunto, nos felicitavam e nos ofereciam livros».
A distribuição de brinquedos, muito aguardada pelos mais pequenos, foi «abrilhantada» pelo cantar dos parabéns ao jovem Vasco, do Sobral, que fazia dois anos. Sem dúvida, que a satisfação era bem visível na cara da pequenada.
A culminar a festa, o lanche oferecido pela União teve a particularidade, mais uma vez, de ter os doces oferecidos e confeccionados pelas senhoras do Colmeal, para as quais foram deixados agradecimentos, extensivos também às senhoras do Centro de Dia, que foram incansáveis a tornar possível esta realização.
Não havendo placas para descerrar, como disse o presidente da União, houve no entanto palavras de exaltação para com as iniciativas firmadas; e essas palavras, para além das que pronunciou o presidente da colectividade, foram ouvidas a da vice-presidente da Câmara, Maria Helena Moniz, que manifestou regozijo por estar a viver com os colmealenses mais um grande momento para a comunidade, e estava certa que o dia 10 de Dezembro 2006 ficará marcado na história do Colmeal, «pela mão da sua União Progressiva», já que, «inaugurar uma biblioteca é um significativo momento cultural, pois todos sabemos e reconhecemos que, apesar de nos encontrarmos na era da inovação da comunicação e das novas tecnologias, o livro foi, é e continuará a ser um veículo de cultura». Relevando que «um livro pode ser um grande amigo para as longas horas de solidão, um conselheiro sempre ao alcance da mão, que nos leva a viajar por horizontes longínquos e fazer-nos sonhar», disse que por tudo isto «vale a pena incentivar todos ao gosto pela leitura, jovens e menos jovens»: e fazendo notar que se está no bom caminho, entende que «o desenvolvimento de uma região passará, sem dúvida alguma, pelo enriquecimento cultural da população». Deixou os parabéns à comunidade da Freguesia do Colmeal, mui justamente felicitou a União Progressiva, não só por esta iniciativa, «mas por tantas outras que, ao longo dos seus 75 anos de existência, conseguiram levar a cabo com tanto êxito». E a concluir a sua intervenção, a vereadora da Cultura deixou para a biblioteca alguns livros editados ou apoiados pela Câmara Municipal de Góis.
Acresce que o dia literário e cultural vivido no Colmeal, foi antecedido pela celebração de uma missa pelo Padre Carlos Cardoso, recordando os sócios falecidos, pois todos eles tiveram, como referiu o dr. António Domingos Santos, um papel importante ao longo destes 75 anos, ajudando ao desenvolvimento das suas terras e a rasgar novos horizontes».
J.V.
in Jornal de Arganil, de 18/01/2007