quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

POR AMOR

ou

"... Posso escrever os versos mais tristes esta noite"

A Pablo de Neruda



Talvez ainda te ame, amor, mas já não te amo
"É tão curto o amor, e é tão longo o esquecimento."
É tão grande a dor quão cruel é o abnegamento
Acordado te nego e, adormecido, te chamo

Já não te quero, amor, mas teu amor reclamo
É tão dura a partida, foi tão belo o sentimento!
É feia e longa a estrada do acobardamento
E é tão breve o iato em que na saudade inflamo

Renuncio! Deixo a porta da verdade aberta
Recuso olhar pra trás para não decidir ficar
Ficarás a olhar-me? Doce expectativa incerta...

E, partindo, nem uma lágrima vou gritar...
Porque seguro de ser a decisão certa...
Ou... silêncio!... Talvez me possas chamar...

Abílio Bandeira Cardoso