sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Nada é nada, de Abílio Bandeira Cardoso

Nada é nada

Procurei teu luar de final de Agosto
Nas invernias dos tempos que desanimo.
Na prata dessas noites o desalento mimo
E assumo a cupidez dos beijos que gosto

Procurei em ti, da vida, todo o mosto
Embriaga-me a alma que ora vindimo
Enche-ma em cestos até ao cimo,
Meu sumo de sumo jamais decomposto

Em flor, corrimões na despedida
Latadas de fruta seca e desbagada
Vindimadora, minha-alma é vindimada

Nos carreiros e socalcos desta vida
Impedi-me a desfolhada arejada
E colhi um cesto cheio de nada...

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