Todos os Santos vão hoje à feira
O feriado de 1 de Novembro é escolhido por muitas famílias para rumarem aos cemitérios. Mas é também oportunidade para retomar a tradição das Feiras dos Santos.Vai já maduro o Outono, ondulando entre dias quentes e noites frescas e húmidas. Se tudo correr bem, hoje não cairá chuva, o que vai ajudar, certamente, a que milhares de pessoas alternem a devoção aos seus finados entes mais queridos com uma romaria que é já uma rotina de primeiro de Novembro: a ida à feira, a uma qualquer das muitas feiras dos Santos que acontecem nas Beiras.Há casos de tradições incontornáveis, como as de Mangualde e de Mação – tal como as de Chaves, lá bem a Norte, e de Alvito, no coração do Alentejo. Há outras feiras que têm séculos de história, em localidades maiores ou menores, apenas designadas de Feira dos Santos ou associadas a evocações ou oragos locais, como são os casos de Santa Quitéria (no concelho de Arganil, aqui ao lado referido) e também do mártir São Sebastião – é o que sucede nas terras vizinhas de Cheira e Chaínho, em Penacova, cujos residentes, todos os anos, no final de Outubro, se juntam numa tradição que continua a ser o que era. Está visto que os cemitérios e os terreiros de feira não são os únicos locais demandados pelos devotos. Há templos que se enchem, em cerimónias religiosas que acabam por incluir, também, a dupla evocação de um ou outro santo, ou mesmo de todos-os-santos e dos fiéis defuntos. Na feira, cada vez mais invadida pelas novas tendências dos mercados semanais da contrafacção, há um traço comum que este feriado revela: os ajuntamentos, de familiares e amigos, para escolher, regatear, preparar e saborear os famosos torresmos e as não menos conhecidas febras (ou fêveras) assadas na brasa. Em paralelo, há sempre jogos tradicionais e uma ou outra incursão por outros gostos culinários rurais. Como estamos em tempo delas, são também rainhas por estas feiras, as castanhas. Há, naturalmente, quem aproveite para fazer negócio, vendendo o mais que pode, mas também quem procure o melhor local para instalar o seu carrinho adaptado ou, apenas, um assador de barro esburacado e aquecido a caruma e lenha miúda. Ora, com uma dúzia de castanhas bem estaladiças embrulhadas em papel de jornal, que melhor do que uma rica pinga. Aqui entra a jeropiga e a água-pé. A primeira mais doce e a “piscar o olho” às mulheres, ao passo que a segunda chega à feira como verdadeiro teste à colheita do ano dos muitos lavradores que ainda resistem e mantêm as vinhas, que lhes vindimam e pisam as uvas e as levam depois ao lagar.
Góis em festa
O Parque de Lazer do Baião, na sempre aprazível e acolhedora vila de Góis, acolhe hoje mais uma Feira dos Santos. O grande objectivo, para além da popular vertente mercantil, é a promoção de produtos endógenos da região, como são os casos do mel, da castanha, da noz, do queijo de cabra, entre outros produtos de origem artesanal. Este certame conta com uma vertente cultural importante, que confere uma animação ímpar ao terreiro da feira. Assim, o programa dá conta da actuação do Rancho Folclórico “As Sachadeiras da Várzea”, que vem da vizinha Vila Nova do Ceira. Paralelamente está também prevista uma componente desportiva com a realização da III edição do Jogo da Malha, que reúne algumas colectividades do concelho de Góis, promovendo assim o encontro entre a população concelhia e seus visitantes. Como não podia deixar de ser, a componente gastronómica também irá estar patente, através do concurso de doces confeccionados com mel, castanha e nozes. A Feira dos Santos conta com a presença de um total de dúzia e meia apicultores, bem como de artesãos concelhios e regionais, instituições locais e feirantes que aproveitam este dia para divulgar as suas actividades e realizarem o seu negócio. Como já vem sendo habitual esta iniciativa culminará com o Tradicional Magusto oferecido pela Câmara Municipal de Góis.
in Diário As Beiras, de 1/11/2006Etiquetas: góis
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