segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Freguesia de Alvares

Situada no extremo sul do concelho - junto da linha de água onde a serra do Sinhel começa a elevar-se na direcção das Pedras do Limiar, para servir de contraforte à cordilheira da Estrela, na vertente sul da região montanhosa e mais próxima dos afamados Penedos de Góis -, dista 25 quilómetros da vila de Góis. Ocupa uma área de 102,7 km2, distribuída pelos lugares de Cortes, Mega Fundeira, Candeia, Cilha Velha, Amioso do Senhor, Amioso Cimeiro, Mireu, Vale do Laço, Estevianas, Varzina, Maga Cimeira, Obrais, Boiça, Amioso Fundeiro, Lomba, Portela do Torgal, Fonte dos Sapos, Corga da Vaca, Alvares, Amiosinho, Relva da Mó, Roda Fundeira, Roda Cimeira, Casal Novo, Amieiros, Cabeçadas, Simantorta, Algares, Telhada, Coalhosa, Foz, Fonte Limpa, Chã de Alvares, Carrasqueira, Caniçal, Madeiros e Vale da Fonte. Em 2001, tinha uma população de 1007 habitantes.
O topónimo Alvares, ao que tudo indica, é o plural do apelativo arcaico "alvar", espécie de carvalho, actualmente designado por alvarinho, sendo então alvares, um lugar abundante em carvalhos, que era o caso na altura da denominação, por volta do século XI ou XII.
O Professor Anselmo dos Santos Ferreira, nas suas Memórias acerca da vila de Alvares, refere: "A origem de Alvares perde-se na noite dos tempos, e ninguém sabe exactamente quando nem por quem foi fundada. Os nossos primeiros reis lhe deram grandes privilégios. Teve foral velho. E, mais tarde, na revisão deste, o nosso rei D. Manuel I dignou-se de conceder-lhe as antigas honras de vila. Foi sede de concelho, desde remota época, até à publicação do decreto de 24 de Outubro de 1855. O concelho era constituído pela freguesia de Alvares e pela de Portela do Fojo - criada em 1795".
Nos princípios do século XX, a freguesia de Alvares fazia parte da província da Beira Baixa, permutando as malas do correio com um estafeteiro da Pampilhosa da Serra, embora pertencesse, como hoje, ao concelho de Góis. A ribeira de Sinhel, "que toma o nome do local onde tem a sua origem, na serra da Lousã - descrevia bucólico, ao tempo, Santos Ferreira -, pertence à bacia hidrográfica do Tejo e banha a vila de Alvares, quase a meio do seu percurso marginado de hortas no fundo vale, que recende à flor da urze e do alecrim, onde cantam lavadeiras em coro com as noras e o rodízio dos moinhos, ao Sol da continuidade salutar das gerações... O impetuoso marulhar das suas águas de fraga em fraga, a caminho do mar e que os seus numerosos diques não conseguem ter, é a milenária e permanente magia daquela encantadora região beiroa! Uma ponte de pedra que tem dois grandes arcos e que, salvo erro, foi construída em 1858." Atravessa a ribeira, "junto ao Soito, num lugar apazível onde vegetam frondosos álamos, à sombra dos quais se diverte a mocidade e descansa o viandante."
Na margem direita do Sinhel, ao cimo da vila, existiu uma importante fábrica de lanifícios, especialmente de burel, movida a energia hidráulica, a qual se manteve desde tempos imemoriais. "Do mesmo lado, a fonte de S. Mateus, de água muito fria e que dizem ser boa para curar hidropisias, abastece moderadamente os diversos fontanários locais."
A Igreja Matriz de Alvares, dedicada a S. Mateus, fica situada no extremo sul da Serra do Sinhel, quase no cimo da povoação. É um edifício modesto que sofreu várias modificações através dos séculos. A porta principal, moldurada nas obreiras e no arco, ostenta a data de 1616 entre desenhos vegetais. No interior destacam-se o retábulo setecentista, do altar-mor e o altar de S. José, pela sua obra de talha, a qual está bem conservada, apesar de ter mais de trezentos anos. Impõe-se também alguma imaginária da época.
"No fundo da vila, próximo da confluência do ribeiro do Caniçal com a ribeira de Sinhel, ergue-se, desde os longínquos dias de antanho, a capela grande, mas simples, em honra do mártir S. Sebastião, a qual foi reedificada em 1804. (...) Um século depois daquela data, em 1904, foi construído um vasto cemitério, sobre o dorso do monte que, modestamente, ostenta o disperso bairro da ladeira. As respectivas obras importaram, naquele tempo, 787$140 réis."
A freguesia de Alvares foi rica em castanheiros, que chegaram a ser seculares, ma suma grande moléstia dizimou-os em poucos anos. Na actualidade, outra espécie vegetal substitui aquela: são os pinheiros que, no seu extenso terreno xistoso, se desenvolvem admiravelmente - fonte da sua maior riqueza.

Feira: Mensal (2.º Domingo de cada mês)

Festas e Romarias: S. Mateus (Agosto), Santa Margarida - Chã de Alvares (Agosto) e S. João Baptista - Cortes (1.º fim de semana de Setembro).

Gastronomia: Bucho à moda de Alvares, chanfana e maranhos.

Roteiro turístico: aconselha-se o circuito com início nos Povorais, junto aos Penedos do Lumiar, local da nascente da ribeira do Sinhel, em direcção à Roda Cimeira, Roda Fundeira, Relva da Mó, Amiosinho e Alvares. Neste passeio, a natureza impõe-se aos olhos dos mais distraídos, quer pela mata luxuriante, quer pelas azenhas, ou ainda pelas cascatas e desfiladeiros até à Fábrica de Lanifícios, tudo isto ao longo da ribeira do Sinhel.
O repouso em Alvares é aconselhável, onde existe uma piscina fluvial com águas retemperadas, fechando o ciclo pela Portela do Vento com a visita à pedra Letreira, monumento megalítico classificado de interesse público pelo Ministério da Cultura.

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