Freguesia de Alvares
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O topónimo Alvares, ao que tudo indica, é o plural do apelativo arcaico "alvar", espécie de carvalho, actualmente designado por alvarinho, sendo então alvares, um lugar abundante em carvalhos, que era o caso na altura da denominação, por volta do século XI ou XII.
O Professor Anselmo dos Santos Ferreira, nas suas Memórias acerca da vila de Alvares, refere: "A origem de Alvares perde-se na noite dos tempos, e ninguém sabe exactamente quando nem por quem foi fundada. Os nossos primeiros reis lhe deram grandes privilégios. Teve foral velho. E, mais tarde, na revisão deste, o nosso rei D. Manuel I dignou-se de conceder-lhe as antigas honras de vila. Foi sede de concelho, desde remota época, até à publicação do decreto de 24 de Outubro de 1855. O concelho era constituído pela freguesia de Alvares e pela de Portela do Fojo - criada em 1795".
Nos princípios do século XX, a freguesia de Alvares fazia parte da província da Beira Baixa, permutando as malas do correio com um estafeteiro da Pampilhosa da Serra, embora pertencesse, como hoje, ao concelho de Góis. A ribeira de Sinhel, "que toma o nome do local onde tem a sua origem, na serra da Lousã - descrevia bucólico, ao tempo, Santos Ferreira -, pertence à bacia hidrográfica do Tejo e banha a vila de Alvares, quase a meio do seu percurso marginado de hortas no fundo vale, que recende à flor da urze e do alecrim, onde cantam lavadeiras em coro com as noras e o rodízio dos moinhos, ao Sol da continuidade salutar das gerações... O impetuoso marulhar das suas águas de fraga em fraga, a caminho do mar e que os seus numerosos diques não conseguem ter, é a milenária e permanente magia daquela encantadora região beiroa! Uma ponte de pedra que tem dois grandes arcos e que, salvo erro, foi construída em 1858." Atravessa a ribeira, "junto ao Soito, num lugar apazível onde vegetam frondosos álamos, à sombra dos quais se diverte a mocidade e descansa o viandante."
Na margem direita do Sinhel, ao cimo da vila, existiu uma importante fábrica de lanifícios, especialmente de burel, movida a energia hidráulica, a qual se manteve desde tempos imemoriais. "Do mesmo lado, a fonte de S. Mateus, de água muito fria e que dizem ser boa para curar hidropisias, abastece moderadamente os diversos fontanários locais."
A Igreja Matriz de Alvares, dedicada a S. Mateus, fica situada no extremo sul da Serra do Sinhel, quase no cimo da povoação. É um edifício modesto que sofreu várias modificações através dos séculos. A porta principal, moldurada nas obreiras e no arco, ostenta a data de 1616 entre desenhos vegetais. No interior destacam-se o retábulo setecentista, do altar-mor e o altar de S. José, pela sua obra de talha, a qual está bem conservada, apesar de ter mais de trezentos anos. Impõe-se também alguma imaginária da época.
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"No fundo da vila, próximo da confluência do ribeiro do Caniçal com a ribeira de Sinhel, ergue-se, desde os longínquos dias de antanho, a capela grande, mas simples, em honra do mártir S. Sebastião, a qual foi reedificada em 1804. (...) Um século depois daquela data, em 1904, foi construído um vasto cemitério, sobre o dorso do monte que, modestamente, ostenta o disperso bairro da ladeira. As respectivas obras importaram, naquele tempo, 787$140 réis."
A freguesia de Alvares foi rica em castanheiros, que chegaram a ser seculares, ma suma grande moléstia dizimou-os em poucos anos. Na actualidade, outra espécie vegetal substitui aquela: são os pinheiros que, no seu extenso terreno xistoso, se desenvolvem admiravelmente - fonte da sua maior riqueza.
Feira: Mensal (2.º Domingo de cada mês)
Festas e Romarias: S. Mateus (Agosto), Santa Margarida - Chã de Alvares (Agosto) e S. João Baptista - Cortes (1.º fim de semana de Setembro).
Gastronomia: Bucho à moda de Alvares, chanfana e maranhos.
Roteiro turístico: aconselha-se o circuito com início nos Povorais, junto aos Penedos do Lumiar, local da nascente da ribeira do Sinhel, em direcção à Roda Cimeira, Roda Fundeira, Relva da Mó, Amiosinho e Alvares. Neste passeio, a natureza impõe-se aos olhos dos mais distraídos, quer pela mata luxuriante, quer pelas azenhas, ou ainda pelas cascatas e desfiladeiros até à Fábrica de Lanifícios, tudo isto ao longo da ribeira do Sinhel.
O repouso em Alvares é aconselhável, onde existe uma piscina fluvial com águas retemperadas, fechando o ciclo pela Portela do Vento com a visita à pedra Letreira, monumento megalítico classificado de interesse público pelo Ministério da Cultura.
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