sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Até quando?, de Abílio Bandeira Cardoso

Até quando o sonho me adormecerá no colo?
E, em sobressalto, acordará em pesadelo?
Até quando o luar terá toda a cor do gelo?
Até quando o luar terá cor de desconhecido?

Todas as promessas partem e rolam no solo
Como contas de sangue dum rosário que velo.
Todos os "agoras" tardam ou no tempo protelo
E em todos os "nunca mais" ainda vivo me imolo

Quem vive na angústia do desistir de amar
Prometendo que o choro é mesmo de enterro
E o som das lágrimas sinos de funeral

Acaba por, só, morrer perdido no mar
E na espuma das ondas descobrir o erro.
E o azul do mar saber-lhe a sal...

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