domingo, 29 de outubro de 2006

Senta-te, vem sentar-te a meu lado
Ouve as palavras que sempre impedi
Para nao magoar, ou por estar magoado
Queimaram-me a garganta, escondias de ti

Ouve, ouve-as com alma bem presente
Liberta de todos os teus conceitos
Engasgadas num corpo descrente
Estas palavras sao sonhos desfeitos:

A ti me prendi, invisiveis grilhoes
Correntes de amor de forte metal
Aprisionaram meu eu a ponto tal
Que eu nao fui eu...mil ilusões

A minha vida entregava-ta nas mãos
Minha morte seria um quarto de lua
Entre a vida e morte: sonhos vãos
Nenhuma vida importava como a tua

E assim preso, como que escuridão
Vejo agora na nitidez desta calma
A diferença que é agarrar a mão
Da diferença que foi acorrentar a alma

Chora minhas lágrimas mais um pouco
Como choramos no momento da partida
Porque hoje, meu amor, já não louco,
Ainda por ti daria a minha vida

Abílio Bandeira Cardoso

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