Regionalismo em fim de ciclo
Aceitando o regionalismo como um movimento de solidariedade, entrega e paixão ao torrão-natal, começaremos por dizer que o conceito para o qual foi criado e os princípios que o nortearam durante algumas décadas, estão hoje esvaziados de conteúdo e completamente inadequados às necessidades dos novos tempos. É uma realidade incortonável que tem de ser encarada de frente.
Actualmente, já o afirmámos várias vezes, é destituído de qualquer sentido a designação das colectividades dele emergentes como "Comissão, ou Liga de Melhoramentos" de qualquer aldeia. Todos nós sabemos que hoje, a gestão, preservação e onvo ordenamento do espaço público, fazem parte das atribuições como órgãos oficiais do poder local, não há volta a dar; se elas dão resposta cabal ou não, isso é uma outra questão. Porém o âmbito legal é claro e inequívoco.
Contudo e apesar desta incongruência, as agremiações regionalistas continuam a ter uma função válida a desempenhar, um espaço próprio a ocupar, queiram elas ser criativas e inovadoras na defesa do bem colectivo das suas aldeias!... Porém, o que acontece é que a classe dirigente sofre do síndroma de saudosismo dum passado que marcou o tolheu as vidas e as mentes de todos nós. A adaptação às novas realidades não têm sido fácil, muito menos completa e penso que, só as novas gerações, poderão trazer outra roupagem a esta questão. O tempo nos dirá...
Com este vazio instalado nas comunidades serranas, com esta ausência de motivação instalada no seio dos povos, começam, um pouco por todo o lado, a surgir novas "variantes de regionalismo" sempre louváveis, mas que não são mais do que uma manifestação revivalista do entusiasmo outrora vivido. A pretexto de tudo e de nada, vão surgindo meritórias iniciativas de convívio e lazer (encontros e almoços) para matar saudades do antigamente, uma vez que a classe dirigente está a deixar vazia e apática uma sociedade que gosta de sentir o pulsar efusivo das aldeias. Não obstante as honrosas escepções que, através do desporto, vão "injectando sangue novo" no seu seio.
Valha-nos ao menos isso...
E se nos é permitido ir um pouco mais longe, lembramos que as colectividades são instituições com um papel importante no seio da sociedade civil, elas representam, ou devem representar, a voz e a vontade do povo, concentrando as suas energias em vertentes adequadas às novas realidades. A sua actuação deveria funcionar como associações pr'a cidadania, visando sempre o aspecto social e a formação do ser humano como cidadão, tais como:
Intermediação às pessoas que queiram regressar à sua terra natal; iniciativas de preservação à natureza e do património histórico-cultural (recuperação de tradições e de pequenos marcos históricos perdidos, inventariação de antigos caminhos e pequenos lugares desabitados); tudo em parceria e articulação com as autarquias.
É claro que tudo isto é um trabalho de sapa, de pouca visibilidade e deriva muito da formação e capacidade da classe dirigente que tem de estar disponível, instruída e sensibilizada para tal. Daí classificarmos o regionalismo como um sentimento de solidariedade, e até de carolice, sempre num sentido de entrega abnegada à causa e nunca num propósito de auto-promoção, servindo-se da popularidade para daí retirar proveitos particulares ou exibicionismos públicos no palco das vaidades.
Compreendemos que seja mais fácil erguer um mamarracho em betão e tijolo (dá mais votos), para o qual é necessário apenas arranjar verba, do que promover um trabalho sério de pesquisa e de estudo, cujos frutos serão visíveis só daqui alguns bons anos. Mas é um trabalho de base com projecção no futuro.
Adriano Pacheco
in O Varzeense, de 15/10/2006
Actualmente, já o afirmámos várias vezes, é destituído de qualquer sentido a designação das colectividades dele emergentes como "Comissão, ou Liga de Melhoramentos" de qualquer aldeia. Todos nós sabemos que hoje, a gestão, preservação e onvo ordenamento do espaço público, fazem parte das atribuições como órgãos oficiais do poder local, não há volta a dar; se elas dão resposta cabal ou não, isso é uma outra questão. Porém o âmbito legal é claro e inequívoco.
Contudo e apesar desta incongruência, as agremiações regionalistas continuam a ter uma função válida a desempenhar, um espaço próprio a ocupar, queiram elas ser criativas e inovadoras na defesa do bem colectivo das suas aldeias!... Porém, o que acontece é que a classe dirigente sofre do síndroma de saudosismo dum passado que marcou o tolheu as vidas e as mentes de todos nós. A adaptação às novas realidades não têm sido fácil, muito menos completa e penso que, só as novas gerações, poderão trazer outra roupagem a esta questão. O tempo nos dirá...
Com este vazio instalado nas comunidades serranas, com esta ausência de motivação instalada no seio dos povos, começam, um pouco por todo o lado, a surgir novas "variantes de regionalismo" sempre louváveis, mas que não são mais do que uma manifestação revivalista do entusiasmo outrora vivido. A pretexto de tudo e de nada, vão surgindo meritórias iniciativas de convívio e lazer (encontros e almoços) para matar saudades do antigamente, uma vez que a classe dirigente está a deixar vazia e apática uma sociedade que gosta de sentir o pulsar efusivo das aldeias. Não obstante as honrosas escepções que, através do desporto, vão "injectando sangue novo" no seu seio.
Valha-nos ao menos isso...
E se nos é permitido ir um pouco mais longe, lembramos que as colectividades são instituições com um papel importante no seio da sociedade civil, elas representam, ou devem representar, a voz e a vontade do povo, concentrando as suas energias em vertentes adequadas às novas realidades. A sua actuação deveria funcionar como associações pr'a cidadania, visando sempre o aspecto social e a formação do ser humano como cidadão, tais como:
Intermediação às pessoas que queiram regressar à sua terra natal; iniciativas de preservação à natureza e do património histórico-cultural (recuperação de tradições e de pequenos marcos históricos perdidos, inventariação de antigos caminhos e pequenos lugares desabitados); tudo em parceria e articulação com as autarquias.
É claro que tudo isto é um trabalho de sapa, de pouca visibilidade e deriva muito da formação e capacidade da classe dirigente que tem de estar disponível, instruída e sensibilizada para tal. Daí classificarmos o regionalismo como um sentimento de solidariedade, e até de carolice, sempre num sentido de entrega abnegada à causa e nunca num propósito de auto-promoção, servindo-se da popularidade para daí retirar proveitos particulares ou exibicionismos públicos no palco das vaidades.
Compreendemos que seja mais fácil erguer um mamarracho em betão e tijolo (dá mais votos), para o qual é necessário apenas arranjar verba, do que promover um trabalho sério de pesquisa e de estudo, cujos frutos serão visíveis só daqui alguns bons anos. Mas é um trabalho de base com projecção no futuro.
Adriano Pacheco
in O Varzeense, de 15/10/2006
Etiquetas: regionalismo
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