Desgarrada de Além-Mar
Clarisse Barata Sanches e a açoriana Rosa Silva apresentaram recentemente o livro Desgarrada de Além-Mar.
Para além do valor poético, é um trabalho que prima pela singularidade. Aproveitaram as novas tecnologias para fazerem uma desgarrada composta por quinhentas quadras.
Esta nova forma de versejar acontece entre Góis e Angra do Heroísmo. Duas mulheres encontram-se na Internet e quadra para lá e quadra para cá, contam as suas vidas e a das suas terras, a cantar, num despique muito inspirado.
As parcerias são saudáveis e purificam as nossas tendências egocêntricas. Dar as mãos é sempre um gesto nobre. Caminhar de mãos dadas sobre a água, só com a leveza dos sonhos.
Porém, o rio Ceira mergulhado na grandeza do mar, já tocou Angra do Heroísmo e todos os pedaços de terra que, por esse mundo, emergem dos oceanos.
Imagino o que ambas se divertiram com esta desgarrada. A alegria que preencheu as suas vidas e o que permanecerá no coração de cada uma.
Além do mais, a união entre as pessoas é a desejável sensação de harmonia, a gota balsâmica que suaviza as angústias, reais ou inventadas, que nos asfixiam.
Encontraram também o antídoto da solidão. As palavras partilhadas foram boas companheiras, foram aguardadas com a ansiedade saudável das surpresas boas e foram recebidas com a hospitalidade de duas excelentes anfitriãs.
Rosa Silva deu-nos um pedaço de si própria e aproximou-nos dos Açores.
Clarisse Barata Sanches deixou-se embalar nas águas do rio Ceira e levou consigo tudo o que guarda na memória do coração. Voa por aqui e por ali, mas regressa sempre às suas raízes.
Este livro lê-se de um fôlego. Há nele uma faceta lúdica se recrearmos o vaivém das quadras e as distâncias que percorreram.
Não sei se tiveram de enfrentar alguma tempestade, porém encontraram todas um porto seguro. Abrigaram-se nas folhas de um livro.
Foi uma ideia bem portuguesa, bem conseguida e imaginativa.
A Beira-Serra e os Açores fizeram um intercâmbio de tradições, de belezas paisagísticas e de pequenos momentos do dia a dia.
As duas autoras aconchegaram-se neste espaço imenso entre o continente e os Açores.
Permaneceram, tenho a certeza, os afectos e a memória de todas as vivências.
Qual será a próxima desgarrada? Que novo desafio estão dispostas a enfrentar? Surpreendam-se e surpreendam-nos.
Maria Leonarda Tavares
in A Comarca de Arganil, de 14/01/2009
Para além do valor poético, é um trabalho que prima pela singularidade. Aproveitaram as novas tecnologias para fazerem uma desgarrada composta por quinhentas quadras.
Esta nova forma de versejar acontece entre Góis e Angra do Heroísmo. Duas mulheres encontram-se na Internet e quadra para lá e quadra para cá, contam as suas vidas e a das suas terras, a cantar, num despique muito inspirado.
As parcerias são saudáveis e purificam as nossas tendências egocêntricas. Dar as mãos é sempre um gesto nobre. Caminhar de mãos dadas sobre a água, só com a leveza dos sonhos.
Porém, o rio Ceira mergulhado na grandeza do mar, já tocou Angra do Heroísmo e todos os pedaços de terra que, por esse mundo, emergem dos oceanos.
Imagino o que ambas se divertiram com esta desgarrada. A alegria que preencheu as suas vidas e o que permanecerá no coração de cada uma.
Além do mais, a união entre as pessoas é a desejável sensação de harmonia, a gota balsâmica que suaviza as angústias, reais ou inventadas, que nos asfixiam.
Encontraram também o antídoto da solidão. As palavras partilhadas foram boas companheiras, foram aguardadas com a ansiedade saudável das surpresas boas e foram recebidas com a hospitalidade de duas excelentes anfitriãs.
Rosa Silva deu-nos um pedaço de si própria e aproximou-nos dos Açores.
Clarisse Barata Sanches deixou-se embalar nas águas do rio Ceira e levou consigo tudo o que guarda na memória do coração. Voa por aqui e por ali, mas regressa sempre às suas raízes.
Este livro lê-se de um fôlego. Há nele uma faceta lúdica se recrearmos o vaivém das quadras e as distâncias que percorreram.
Não sei se tiveram de enfrentar alguma tempestade, porém encontraram todas um porto seguro. Abrigaram-se nas folhas de um livro.
Foi uma ideia bem portuguesa, bem conseguida e imaginativa.
A Beira-Serra e os Açores fizeram um intercâmbio de tradições, de belezas paisagísticas e de pequenos momentos do dia a dia.
As duas autoras aconchegaram-se neste espaço imenso entre o continente e os Açores.
Permaneceram, tenho a certeza, os afectos e a memória de todas as vivências.
Qual será a próxima desgarrada? Que novo desafio estão dispostas a enfrentar? Surpreendam-se e surpreendam-nos.
Maria Leonarda Tavares
in A Comarca de Arganil, de 14/01/2009
Etiquetas: clarisse barata sanches, livro
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