quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Corvos-marinhos «invadem» rios de Coimbra

Centenas de corvos-marinhos, oriundos do Norte da Europa, invadiram nos últimos dias as zonas húmidas do distrito de Coimbra, surgindo em bandos pela manhã junto aos rios Mondego e Ceira

Um investigador da Universidade de Coimbra (UC), Jaime Albino Ramos, disse hoje à agência Lusa que a «invasão» daquelas aves pode dever-se ao maior rigor do Inverno que se verifica nos países de origem.

«O aumento do frio pode ter contribuído para uma maior presença dessas aves em Portugal», admitiu, indicando que o congelamento das grandes superfícies de água doce do Norte obriga-as a procurar alimento nas regiões mais temperadas do continente europeu, ou mesmo no Norte de África.

Ao longo da estrada da Beira (EN-17) e do rio Ceira, afluente do Mondego, nos concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo, Lousã e Góis, podem agora ser vistos estes pássaros pretos com aparência primitiva, sobrevoando as encostas de xisto, entre eucaliptos, pinheiros e mimosas.

Jaime Albino Ramos salientou que o corvo-marinho ("Phalacrocorax carbo") integra a ordem dos Pelecaniformes e possui membranas interdigitais que lhe permitem mergulhar em busca de peixes, a base da sua alimentação.

Segundo o investigador, trata-se «um bicho um pouco generalista», que nidifica no Norte da Europa e migra para o Sul quando chega o tempo frio.

Uma funcionária de um restaurante da estrada da Beira confirmou o que a agência Lusa verificou na zona, desde a semana passada: o número de corvos marinhos é «muito superior» ao de anos anteriores, quando se encontravam algumas destas aves aquáticas próximo do rio Ceira.

No Inverno, segundo o investigador de Ecologia do Departamento de Zoologia da UC, «é normal encontrar corvos-marinhos» em Portugal «onde há peixe em abundância», designadamente nas grandes barragens do interior e nos estuários dos rios.

«Os não reprodutores - até aos quatro ou cinco anos de idade - ficam geralmente nas zonas temperadas onde passam o Inverno», acrescentou.

Nos últimos anos, têm sido encontrados alguns corvos-marinhos no Parque Verde do Mondego, em Coimbra.

«É uma espécie cuja população tem aumentado na Europa, onde é uma espécie protegida», referiu.

O especialista em aves marinhas lembrou que a multiplicação da espécie tem-se traduzido numa redução das reservas piscícolas, incluindo ataques às explorações de aquacultura dos mares do Norte.

Jaime Albino Ramos aludiu a conflitos com comunidades piscatórias da Holanda e outros países da União Europeia (UE). «Os corvos-marinhos mergulham e perseguem os peixes debaixo de água», sublinhou.

Com uma aparência primitiva de réptil, devido ao longo pescoço, são vistos por alguns povos como aves sinistras e podem ingerir uma quantidade de peixe superior ao peso do seu corpo, mas, diariamente, ingerem pelo menos 400 a 600 gramas de comida.

Em 2008, o Parlamento Europeu defendeu a promoção de um plano de gestão sustentável das populações de corvos-marinhos à escala europeia.

Estima-se que, anualmente, os corvos-marinhos consumam pelo menos 300 mil toneladas de peixe nas águas da UE.
in http://sol.sapo.pt

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vamos esperar que a dita sustentabilidade não passe por culpar os animais de consumirem peixe a mais!

Aqui fica um link para saberem de que animal se trata.
http://www.naturephoto-cz.eu/pic/aves/karabatak-10659.jpg

15 janeiro, 2009 14:38  

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