GOIS: UM PARAISO “PERDIDO” ENTRE O RIO E A MONTANHA
O desenvolvimento do concelho de Góis passa, fundamentalmente, pela aposta no turismo. Com uma paisagem de rara beleza, serpenteada pelas praias fluviais que cortam a montanha, este concelho do Interior atrai anualmente muitos milhares de turistas de todo o país e mesmo do estrangeiro. Em entrevista a “O Despertar”, José Girão Vitorino, presidente da Câmara de Góis, realça que estes visitantes ficam de tal forma encantados com as potencialidades e com a tranquilidade que encontram em Góis que regressam todos os anos e alguns estão inclusive a adquirir as suas próprias habitações neste concelho. Mas nem tudo é tão tranquilo em Góis como a sua paisagem. Tal como acontece com os concelhos do Interior, também este se continua a debater com o problema da desertificação. E se por um lado muitos “forasteiros” estão a eleger Góis como a sua segunda casa, os “filhos da terra” continuam a abandonar o concelho à procura de melhores condições de vida.
Julho e Agosto são meses intensos no concelho de Góis…
Sim. São os nossos grandes meses. Todos os anos, nesta altura, Góis é visitado por largos milhares de visitantes, pessoas das várias partes do país e do estrangeiro que elegem Góis como o seu destino de férias. Este fim de semana temos o GóisArte, um evento que atrai muita gente, e em Agosto temos as festas concelhias, que integram a FACIG – Feira Agrícola, Comercial e Industrial de Góis - e a concentração motard (que atrai mais de 30 mil pessoas). Para além disso, estes são os meses em que os nossos emigrantes regressam de férias. Perante isto, nós só podemos fazer do turismo a nossa grande aposta. As pessoas ficam encantadas com a beleza natural do concelho e com os próprios habitantes, pelo seu bem receber. Isto dá-nos força para lutarmos cada vez mais pelo nosso concelho e pela sua divulgação. Tentamos fazer tudo o que é possível para receber da melhor maneira esses milhares de pessoas que vêm até nós.
Góis é um concelho com muitas potencialidades naturais, com uma oferta diversificada entre rio e a montanha. Que roteiro aconselha aos visitantes?
Aproveitando as belezas naturais e em particular as qualidades da água do rio Ceira, podem desfrutar das nossas praias, verdadeiros “ex-libris” do concelho. Com as águas transparentes e de óptima qualidade, temos a praia de Canaveias e da Peneda, ambas acessíveis e com vigilância. Para além destas, temos as praias de Santo António, do Peco Escuro e da Cabreira. Neste momento, estamos a preparar um corredor entre a Praia da Peneda e do Peco Escuro. Já foi aprovado o concurso e estamos a tentar também a praia acessível aqui na vila de Góis, com casas de banho para deficientes. Queremos que as pessoas portadoras de deficiência tenham um bom acesso directo, em cadeira de rodas, à água. Posso garantir que a água de todo o rio Ceira está em condições. Este ano foi fabuloso. Estávamos preocupados porque não tinha havido Inverno e, de um momento para o outro, o caudal do rio aumentou bastante e fez a limpeza completa. Hoje é um regalo ver esta água límpida, sem qualquer lodo. É com grande prazer e satisfação que aprecio as centenas de pessoas que já usufruem desta maravilhosa água. De referir ainda a piscina natural da freguesia de Alvares, um sítio encantador que vamos modernizar ainda mais com uma unidade de apoio. Claro que ao falar de um roteiro não posso deixar de referir as nossas aldeias de xisto, hoje já com vida na Aldeia de Aigra Nova, onde está sediada a Lusitânia e onde está o viveiro das plantas, a loja, a casa da Cumareira e a Casa Cerejinha. Portanto é um expoente do turismo rural e as pessoas podem desfrutar e ficar aqui o tempo que entenderem. Temos ainda a Serra da Lousã, com o Trevim e Santo António da Neve. Além disso temos a Serra do Rabadão, com a beleza natural, onde podemos desfrutar de umas boas panorâmicas, repletas de verde. Temos ainda o Parque do Cerejal, um parque lindíssimo, conhecido de todos, com árvores frondosas, com muita frescura e com uma praia com água de muito boa qualidade. Tem muito estacionamento e é muito procurado, já que é muito propício para piqueniques. Quem visitar Góis tem à sua espera um roteiro encantador e extraordinário, que convida a ficar durante uns dias na vila. Orgulha-me dizer isto porque temos lutado muito para cativar as pessoas, para conseguirmos atrair os visitantes a este concelho. É com grande orgulho que falo nisto porque esta continua a ser uma luta nossa, a de trazer cá as pessoas. E elas chegam cá e gostam. Neste momento temos uma colónia de ingleses que se está a radicar nesta vila, têm comprado as suas casas e gostam muito daqui. Espero que, com tudo isto, Góis dê rapidamente também um passo ao nível da hotelaria.
“Quem visitar Góis tem
à sua espera um roteiro
encantador e extraordinário.”
Há já algum projecto nessa área?
Por enquanto há ainda todo um abordar de situações. Vamos ver se dentro em breve teremos boas notícias para dar porque penso que está a fazer muita falta. O Parque de Campismo nesta altura está sempre lotado. Temos em Góis muitos grupos de jovens, desde colónias de férias a escuteiros. Todos procuram a vila de Góis e os arredores. Por isso orgulhamo-nos de ter tudo arranjado e asseado e queremos ter mais opções para acolher todas as pessoas que nos querem visitar.
A construção do Museu de Góis e da Casa da Cultura continua a ser uma prioridade?
Estamos agora de volta do QREN. O concelho de Góis foi contemplado com uma verba que considero pequena, quase insignificante para os projectos de grande vulto, mas temos que a aceitar. O que é que podemos fazer com uma verba de 1 milhão e 450 mil euros do QREN para Góis? A Casa da Cultura é a minha prioridade número um. Temos tudo pronto para a apresentar mas este projecto vai absorver quase a totalidade desta verba. Depois temos o Museu de Góis e queremos fazer também o Centro de Interpretação do Vale do Ceira e de Góis em conjunto com o Museu. O espaço é enorme, já mandámos elaborar o projecto e esperamos que em breve possamos candidatá-lo a um programa. Temos também um projecto para a recuperação da Casa Alice Sande, mas não vamos mexer muito. Vamos fazer apenas obras de conservação. Na Casa Alice Sande vai abrir-se, dentro de dias, o Posto de Turismo, que vai passar da Praça da República para o Largo do Pombal. Até ao final do mandato quero que estas obras estejam todas lançadas e em execução.
“A falta de acessibilidades
em condições dignas têm travado
o desenvolvimento de Góis.”
Combater a desertificação tem sido uma das suas grandes preocupações. Continua a assistir à saída dos “filhos da terra”?
Sim. Infelizmente continuamos a assistir à saída de grande parte dos nossos jovens. A grande maioria tira um curso superior e em Góis não temos resposta para eles. Mas vamos criar aqui 20 novos postos de trabalho ligados à indústria de metalomecânica e espero que a nova estrada 342, que liga Lousã-Góis-Arganil-Coja, represente o grande arranque para o desenvolvimento desta região. Penso que abertura desta via vai representar o desencravar desta região porque a falta de acessibilidades em condições dignas têm travado o desenvolvimento de Góis. Espero que esta via nos permita ter, dentro de quatro/cinco anos, um concelho aberto, em que o turismo assuma um papel determinante, uma vez que em termos de indústrias não podemos ter grandes aspirações. Temos alguns parques mas que não podem albergar grandes indústrias. Mas esperamos que esta situação da desertificação se inverta. Temos qualidade e condições para isso e penso que a curto prazo iremos invertê-la. Já assistimos a um fenómeno na freguesia de Alvares em que, entre o jardim de infância e a escola EB1, já temos cerca de 50 crianças, o que é muito bom. Fizemos também a candidatura para um centro escolar nesta freguesia e tudo leva a crer, dado o interesse do sr. secretário de Estado e da ministra da Educação, que seja aprovado para iniciarmos em breve este projecto. Sentimos que começa a haver procura em relação a Góis, mesmo ao nível do investimento.
in O Despertar, de 11/07/2008
Julho e Agosto são meses intensos no concelho de Góis…
Sim. São os nossos grandes meses. Todos os anos, nesta altura, Góis é visitado por largos milhares de visitantes, pessoas das várias partes do país e do estrangeiro que elegem Góis como o seu destino de férias. Este fim de semana temos o GóisArte, um evento que atrai muita gente, e em Agosto temos as festas concelhias, que integram a FACIG – Feira Agrícola, Comercial e Industrial de Góis - e a concentração motard (que atrai mais de 30 mil pessoas). Para além disso, estes são os meses em que os nossos emigrantes regressam de férias. Perante isto, nós só podemos fazer do turismo a nossa grande aposta. As pessoas ficam encantadas com a beleza natural do concelho e com os próprios habitantes, pelo seu bem receber. Isto dá-nos força para lutarmos cada vez mais pelo nosso concelho e pela sua divulgação. Tentamos fazer tudo o que é possível para receber da melhor maneira esses milhares de pessoas que vêm até nós.
Góis é um concelho com muitas potencialidades naturais, com uma oferta diversificada entre rio e a montanha. Que roteiro aconselha aos visitantes?
Aproveitando as belezas naturais e em particular as qualidades da água do rio Ceira, podem desfrutar das nossas praias, verdadeiros “ex-libris” do concelho. Com as águas transparentes e de óptima qualidade, temos a praia de Canaveias e da Peneda, ambas acessíveis e com vigilância. Para além destas, temos as praias de Santo António, do Peco Escuro e da Cabreira. Neste momento, estamos a preparar um corredor entre a Praia da Peneda e do Peco Escuro. Já foi aprovado o concurso e estamos a tentar também a praia acessível aqui na vila de Góis, com casas de banho para deficientes. Queremos que as pessoas portadoras de deficiência tenham um bom acesso directo, em cadeira de rodas, à água. Posso garantir que a água de todo o rio Ceira está em condições. Este ano foi fabuloso. Estávamos preocupados porque não tinha havido Inverno e, de um momento para o outro, o caudal do rio aumentou bastante e fez a limpeza completa. Hoje é um regalo ver esta água límpida, sem qualquer lodo. É com grande prazer e satisfação que aprecio as centenas de pessoas que já usufruem desta maravilhosa água. De referir ainda a piscina natural da freguesia de Alvares, um sítio encantador que vamos modernizar ainda mais com uma unidade de apoio. Claro que ao falar de um roteiro não posso deixar de referir as nossas aldeias de xisto, hoje já com vida na Aldeia de Aigra Nova, onde está sediada a Lusitânia e onde está o viveiro das plantas, a loja, a casa da Cumareira e a Casa Cerejinha. Portanto é um expoente do turismo rural e as pessoas podem desfrutar e ficar aqui o tempo que entenderem. Temos ainda a Serra da Lousã, com o Trevim e Santo António da Neve. Além disso temos a Serra do Rabadão, com a beleza natural, onde podemos desfrutar de umas boas panorâmicas, repletas de verde. Temos ainda o Parque do Cerejal, um parque lindíssimo, conhecido de todos, com árvores frondosas, com muita frescura e com uma praia com água de muito boa qualidade. Tem muito estacionamento e é muito procurado, já que é muito propício para piqueniques. Quem visitar Góis tem à sua espera um roteiro encantador e extraordinário, que convida a ficar durante uns dias na vila. Orgulha-me dizer isto porque temos lutado muito para cativar as pessoas, para conseguirmos atrair os visitantes a este concelho. É com grande orgulho que falo nisto porque esta continua a ser uma luta nossa, a de trazer cá as pessoas. E elas chegam cá e gostam. Neste momento temos uma colónia de ingleses que se está a radicar nesta vila, têm comprado as suas casas e gostam muito daqui. Espero que, com tudo isto, Góis dê rapidamente também um passo ao nível da hotelaria.
“Quem visitar Góis tem
à sua espera um roteiro
encantador e extraordinário.”
Há já algum projecto nessa área?
Por enquanto há ainda todo um abordar de situações. Vamos ver se dentro em breve teremos boas notícias para dar porque penso que está a fazer muita falta. O Parque de Campismo nesta altura está sempre lotado. Temos em Góis muitos grupos de jovens, desde colónias de férias a escuteiros. Todos procuram a vila de Góis e os arredores. Por isso orgulhamo-nos de ter tudo arranjado e asseado e queremos ter mais opções para acolher todas as pessoas que nos querem visitar.
A construção do Museu de Góis e da Casa da Cultura continua a ser uma prioridade?
Estamos agora de volta do QREN. O concelho de Góis foi contemplado com uma verba que considero pequena, quase insignificante para os projectos de grande vulto, mas temos que a aceitar. O que é que podemos fazer com uma verba de 1 milhão e 450 mil euros do QREN para Góis? A Casa da Cultura é a minha prioridade número um. Temos tudo pronto para a apresentar mas este projecto vai absorver quase a totalidade desta verba. Depois temos o Museu de Góis e queremos fazer também o Centro de Interpretação do Vale do Ceira e de Góis em conjunto com o Museu. O espaço é enorme, já mandámos elaborar o projecto e esperamos que em breve possamos candidatá-lo a um programa. Temos também um projecto para a recuperação da Casa Alice Sande, mas não vamos mexer muito. Vamos fazer apenas obras de conservação. Na Casa Alice Sande vai abrir-se, dentro de dias, o Posto de Turismo, que vai passar da Praça da República para o Largo do Pombal. Até ao final do mandato quero que estas obras estejam todas lançadas e em execução.
“A falta de acessibilidades
em condições dignas têm travado
o desenvolvimento de Góis.”
Combater a desertificação tem sido uma das suas grandes preocupações. Continua a assistir à saída dos “filhos da terra”?
Sim. Infelizmente continuamos a assistir à saída de grande parte dos nossos jovens. A grande maioria tira um curso superior e em Góis não temos resposta para eles. Mas vamos criar aqui 20 novos postos de trabalho ligados à indústria de metalomecânica e espero que a nova estrada 342, que liga Lousã-Góis-Arganil-Coja, represente o grande arranque para o desenvolvimento desta região. Penso que abertura desta via vai representar o desencravar desta região porque a falta de acessibilidades em condições dignas têm travado o desenvolvimento de Góis. Espero que esta via nos permita ter, dentro de quatro/cinco anos, um concelho aberto, em que o turismo assuma um papel determinante, uma vez que em termos de indústrias não podemos ter grandes aspirações. Temos alguns parques mas que não podem albergar grandes indústrias. Mas esperamos que esta situação da desertificação se inverta. Temos qualidade e condições para isso e penso que a curto prazo iremos invertê-la. Já assistimos a um fenómeno na freguesia de Alvares em que, entre o jardim de infância e a escola EB1, já temos cerca de 50 crianças, o que é muito bom. Fizemos também a candidatura para um centro escolar nesta freguesia e tudo leva a crer, dado o interesse do sr. secretário de Estado e da ministra da Educação, que seja aprovado para iniciarmos em breve este projecto. Sentimos que começa a haver procura em relação a Góis, mesmo ao nível do investimento.
in O Despertar, de 11/07/2008
Etiquetas: fotografia, góis, josé girão vitorino
1 Comments:
É impressionante como o Sr. Presidente fala bem e muito principalmente de Góis, do seu turismo, dos seus projectos, etc. Não estou contra de maneira nenhuma, e até acho bem, compreeendo que é onde está, é onde planifica os desenvolvimentos para essa vila, para o seu bem estar, para atrair turistas e visitantes assíduos que, como diz, até acabam por se fixar, é óptimo, mas não posso deixar de me manifestar e exprimir a minha opinião - é impressionante, direi mesmo lamentável,que o concelho de Góis no que diz respeito ao turismo, e muito concretamente às suas belezas naturais e que devem ser dadas a conhecer, acabe em Cabreira. E o que vem depois? Não tem direito a ser considerado? Porque razão é sempre votado ao esquecimento, que eu saiba também faz parte do Concelho. É triste uns serem filhos e outros enteados. Porque razão há tanto chamamento e publicidade para uns e não para outros? Há muitas paisagens bonitas que estão esquecidas e que poderiam também
ser incluídas no seu discurso. E não é só o turismo, há também outras beneficiações que poderiam e deveriam ser consideradas para bem das populações e que ficam sempre, ou quase sempre para trás. Não há verba, dizem, mas serem sempre os mesmos a usufruir (Góis e Alvares, principalmente - são referidas no seu discurso -) penso que não será a melhor política. Não será assim que se promove o bem estar das ditas populações
"longíquas" muito diferente do que é preparado para outras. Afinal o Sr. é o Presidente do CONCELHO.
Espero que considere estas minhas palavras como sinónimo de desalento e desilusão e muito pessimismo em relação ao futuro. Penso que está na sua Direcção a vontade e o empenho em inverter toda esta situação. Assim espero.
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