segunda-feira, 12 de maio de 2008

Governo apoia combate ao nemátodo da madeira do Pinheiro em Arganil e Lousã

No âmbito do Programa Nacional de Luta contra o Nemátodo da Madeira do Pinheiro [NMP] na região centro – PROLUNP Centro, a Autoridade Florestal Nacional – Direcção Geral dos Recursos Florestais, as Câmaras Municipais de Arganil e da Lousã e várias organizações de produtores florestais da Beira Serra, assinaram ontem dez protocolos de colaboração, cerimónia que teve lugar no Salão Nobre dos Paços do concelho de Arganil, e que contou com a presença do ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Jaime Silva, e do Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Ascenso Simões. O principal objectivo é controlar esta doença que tem afectado sobretudo as florestas dos concelhos de Arganil e Lousã, estando envolvidas, para além da DGRF e das autarquias, a CAULE – Associação Florestal da Beira Serra, a Associação Florestal do Pinhal, a Associação dos Produtores Florestais do concelho de Arganil, a Associação de Produtores Florestais de Pampilhosa da Serra, a Associação de Produtores Florestais do concelho de Góis, a FLOPEN – Associação de Produtores e Propietários Florestais do concelho de Penela e a SEBALDIC – Associação dos Baldios e Produtores Florestais do Centro que em conjunto vão promover medidas de controlo e erradicação do nemátodo da madeira do pinheiro.
De acordo com o referido protocolo, as Câmaras Municipais de Arganil e da Lousã são entidades que, tendo conhecimento das realidades locais, podem apoiar, através dos seus gabinetes técnicos municipais, as intervenções no território tendo em vista a erradicação do nemátodo da madeira do pinheiro, assim como as organizações de produtores florestais podem apoiar essas intervenções, já que são entidades que têm uma proximidade local. Das várias acções previstas, é da responsabilidade das Câmaras Municipais fornecer a informação e promover a sensibilização da população, identificação dos operadores económicos associados ao sector florestal e promoção de acções de identificação dos proprietários, usufrutuários ou rendeiros de quaisquer parcelas de prédios rústicos ou urbanos, incluindo logradouros localizados na zona afectada pelo nemátodo.
Às organizações de produtores florestais cabe, para além das medidas adoptadas pelos municípios, colaborar na identificação das árvores com sintomas de declíneo e nas acções de prospecção do nemátodo da madeira do pinheiro. A DGRF compromete-se a disponibilizar toda a informação sobre este assunto e a prestar os esclarecimentos e a formação necessários para o desenvolvimento de tarefas que venham a ser assumidas pelos gabinetes técnicos florestais, bem como apoiar a criação de infra-estruturas ou equipamentos cuja necessidade se venha a constatar.
Tendo em conta a apresentação do Programa Nacional de Luta contra o Nemátodo da Madeira do Pinheiro na região centro feita pelo engenheiro José Manuel Rodrigues, esta doença afecta 22 espécies de pinheiros e outras resinosas, conduzindo à morte das respectivas árvores. Por este motivo, foi elaborado um programa, já que, após ter aparecido na zona sul do país, foram detectados mais dois focos em Arganil e na Lousã, tendo sido aprovadas novas medidas que passam por uma redefinição da zona de restrição, um plano de prospecção do nemátodo da madeira do pinheiro no território continental, um plano de monitorização na “nova zona afectada”, erradicação das coníferas hospedeiras localizadas em redor de árvores infectadas com esta doença, num raio de 50 metros, nas novas zonas de restrição [esta medida seá aplicada de imediato na região centro] e publicação de uma norma que regulamenta os tratamentos fitossanitários aplicados ao material lenhoso para exportação para países terceiros e circulação na União Europeia. Refira-se que foi estabelecida uma comissão de acompanhamento para monitorizar o PROLUNP, estando envolvidos vários organismos, tais como a DGRF, DGADR, INRB, GNR, entre outros, realizando-se, nesta primeira fase, reuniões semanais.
Durante a cerimónia de assinatura dos protocolos entre as várias entidades, o presidente da Câmara Municipal de Arganil enalteceu que o concelho de Arganil possui uma “vasta área florestal”, existindo 66 empresas que se dedicam a actividades ligadas ao sector florestal, razão que leva a autarquia a encarar com “preocupação” o surgimento do nemátodo que “poderá ter efeitos muito graves na fileira florestal do concelho e da região”. “Torna-se necessário agir com celeridade, eficácia e eficiência”, apelou Ricardo Pereira Alves, considerando que a celebração deste protocolo “constitui um paso importante de concertação e cooperação no longo trabalho que temos pela frente para enfrentar o problema”. Segundo o autarca, as soluções para este problema passam por promover acções de intervenção na floresta, “eliminando as árvores afectadas pelo nemátodo da madeira do pinheiro e incentivando uma célere reflorestação com pinheiro nas áreas afectadas”.
Dirigindo-se em particular ao ministro da Agricultura, o autarca constatou que no concelho de Arganil os proprietários “não têm grandes meios económicos para faze face à situação que estamos a enfrentar”, realçando a necessidade de “estudar, caso a caso, mecanismos de apoio técnico e financeiro por parte do Governo”, de forma a concretizar os objectivos definidos no âmbito do Programa Nacional de Luta contra o Nemátodo da Madeira do Pinheiro. “Estou certo que o esforço conjunto de todos os agentes ligados ao sector, com a colaboração imprescindível das juntas de freguesia, será determinante para vencermos este problema”, alegou, agradecendo ao ministro a “atenção que dá a este problema em concreto”.
Já o ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas referiu que este problema “não é novo no país”, tendo sido agora detectado em 1999 na região sul e agora também na região centro. Congratulando-se pelo facto de se terem encontrado “sinergias entre todas as instituições para fazer face a este problema”, Jaime Silva explicou que, e de acordo com os investigadores que estão no terreno, “com uma gestão activa e com a retirada das árvores mortas conseguimos controlar o impacto económico desta doença”. Relativamente à questão dos pequenos proprietários, o governante afirmou que “não estão capazes de responder no prazo de dez dias”, pelo que “temos de ser nós, com este protocolo, a ajudar a abater as árvores”.
“O nemátodo não vai ser transformado num negócio”, garantiu ainda o ministro, defendendo que “o negócio é vendermos madeira e boa madeira”, contando para que tal não aconteça com a colaboração dos empresários, associações e autarquias. “Vamos ordenar a floresta da região centro e ter uma gestão activa dessa mesma floresta que é a riqueza nacional da região centro”, finalizou, assegurando que “há meios financeiros” para ajudar os pequenos produtores florestais.
in www.rcarganil.com

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