quinta-feira, 29 de maio de 2008

Feira do Livro deu primazia à cultura

Onze editoras marcaram presença na 12.ª edição a Feira do Livro. Sob o signo “Património cultural”, a tenda que serviu o evento contou com iniciativas diversas, desde apresentação de livros, “hora do conto” e animação de leitura.
Decorreu também uma palestra sobre o cônsul Aristides de Sousa Mendes, pelos netos, no âmbito da área de projecto sobre os direitos humanos, da turma do 9.º A da EB 2,3 de Góis.
Considerando as feiras do género como um “espaço privilegiado de encontros, de partilha e de alegria”, a vereadora do pelouro da cultura do Município congratulou-se pelo facto do certame preencher um lugar “muito importante” no calendário de Góis. Nesse sentido, com a sua realização, a Câmara pretendeu promover o encontro entre leitores e livros, de forma “dinâmica, atractiva e interactiva”. Exemplo disso, a organização de ateliers direccionados à participação quer dos mais jovens, quer dos mais velhos. “Elaborámos um programa diversificado”, frisou Helena Moniz, esperando que o certame tenha despertado na população motivos de interesse que possam estimular o gosto pelos livros, “património cultural”. Até porque, reiterou, “o desenvolvimento de um território passa também e fundamentalmente pela cultura da população”. Da parte do executivo camarário, a vice-presidente sustentou que a autarquia será “sempre” promotora da cultura, seja ajudando a alicerçar, como também a construir e conservar o conceito, de modo que “os vindouros possam ter orgulho do concelho e do seu património cultural”. À semelhança do que aconteceu no ano transacto, a Feira do Livro esteve envolta na divulgação de obras de pessoas do concelho ou a ele ligados.
Presente na abertura da Feira, o presidente do conselho executivo do Agrupamento de Escolas de Góis, José Albuquerque, congratulou-se pela concretização de um desígnio que tinha lançado em Feiras anteriores, a divulgação de autores goienses. Em cima da mesa, deixou novamente um desafio à autarquia, a de assinatura de um protocolo para que as respectivas bibliotecas estejam inseridas no Plano Nacional de Leitura.
A 12.º edição do certame realizou-se com um trabalho de parceria do Agrupamento de Escolas do Concelho de Góis, Projecto Escolhas de Futuro, Fundação para a Divulgação das Novas Tecnologias de Informação e Associação Educativa e Recreativa de Góis (AERG).

Pessoas dão alma a objectos


Logo após a abertura da Feira do Livro de Góis, decorreu a apresentação do Livro “Dos objectos para as pessoas”, de Lisete de Matos. Uma obra que nas palavras da autora, tem como protagonista o pai, que representa a ousadia, sabedoria e tenacidade
O primeiro objectivo da obra é dar visibilidade e “chamar a atenção para a riqueza do património cultural”, o qual a escritora diz encontrar-se disperso por toda a parte. Um património que, considera, pode ser um recurso ao serviço do desenvolvimento económico. Os objectos são, na obra, um reflexo do produto da actividade humana, retratados, neste caso, em casas, lagares, cântaros, entre outros. O segundo objectivo prende-se com a contribuição para a afirmação identitária e reforço da memória colectiva. “Elementos essenciais” que a autora introduziu no livro como “reflexos importantes” para construir o futuro, partindo dos objectos para falar das pessoas e dos seus valores. “O que este livro retrata são fragmentos de uma realidade social tão vasta e tão completa como o Homem e a sua vida”, explicou Lisete de Matos na apresentação do livro. A responsabilidade pelo conhecimento da obra esteve a cargo de Paulo Ramalho. Segundo o escritor “Dos objectos para as pessoas” é um livro fundamental para se perceber a Serra do Açor, porque na sua opinião devolve a memória que se estava a perder. Uma memória “feliz”, contrariando esteriótipos da Serra, como a sua negrura, escuridão e dificuldades. “Devolve-nos uma Serra com uma grande dose de ternura”, enalteceu, sublinhando a visão poética que está inscrita na obra literária.
Na óptica da vereadora da cultura. “Dos objectos para as pessoas” pode ser visto numa perspectiva etnográfica e sociológica e descreveu as pessoas como “alma dos objectos”. Dessa forma, considerou o livro como um registo “importante” para a posteridade e para as gerações futuras, já que, entende que o homem deve ser conhecedor das suas raízes e orgulhar-se delas.
As fotografias presentes no livro foram aproveitadas para uma exposição, na Casa da Cultura, da autoria da própria escritora Lisete de Matos.
in Jornal de Arganil, de 29/05/2008

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