domingo, 6 de abril de 2008

Grupo de Amigos do Sobral Saião e Salgado - Localidades mantêm união

Sobral fica a cerca de 3 km de Saião e Salgado, localidade que por sua vez estão separadas por escassos metros. Estas eram consideradas casais do Sobral, mas no final dos anos setenta, a população das três freguesias do Colmeal, concelho de Góis, juntou-se e formou o Grupo de Amigos de Sobral Saião e Salgado, colectividade e parceria que se mantém nos dias de hoje.

Sem guerrilhas internas para «puxar a asa à sua sardinha», o trabalho do Grupo de Amigos de Sobral, Saião e Salgado é desenvolvido em prol de cada uma das povoações e garante o presidente da direcção, que nenhuma é mais beneficiada que outra. Sem qualquer "distinção, divergência ou reivindicação", o objectivo comum é a colectividade, sublinha Carlos Jesus ao Jornal de Arganil. Todas as iniciativas são partilhadas pelas aldeias, e os propósitos delineados consoante as necessidades. Segundo o dirigente, o que mantém o grupo é precisamente a amizade e consequentemente a dedicação e o empenho pelas causas definidas pela direcção. "Nós funcionamos perfeitamente", assegura, revelando que um dos princípios primordiais dos fundadores é ainda hoje seguido. "Os assuntos que se discutem numa reunião de direcção são discutidos até à exaustão. Mesmo que não haja maioria absoluta na tomada de uma qualquer decisão, uma vez aprovada essa iniciativa todos os elementos da direcção defendem esse mesmo princípio", diz, frisando que "só assim é que conseguimos ter união e coesão". Aliás, o sucesso do Grupo parece ser, segundo palavras do goiense, precisamente a união.
Tal como em 1977, lutar por melhores condições de vida continua a ser o intuito que norteia o Grupo, trabalhando em prol da população, residentes ou não, até porque a grande maioria dos associados encontra-se na cidade onde o Grupo foi fundado, Lisboa. A desertificação é acentuada nas três aldeias. Sobral tem 16 habitantes e o conjunto de Saião e Salgado, cerca de 15. Além de idosa, o escasso número de pessoas dificulta a diversificação de iniciativas, "Chegámos a pensar ter uma biblioteca, mas se não tivermos leitores não vale a pena tê-la. Não vale a pena pensarmos em determinadas coisas se não houver pessoas para isso", lamenta, indicando que foi idealizada também a criação de um posto de Internet. Apesar da existência diminuta de residentes, condicionando assim a concretização de determinados projectos, o «feedback» apresentado a Carlos Jesus tem sido positivo. Anualmente é realizado o convívio em Junho, concretizados os festejos anuais e organizado o almoço ou jantar de comemoração do aniversário, festas que a população mostra gostar e ansiar por elas. "As pessoas habituaram-se e perguntaram-nos muitas vezes quando vai ser o convívio. É um dia diferente para elas", congratula-se, salientando que "esse é o grande retorno que nós podemos ter, que é trabalhar e sentir que vale a pena". No ano transacto o Grupo promoveu uma pequena mostra de produtos da região, fumeiro de Arganil, queijo de Vale de Asna e mel da freguesia do Colmeal. Este ano, a iniciativa vai ser alargada, diversificando a mostra.
Dotado de um património que inclui duas casas de convívio, a primeira construída no Sobral, a Segunda no Salgado (edifício que não pôde ficar localizado entre Saião e Salgado como previsto) o Grupo espera agora conseguir dar-lhes dinamismo, sendo que para o efeito estão a ser pensadas formas de ter a casa aberta durante todo o ano. "Temos de promover encontros, estamos receptivos a toda a comunidade. Qualquer instituição do concelho ou fora do concelho, pode utilizar as nossas instalações gratuitamente", afirma, adiantando que porventura poderão ser promovidas em conjunto. Para ter as Casas com vida, foi ainda equacionado pelo Grupo, a promoção de uma noite de Fados ou de debate, abordando temas actuais com a presença de um escritor ou personalidade ligada às artes.

A amizade de quem não conhece
A concretização das Casas de Convívio mereceu um significativo esforço financeiro por parte do Grupo. "Milhares de contos" investidos para que as aldeias proporcionassem um ponto de encontro entre os idosos. Nas palavras de Carlos Jesus, só foi possível graças à ajuda dos muitos amigos da colectividade. Tal como a união tem sido o ponto forte das três localidade, também as amizades têm sido um espaço de destaque no destino das actividades. "Temos sócios que não conhecem as nossas aldeias, nunca foram a nenhuma iniciativa, mas são amigos de amigos e gostam de nos ajudar", conta, orgulhando-se do Grupo de reais Amigos do Sobral, Saião e Salgado, cujas amizades são o suporte da colectividade.
Diana Duarte
in Jornal de Arganil, de 3/04/2008

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