quarta-feira, 23 de abril de 2008

Atitude macabra praticada no nosso adro

A atitude macabra praticada no nosso Adro no sábado dia 15 de Março pelas 19 horas e 30 minutos é bem elucidativa das mentes retrógradas e doentias que ainda proliferam nos nossos meios.
Apercebendo-me que não tinha carne para dar os medicamentos a dois dos meus melhores amigos que se encontram doentes e medicados pela Dr.ª Conceição Pereira do VETCoimbra, Guilherme e Xano, fui ao talho do João comprar a referida carne de vaca, tendo ido connosco a cadelita preta e branca, conhecida por Andorinha.
Era nossa companheira assim como o Comandante e Nacha que já tinham sido mortos no dia 4 de Março.
Quando seriam 20 horas, alguém bateu à minha porta com alguma insistência, dizendo-me o Sr. José Carneiro da macabra situação presente no nosso Adro.
A Andorinha estava morta a espumar pela boca e o Lanzudo do Sr. Salgueiro estava também morto junto da Cooperativa, não tendo escapado um gato que estava próximo do cão.
Isto passou-se no espaço de meia hora e o veneno, que foi fulminante, matou imediatamente os bichos.
Não compreendo que existam pessoas de tão baixas atitudes morais e religiosas que a sangue frio eliminem desgraçados que ao longo de um abandono que por vezes é doloroso e traumatizante, ainda tenham que enfrentar uma pena de morte que é das mais cruéis.
O nosso Adro perdeu aquela alegria que lhe era transmitida pelo movimento dos cães saltando de um lado para o outro, correndo atrás de um carro ou uma motorizada e não se esquecendo de verificar se o talho do João ainda estava aberto.
Sempre estes cães tiveram o meu apoio em comida e alguns tratamentos, como o farei a qualquer ser humano que se encontre nesta situação.
Foi-me dito alto e bom som à minha porta por um indivíduo que não era conhecido, de que iria matar todos os cães.
Apenas respondi: mas quem é o senhor para tirar a vida aos cães?
Assim aconteceu.
Se foi para me amachucar, conseguiram o fim desejado pois acertaram mesmo na "mouche" e como sou um doente cardíaco (já tive um enfarte) estou sujeito a que sem veneno mortífero passe a ter uma nova morada.
A nossa sala de visitas ou seja o Adro está de luto sem aqueles animais vivos que estavam sempre dispostos a dar as boas-vindas a quem o frequentasse com a sua socialidade e generosidade que existe nos cães.
Conservo comigo verdadeiras preciosidades como sejam o Guilherme que sendo abandonado já está comigo há 12 anos, não deixando de falar na Tetas, no Xano, na Catita, na Lai-Lai, no Triste estes na Várzea e no Salgueiral o Chiadeiro (Salgueiral) e Portas.
Onde estariam estes cães se não os tivesse isolado dos indíviduos piores que os "inda mais bruto que os brutos" que abatem os indefesos canídeos, sem darem a conhecer o seu verdadeiro rosto?
Todos os cães ou cadelas que estão comigo têm fichas nos consultórios veterinários de Coimbra.
Fiquem sabendo sr.s mata-cães que os mesmos estão devidamente referenciados e que poderão ter que pagar caro o seu insólito atrevimento.
Neste caso é o município e mais ninguém a quem pertence resolver estes problemas.
Justiça pelas próprias mãos, não.
No meu quintal estão sepultados dezenas de cães que morreram de velhice ou morte provocada por envenenamento.
Para os meus amigos cães que tiveram o azar de encontrar no seu caminho indíviduos de tão baixa estirpe, vai a minha saudade pelos bons tempos que passámos juntos e o penar que tiveram de suportar na sua morte.
V. N. do Ceira, Março de 2008
Adriano Baeta Garcia
in O Varzeense, de 15/04/2008

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