segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Para Chã de Alvares

70 anos completou a Liga de Melhoramento de Chã de Álvares. Éramos nós rapazola, quando um grupo de abnegados chanzenses, se propuseram a tirar a Chã e suas gentes, da vida primitiva que se vivia naquela época.
Seus desafios eram, conseguir superar suas principais carências, tais como construir chafarizes, a população abastecia-se nas barrocas ou nos chafurdos, dentro do possível encurtar as distâncias, trazer distribuição de correspondência a domicílio, pois, naquele tempo eram retiradas aos domingos, pelas pessoas que iam à missa, em Álvares.
O início deu-se com veículos a vapor, que além do motorista, trazia o fogueiro para, no percurso ir colocando cavacas ou carvão na fornalha, não raras vezes, em dias chuvosos, ficava-se por aquelas serras ... As pessoas que viajavam tinham que colocar a trouxa às costas ou à cabeça e percorrer essas distâncias a pé.
Com esforço desses lutadores e de muitos outros que os sucederam, a valiosa colaboração de toda a comunidade, das autoridades representativas, a Liga cumpriu, e bem, a finalidade para que foi fundada. Actualmente, tem bons meios de comunicação, transportem correios, telefone, energia eléctrica, água á domicílio, gás, etc., etc. ...
A evolução e a transformação regional requerem outros desafios, e para superá-los há que unir forças, não só a Liga, mas todas as Ligas da Freguesia, unidas num só objectivo, criar uma corporativa, fazer um estudo, criterioso, arrendar por longo prazo, todas as terras...
As mais férteis, fazer um estudo técnico, que forneçam dados viáveis, entre produtos que se adaptem à região, levando com conta, acesso à mecanização, e ao retomo financeiro.
Nós até aos 19 anos, assistimos essas terras produzirem, anualmente, milhares de toneladas de milho, trigo, centeio, batata, azeitona e outros... As terras mais fracas usá-las em reflorestamento, já com a devida cautela do perigo de incêndio.
A solução do problema é encontrada na distribuição de dividendos, na percentagem por metro quadrado de cada cooperado ou associado.
A ocasião nos parece propícia para o arranque. O mundo está se preparando para novas alternativas energéticas, tudo que se produzir de Etanol e Biodisel, estará colocado no mercado nestas próximas décadas.
Actualmente, são enormes as vantagens em comparação ao passado, as facilidades dos recursos, e o mais importante, há vontade política.
O exposto, não é nada que com determinação, garra e liderança, não possa ser realizado. A liderança tem custo muito alto para quem a exerce, porém, sem líderes, os grandes empreendimentos não se desenvolvem, nem atingem o sentido de tudo - rentabilidade compensatória.
Como ilustração, e não como exibição, o autor destas linhas há vinte e dois anos atrás, adquiriu umas terras, com cinquenta milhões de metros quadrados, devolutas, virgens, com milhares de árvores de porte superior aos maiores pinheiros dessa região.
As árvores foram arrancadas, as terras aradas, preparadas e semeadas com variação de capins.
Há vários anos engordam um mínimo de cinco.mil bois permanentes, dizemos permanentes, porque saindo quinhentos bois gordos, são repostos quinhentos bois magros, assim sucessivamente.
A nossa freguesia, deve ser um pouco mais, um pouco menos, o dobro da área exposta neste relato, portanto nada que o querer do homem não possa transformar em coisa produtiva.
Sensibiliza-nos muito, os eventos culturais, e parabenizamo-los por isso, mas se não nos organizarmos, se não formos capazes de explorar as riquezas naturais, para impulsionar um pouco o comercio ou alguma indústria, vamos continuar com a nossa Freguesia pobre.
Sem algo que produza riqueza para a Freguesia, e con¬sequentemente para o país e seu povo, tudo vai continuar como antes no Quartel de Abrantes.
Um Emigrante, Iberto Domingues
in Jornal de Arganil, de 30/08/2007

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