segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Espinhal “Recheado” de Mel

Durante todo o dia de ontem mel foi “rei” em Penela, mais concretamente na vila do Espinhal. Um total de 33 apicultores dos concelhos de Penela e da Região Demarcada do Mel da Serra da Lousã deram a conhecer uma diversidade de produtos fabricados a partir do mel.
Claro que, e como não poderia deixar de ser não faltaram muitos e variados frascos de mel, em diversos tamanhos e feitios. Contudo, a oferta não se esgotava por aqui, uma vez que havia outros produtos disponíveis, nomeadamente cremes de beleza, velas, licores, aguardentes, entre outros.
Apesar da variedade o negócio parecia não estar a correr de feição. A reportagem do DIÁRIO AS BEIRAS falou com alguns produtores que embora tenham destacado as potencialidades do mel e as suas virtudes curativas, lembraram que a crise afasta os compradores.
Vindo de Góis, Ramiro Simões realçou o facto do negócio “estar péssimo”. Com uma banca recheada de produtos, contou que “desde pequeno” está ligado ao mel, daí que não tenha sido de estranhar que variedade fosse a nota dominante da sua exposição. Reconhecendo que a vida ligada à apicultura “é difícil” e que dá “muito trabalho e despesa”, Ramiro Simões e a sua mulher Maria do Céu Ferreira salientaram o facto do mel que comercializam ser “todo certificado”.
Embora o utilizado material utilizado, quer para produzir o mel quer para o comercializar seja “muito caro” e não haja “apoios”, Ramiro Simões salientou gostar “da actividade” que permite “conhecer muitas pessoas”. Ciente de que a certificação “foi importante”, este apicultor apenas lamentou que quem não possui o produto certificado “venda mais barato”. Desde há seis anos presente na Feira do Mel do Espinhal, o comerciante esperava que o calor da tarde atraísse mais visitantes e compradores.
Na mais antiga Feira do Mel, outros apicultores mostravam que para além do tradicional frasco de mel que todos conhecem há outros produtos que derivam do pólen das abelhas.
Alberto Jesus, um apicultor de Cantanhede, provava isso mesmo. Na sua banca tinha, para além dos frascos de mel, sabonete, creme das mãos. creme anti-rugas, creme para depois da barba, baton para lábios secos e gretados, entre outros. Embora alguns do artigos que estava a comercializar fossem “importados de França”, embora já “se comecem a fabricar em Portugal”, Alberto Jesus lá foi apresentando as potencialidades deste produto. Contudo, há necessidade de ter alguns cuidados com as abelhas, para que haja uma boa produção. Prova disso mesmo, é o facto deste apicultor possuir possuir os apiários na Serra da Lousã e, durante o Inverno, transportar as colmeias para a Praia da Tocha.

Meninice passada junto ao mel
Ainda os oito anos não tinham acabado se serem festejados e João Alves Dias, de S. Martinho da Cortiça, em Arganil, há se dedicava à apicultura. Na altura, conforme ontem fez questão de relembrar, possuía “três ou quatro corticites2, enquanto hoje tem na sua posse “360 colmeias”. Além desta (grande) evolução, destacou que tudo, ou quase tudo, “andou para melhor”, com excepção do negócio que “está cada vez pior”. Aliás, na opinião de João Alves Dias há quatro anos que “o negócio está sempre a piorar”. Porque este ano “se está a vender muito pouco”, o apicultor considera que o problema está na “falta de dinheiro e não no produto”, porque mel, e segundo afirmou “há cada vez menos pessoas a comercializar o produto”.

Divulgação do produto
Realçando que os objectivos da Feira do Espinhal passam por “divulgar e promover” o mel, Paulo Júlio, edil de Penela lembrava que a mostra não é apenas “um local de venda”. Depois de conhecido o certame, o autarca referiu que durante a realização da feira”há um ganho coletaral”, tudo porque para além da venda há toda uma divulgação e promoção de um produto e “isso é que importa”. Porque o mel e os seus derivados, de qualidade, possuíem “um mercado tipo”,, Paulo Júlio salientou a situação que actualmente se vive no Posto de Turismo do concelho: “o espaço foi transformado numa loja de produtos endógenos e 80% das receitas do posto vêm daí”. Aqui, para além do mel, há queijo e vinho, e não só, o que leva o autarca a considerar que quando “as infra-estruturas já estão criadas devem ser aproveitadas para fontes de receita”. Para além de gerarem riqueza, são divulgados.
in Diário As Beiras, de 3/09/2007

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