Alvares Homenageou o Padre Ramiro
No passado dia dois, o povo da freguesia de Alvares prestou homenagem ao Padre Ramiro pelos seus 25 anos de sacerdócio à frente desta paróquia, onde estiveram presentes as mais altas individualidades.
Sua Ex.ª Rev.º Bispo de Coimbra D. Albino Cleto, Presidente da Assembleia Municipal Góis José de Carvalho, Presidente da Câmara Municipal Góis José Girão, Presidente da Freguesia de Alvares Dr. Vítor Duarte, Vice Presidente do Centro Paroquial. Maria de Lurdes Castanheira e os beneméritos Eng.º António Arnaut, D. Beatriz Cortez Rebelo e Afonso Padrão.
A homenagem foi simples e singela com a celebração da missa pelo sr. Bispo e os párocos Amílcar Aleixo e Ramiro Moreira. De seguida procedeu-se ao descerramento da estátua-busto do laureado, com os habituais discursos cheios de palavras de apreço e admiração ao homenageado e, em forma de explicação, o Padre Ramiro descreveu, em traços gerais, a obra realizada. Depois, foi servido o almoço às 250 pessoas presentes.
Mais do que falar desta merecida homenagem pelos 25 anos de serviços prestados à comunidade, onde tudo foi simples, previsível mas caloroso. Mais do que falar do sentimento de gratidão estampado no rosto deste povo. Mais do que falar da emoção visível do Padre Ramiro, gostaríamos de nos deter, um pouco mais, nos preâmbulos da construção do Lar de S. Mateus onde foram decisivos os apoios fortes do regionalismo que, mais uma vez, marcou presença importante.
Antes desta fase, já existiam as instalações superlotadas do Lar das Cortes e ATL, o Centro Dia de Alvares e ATL e uma rede de distribuição de refeições pelos outros Centros Dia da freguesia, bem como a prestação de serviços domiciliários. Uma obrasocial de vasta dimensão, sem paralelo na nossa região. Todavia, a incerteza e a insegurança povoavam as mentes de quem não acreditava ser possível a construção deste lar. Era muita coisa junta para quem nunca teve nada.
Houve um tempo para dias eufóricos, após a cedência do espaço para a construção do Lar S. Mateus pelo casal D. Beatriz Cortez Rebelo e Eng. Afonso Padrão, depois passou-se à fase técnico-burocrática da realização do projecto e, de imediato, à angustiante e penosa recolha de fundos (onde a então Comissão de Melhoramentos de Alvares prestou grande trabalho). Houve dádivas muito generosas, iniciativas repletas de imaginação, receitas de trabalhos literários, tudo com um fervor e dedicação sem limites. Fase em que entraram em cena muitos actores sinceros e cheios de boa vontade, sem pedirem nada em troca: nem proveitos, nem honras, nem glórias.
Nesta época de euforia tudo teve o seu tempo, o seu momento e até a sua oportunidade de se chegar à frente na oferta do seu préstimo, até que a obra ficou pronta. Seguindo-se depois a inauguração do funcionamento e aí sim, as fraquezas do ser humano vieram ao de cima: os interesses sobrepuseram-se à dádiva generosa, a prontidão destapou o seu verdadeiro rosto e o altruísmo ficou bastante embaciado. Formos espectadores atónitos destes actos.
Como já várias vezes foi dito, esta obra tem um alcance social gigantesco, nunca se foi tão longe; mas é importante que ela não seja apenas social, deve também ser solidária. Não é perfeita, tem algumas limitações funcionais no campo da animação que podem ser melhoradas, mas a sua dimensão no quadro de assistência social é imensa. Marcará, por isso, a passagem sacerdotal do seu obreiro para todo o sempre. Pode-se questionar os seus métodos de trabalho, pode-se discordar da sua forma, pode-se não compreender os meios, mas os seus fins estão à vista e não deixam margem para dúvidas. A obra está concluída e em funcionamento. Isto é inquestionável.
O Lar de S. Mateus pode surgir aos olhos de todos como o esplendor da obra do Padre Ramiro, porém, ela não se fica por ai: estendeu-se também ao trabalho de restauro profundo e embelezamento da Igreja Matriz, dignos da nossa admiração; o museu de arte-sacra é merecedor de ser visto. Contudo estes trabalhos, sem deixarem de ser importantes, não causaram, na sua realização, aquela angústia e os calafrios que o financiamento do Lar de S. Mateus provocou, pois já tinha atrás de si um provimento interessante.
Agora que tudo parece tão fácil e normal, desejamos esquecer as horas difíceis, as horas em que tudo parecia ir por água abaixo, porque estamos no momento da celebração. Hoje são fáceis os elogios, fulgurantes os gestos de gratidão, bem aceites os acenos de simpatia. O trabalho está feito: a seara já tem trigo louro; a fábrica já está a produzir; a árvore já tem frutos maduros; são lestos e diligentes aqueles que se propõem apanhá-los. Nas horas difíceis não é tanto assim!...
Ao Padre Ramiro que, quando se for embora nada de material levará consigo, gostaríamos de lhe deixar um gesto de profunda admiração por aquilo que fez na nossa terra, já que as palavras de gratidão serão sempre insuficientes. Bem haja Padre Ramiro.
Adriano Pacheco
in Jornal de Arganil, edição electrónica
Sua Ex.ª Rev.º Bispo de Coimbra D. Albino Cleto, Presidente da Assembleia Municipal Góis José de Carvalho, Presidente da Câmara Municipal Góis José Girão, Presidente da Freguesia de Alvares Dr. Vítor Duarte, Vice Presidente do Centro Paroquial. Maria de Lurdes Castanheira e os beneméritos Eng.º António Arnaut, D. Beatriz Cortez Rebelo e Afonso Padrão.
A homenagem foi simples e singela com a celebração da missa pelo sr. Bispo e os párocos Amílcar Aleixo e Ramiro Moreira. De seguida procedeu-se ao descerramento da estátua-busto do laureado, com os habituais discursos cheios de palavras de apreço e admiração ao homenageado e, em forma de explicação, o Padre Ramiro descreveu, em traços gerais, a obra realizada. Depois, foi servido o almoço às 250 pessoas presentes.
Mais do que falar desta merecida homenagem pelos 25 anos de serviços prestados à comunidade, onde tudo foi simples, previsível mas caloroso. Mais do que falar do sentimento de gratidão estampado no rosto deste povo. Mais do que falar da emoção visível do Padre Ramiro, gostaríamos de nos deter, um pouco mais, nos preâmbulos da construção do Lar de S. Mateus onde foram decisivos os apoios fortes do regionalismo que, mais uma vez, marcou presença importante.
Antes desta fase, já existiam as instalações superlotadas do Lar das Cortes e ATL, o Centro Dia de Alvares e ATL e uma rede de distribuição de refeições pelos outros Centros Dia da freguesia, bem como a prestação de serviços domiciliários. Uma obrasocial de vasta dimensão, sem paralelo na nossa região. Todavia, a incerteza e a insegurança povoavam as mentes de quem não acreditava ser possível a construção deste lar. Era muita coisa junta para quem nunca teve nada.
Houve um tempo para dias eufóricos, após a cedência do espaço para a construção do Lar S. Mateus pelo casal D. Beatriz Cortez Rebelo e Eng. Afonso Padrão, depois passou-se à fase técnico-burocrática da realização do projecto e, de imediato, à angustiante e penosa recolha de fundos (onde a então Comissão de Melhoramentos de Alvares prestou grande trabalho). Houve dádivas muito generosas, iniciativas repletas de imaginação, receitas de trabalhos literários, tudo com um fervor e dedicação sem limites. Fase em que entraram em cena muitos actores sinceros e cheios de boa vontade, sem pedirem nada em troca: nem proveitos, nem honras, nem glórias.
Nesta época de euforia tudo teve o seu tempo, o seu momento e até a sua oportunidade de se chegar à frente na oferta do seu préstimo, até que a obra ficou pronta. Seguindo-se depois a inauguração do funcionamento e aí sim, as fraquezas do ser humano vieram ao de cima: os interesses sobrepuseram-se à dádiva generosa, a prontidão destapou o seu verdadeiro rosto e o altruísmo ficou bastante embaciado. Formos espectadores atónitos destes actos.
Como já várias vezes foi dito, esta obra tem um alcance social gigantesco, nunca se foi tão longe; mas é importante que ela não seja apenas social, deve também ser solidária. Não é perfeita, tem algumas limitações funcionais no campo da animação que podem ser melhoradas, mas a sua dimensão no quadro de assistência social é imensa. Marcará, por isso, a passagem sacerdotal do seu obreiro para todo o sempre. Pode-se questionar os seus métodos de trabalho, pode-se discordar da sua forma, pode-se não compreender os meios, mas os seus fins estão à vista e não deixam margem para dúvidas. A obra está concluída e em funcionamento. Isto é inquestionável.
O Lar de S. Mateus pode surgir aos olhos de todos como o esplendor da obra do Padre Ramiro, porém, ela não se fica por ai: estendeu-se também ao trabalho de restauro profundo e embelezamento da Igreja Matriz, dignos da nossa admiração; o museu de arte-sacra é merecedor de ser visto. Contudo estes trabalhos, sem deixarem de ser importantes, não causaram, na sua realização, aquela angústia e os calafrios que o financiamento do Lar de S. Mateus provocou, pois já tinha atrás de si um provimento interessante.
Agora que tudo parece tão fácil e normal, desejamos esquecer as horas difíceis, as horas em que tudo parecia ir por água abaixo, porque estamos no momento da celebração. Hoje são fáceis os elogios, fulgurantes os gestos de gratidão, bem aceites os acenos de simpatia. O trabalho está feito: a seara já tem trigo louro; a fábrica já está a produzir; a árvore já tem frutos maduros; são lestos e diligentes aqueles que se propõem apanhá-los. Nas horas difíceis não é tanto assim!...
Ao Padre Ramiro que, quando se for embora nada de material levará consigo, gostaríamos de lhe deixar um gesto de profunda admiração por aquilo que fez na nossa terra, já que as palavras de gratidão serão sempre insuficientes. Bem haja Padre Ramiro.
Adriano Pacheco
in Jornal de Arganil, edição electrónica
Etiquetas: adriano pacheco, alvares
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