sábado, 15 de setembro de 2007

O Tempo e o Modo

Lemos no Jornal o Varzeense de 15 de Julho de 2007, um artigo com o título: Mostras de Artes Plásticas, que se manifestava da seguinte maneira: Foi com grande surpresa e estupefacção que tive conhecimento da ausência deste evento, este ano, na nossa terra. Supunha eu, que a dinâmica deste facto já mais morreria, dado o interesse que demonstrou o conjunto de participantes, quer amadores quer profissionais; mas enganei-me, parece ter morrido nas cascas como um pintainho infeliz à nascença. Disseram-me que organizar uma amostra como as anteriores, requeria muito sacrifício e trabalho, onde a boa vontade nunca faltou, apenas com a intenção de enaltecer culturalmente a nossa terra. Nunca se esperam agradecimentos especiais. Mas como pecado já velho, nestas paragens, as críticas são sempre destrutivas, no tom de maldizer, o que arrefece o ânimo de quem trabalha e organiza. Sempre se aceitaram criticas e sugestões não de quem sabe mais mas de quem já fez melhor, com estes ventos são organizados e realizados, sem o propósito de colher louros, espero continuar a dar o meu modesto contributo, no sentido de imprimir continuidade a tão preciosa manifestação em anos vindouros. Ora o desabafo e o sentimento, deste conterrâneo ilustre, é o pensamento de quase todos os Varzeenses, com um pingo de amor à sua terra e do seu progresso cultural. Este certame que despertou grande interesse, não só pelo valor da exposição colectiva e da variedade de artistas plásticos, que concorreram mas também pela novidade inédita na nossa terra, de um curso de iniciação vocação para a arte de pintar. Desnecessário, será dizer, que esta iniciativa de tão longo alcance, partiu de mestre H. Mourato, ligado à nossa terra pelo casamento e seu filho, Henrique Tigo, que para além de pintor plástico, que acaba publicar um livro «Análise Demográfica do Concelho de Góis». Este curso realizado, na Casa do Povo de Vila Nova do Ceira, teve lugar em Agosto de 1996 e era aberto a todos os interessados dos 6 aos 60 anos de idade; de onde saíram vocações para as artes plásticas, que ainda hoje, estão alguns a continuar esta actividade com sucesso. Mas H. Mourato não parou por aqui, ele esculpiu no granito diversos trabalhos que se encontram implantados em todo o Concelho de Góis. Ele pintou e distribuiu, diversas colecções de postais de diversos monumentos, casas antigas e lugares, que seriam a memória do passado histórico, como a casa das «Ferreirinhas» e outras, que já desapareceram e outras ainda que estão a desaparecer. Mas esta fonte cultural que tivemos a sorte de ter vindo para a nossa terra com o saber e a vontade de fazer, resolveu, tomar a iniciativa, de criar o Museu de Vila Nova do Ceira, e se o pensou, deitou mãos à obra, apoiado por outros amigos e centralizou todos os artigos conseguidos e dignos de um museu na Junta de Freguesia de Vila Nova do Ceira, que durante algum tempo, os arrumaram lá num canto do edifício da respectiva Junta... Mas que depois não sabemos como será possível cumprir esta obrigação moral, cível ou até de civilidade dos responsáveis por este material histórico e as diligências para construir a respectiva instituição sem querermos fazer demagogia, é natural que nas próximas eleições, as populações escolham para os órgãos sociais pessoas que se mostrem sensibilizadas e de capacidade para respeitarem a cultura em todas as suas vertentes e agradecer e acarinhar todos quantos se apresentem à sociedade com este propósito. Esquecer os maus serviços serviços de tamanha importância histórica que é a memória viva do passado, em nossa opinião não seria um bom exemplo para o futuro...
Começaram por destruir o Logótipo que nos faltava da nossa terra, por outro que não nos diz nada e agora acabaram com o resto. É pena, que numa terra onde há tanta coisa boa, haja quem se preste a fazer coisas destas sem corar de vergonha!
António Fernandes
in Jornal de Arganil, de 13/09/2007

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