Pensar Freguesia de Alvares

III JORNADA CULTURAL
No passado dia 16 de Junho, viveu-se mais uma grande jornada cultural, desta feita organizada pela Liga de Melhoramentos da Chã de Alvares.
Fizeram-se representar as Comissões de Melhoramentos de Alvares, de Cortes, de Algares, Telhada e Roda Fundeira, para além da anfitriã. Todas estiveram com trabalhos de artesanato, bordados, fotos antigas e modernas, projecção de filmes, etc.

No painel da manhã estava representada o Presidente da junta de Freguesia, Dr. Vítor Duarte, a Adiber pela Dra. Maria de Lurdes Castanheira e a Associação Florestal do Concelho de Góis, pelo seu Presidente da Direcção, Sr. Manuel Antão, para além dos representantes das confrarias da chanfana de Vila Nova de Poiares e de Miranda do Corvo.
Após a abertura dos trabalhos feita pelo moderador da Jornada, Sr. Dr. António Gomes Marques, ilustre presidente da Liga de Melhoramentos de Chã de Alvares, os representantes das Comissões de Melhoramentos intervieram, tendo até o Sr. Carlos Rosa, da Telhada, lido algumas palavras de um texto que fazia referência a alguns usos e costumes muito remotos, que sensibilizaram de sobremaneira todos os presentes.
O Dr. Vítor Duarte, abriu a sessão de intervenções com o tema "Freguesia de Alvares, uma terra de encontro".
Seguiu-se a intervenção do Sr. Manuel Antão explicando um pouco o que serão as futuras "ZIF's" e muito aprendemos com ele nesta matéria.
-É bom que hajam mais sessões de esclarecimento sobre a floresta, a maior riqueza da freguesia de Alvares..., depois da água.
A Dra. Maria de Lurdes Castanheira trouxe o tema "O empreendedorismo como factor de desenvolvimento sustentável nas comunidades rurais". Só o tema reflecte muito do potencial que o mesmo possa sugerir... Mas, foi muito para além disso, dissertou sobre realidades e sugeriu que o empreendedorismo fosse o motor da luta contra a desertificação, como o que acontece com os dinamizadores do pólo industrial da freguesia de Alvares.
-Lamentamos que um desses empreendedores não tenha sede no concelho de Góis e que não haja mecanismo que o impeça...!!!
Após esta intervenção deu-se a palavra aos presentes e falou-se que para lutar contra a desertificação, é urgente trabalhar no sentido que deixe de haver gente que trabalha todos os dias na freguesia e tem que dormir fora do concelho de Góis, porque não tem oferta de terreno ou habitação.
Concluiu-se que a Câmara Municipal de Góis não tem uma política de Habitação para a freguesia de Alvares.
Foi referido que apesar de tudo a população jovem tem tido algumas oportunidades de emprego, com a abertura dom lar de Alvares, bem como de novas políticas que se estão a implementar na floresta.
Falou-se ainda que esta Jornada Cultural foi pouco divulgada e que poderia estar mais gente se tal tivesse acontecido, apesar de se ter distribuído folhetos por quase todos os lugares da freguesia e de meia dúzia de notícias nos jornais regionais. Mesmo assim, passarem ao longo do dia mais de duas centenas de pessoas pelo espaço destinado ao efeito, entre elas um grupo de escuteiros de Góis.
O Joaquim Mateus disse que as pessoas que vivem na freguesia precisam de muito mais atenção do que aquela que lhes é dispensada por quem de direito.
-Esta frase tocou muito fundo na maioria dos presentes.
Pelas 13h e 30m veio a prova da Chanfana seguida de um almoço para os inscritos. Havia mais de quinze "chanfanas" concorrentes.
-Estavam quase todas de "lamber os beiços". Parabéns a todo(a)s participantes pelo belíssimo trabalho. Pena foi que não tivessem sido convidados mais concorrentes, mas fica para a próxima... Não podemos querer tudo de uma só vez! Com um júri composto pelos elementos das duas confrarias tivemos como primeira classificada a chanfana feita pela Élia. Parabéns!
Após o almoço foi lida alguma poesia.
Esteve ainda presente o Dr. José Ascensão Cabeças, como presidente da Adiber que apresentou o tema "Os desafios do movimento regionalista do séc. XXI". Houve um período de interpelação ao Dr. Cabeças tendo de seguida actuado o Grupo de Cantares de Cortes.
Antes de terminada a jornada falaram os diversos representantes das Comissões de Melhoramentos, sendo alvitradas algumas ideias nomeadamente a criação de diversas rotas turísticas, pedestres, a realizar em itinerários na freguesia, outros falaram da escola de adultos que está a ter uma participação bastante numerosa da população.
Ao cair do pano foi marcada nova Jornada Cultural da freguesia em Cortes no mês de Junho de 2009, ou seja, já daqui por dois anos.
-Como nota final do autor destas linhas há a salientar a extraordinária colaboração da ADIBER pelo apoio dos seus directores bem como de boa parte da logística do evento. Muito Obrigado.

Habitação na freguesia de Alvares
Sobre esta matéria e após presença na sessão de Câmara pública do passado mês de Junho, constatei que nenhum dos vereadores tem conhecimento de qualquer política de habitação para a freguesia de Alvares, como foi apurado na III Jornada Cultural.
Foi-me dito que é por iniciativa privada que o mercado se vai realizando não tendo a Câmara Municipal de Góis qualquer iniciativa para intervir no mercado, apenas na próxima revisão do PDM vai estar mais atenta à disponibilização de novas zonas para que eventualmente possa haver mais oferta...
Após a constatação dos factos, os quais já não eram muito difíceis de descortinar, fiquei com a impressão que se esta "iniciativa" camarária vier a dar resultado será daqui a mais de uma, ou duas décadas que teremos os efeitos práticos de tal "atitude política", e o número de pessoas que trabalha na freguesia, todos os dias, e mora em concelhos limítrofes, será cada vez maior.
Entretanto vamos perdendo população, quando ela cá está e vai continuar, mas... a fazer parte de outras estatísticas...
De realçar que o actual PDM não permite constituição de propriedade horizontal em nenhum lugar da freguesia de Alvares, salvo situações muito específicas, e os residentes que não têm terrenos para edificar as suas casas esperam poder comprá-las a preços adequados ao seu poder de compra.
Face ao exposto, julgo que a Junta de Freguesia pode e deve organizar um debate alargado aos diversos responsáveis das comunidades de Alvares, para poder ir preparando a próxima revisão do PDM, e estudar, eventualmente, outras formas de ir compensando este momento do mercado, e não permitir que as pessoas se deslocalizem para fora da freguesia apenas para dormir, uma vez que já cá trabalham, o que por norma seria mais difícil...

Não se pode continuar a deixar tudo como está, porque o mais arrojado, está a acontecer com a iniciativa privada... agora, o arranjo estético/arquitectónico das localidades, pelo menos as mais populosas, têm que ser muito mais trabalhadas pelas entidades autárquicas.

Cada qual tem o que merece...
Por mim, vou falando, escrevendo e andando até que a voz, os dedos e as pernas me doam!!!... Assobiar para o lado e fingir que tudo está bem...??? Isso, nunca!
João Reis Antão
in Jornal de Arganil, de 13/09/2007