domingo, 12 de agosto de 2007

Antigos exploradores do volfrâmio homenageados

A cerimónia incluiu o lançamento do livro, “Góis, tempo de volfrâmio. Entre memória e historia”, de autoria de João Nogueira Ramos. Trata-se de uma obra que se debruça sobre a história de Góis incidindo nas décadas de trinta e quarenta do século passado, transcrevendo as memórias de Mitchell e dando conta de diversos testemunhos de antigos mineiros, dando assim a conhecer, a história do volfrâmio em Góis.
Na apresentação, o autor começou por sublinhar que «é um livro que surge na defesa do nome da nossa terra, que ajuda a puxar pela memória e a sentir orgulho do nosso passado».
O primeiro capítulo é dedicado à exploração do minério, enquanto que, no seguinte, foi dada “voz” aos mineiros, através de tendo dezenas de depoimentos ecolhidos. Mais adiante, há uma tentativa de fazer um balanço da actividade mineira e no final surge um capitulo mais técnico para quem se interessa por determinados dados históricos e pormenores relacionados com a actividade.
A representar os mineiros estiveram presentes Júlia Almeida, natural de Liboreiro, Góis, e Luciano Reis, natural de Cadafaz, que partilharam com a plateia que encheu o auditório da Casa do Artista algumas das suas memórias e experiências. De acordo com Nogueira Ramos estes mineiros constituem mesmo «uma amostra representativa da vida de mineiro de então».

Vida muito arriscada

Júlia Almeida recordou que «o primeiro filão foi descoberto na Senhora da Guia, depois começou-se a juntar pessoal e passaram-se a explorar-se outras minas», acrescentado que, da sua terra, o Liboreiro, quase toda a gente passou pelas minas a trabalhar.
Indagada pelo autor sobre se o volfrâmio ajudou a desenvolver a região, a ex-mineira precisou que, pelo menos «no Liboreiro ainda ajudou bastante e quem soube poupar ainda hoje tem dinheiro dessa época».
Por seu lado, Luciano Reis, que começou a trabalhar nas minas com apenas doze anos lembrou que a «vida de mineiro era muito arriscada», havendo muitas doenças inerentes a esse género de vida o que conduzia a que muitas vezes «fossem encontrados mortos muitos homens». Pese embora esses factores, o septuagenário afiança guardar «boas memórias desses tempos que vivi».
A estes mineiros foi entregue uma edição do livro apresentado e também um certificado de “homenagem ao mineiro Goiense”, tarefa que ficou a cargo de Helena Moniz, vice-presidente da Câmara Municipal de Góis, e de José Carvalho, presidente da Assembleia Municipal de Góis.
Também Elisabete Mitchell, filha mais velha do engenheiro Stanley Mitchell, que veio de propósito de Inglaterra, foi presenteada com dois exemplares (para ela e para a irmã) de uma edição única e especial da obra com a primeira página dedicada à sua família.

Pessoas de importância para o concelho

José Rocha Barros, presidente do Movimento Cidadãos por Góis, justificou acerimónia com a «a justa homenagem a duas entidades que foram importantes para este concelho, os mineiros, homens e mulheres que aqui exploraram o volfrâmio e o engenheiro Mitchell que foi, no seu tempo e para a exploração mineira, pessoa de real importância para este concelho».
Por outro lado, pela oportunidade de, «apresentar o trabalho do nosso sócio, engenheiro Nogueira Ramos que retratou com maestria os mineiros goienses e o engenheiro Mitchell».
Helena Moniz também se regozijou por esta iniciativa, congratulando-se pelo lançamento daquele livro que «retrata um período da história de Góis que importa dar a conhecer à geração futura». A vice-presidente da autarquia Goiense lembrou que as minas «davam emprego remunerado a muita gente numa altura em que proliferava o desemprego», lembrando, porém, que «os menos escrupulosos aproveitavam essa época para negócios menos lícitos», fazendo, num cômputo geral, «um balanço fortemente positivo».
in Diário de Coimbra, de 12/08/2007

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