A Chã acolheu cultura e gastronomia alvarense
Apesar da chuva ter «engalado» o dia 16 de Junho, não foi por isso que as III Jornadas Culturais da Freguesia de Alvares deixaram de ter o seu ponto alto, tanto nas intervenções verificadas, como depois no Concurso da Chanfana, em que as senhoras da Chã e de Alvares se esmeraram em apresentar perante um júri exigente, não fosse ele ligado às Confrarias de Miranda do Corvo e Vila Nova de Poiares.
E perante as representações das colectividades de Chã de Alvares, a organizadora do evento, Cortes, Alvares, Roda Fundeira, Telhada a Algares, ficando no ar o lamento de mais colectividades não estarem presentes, tantas são que existem na freguesia.
À entrada do pavilhão desmontável, no largo que recentemente foi remodelado, onde as crianças têm um espaço para si reservado (um parque infantil), onde os usos e costumes dos povos intervenientes nas jornadas, os livros, as imagens, o artesanato, foi a saudação anfitriã de quem ia entrando. Apesar do mau tempo, as pessoas aderiram ao evento, particularizando os Escuteiros de Góis, que na escola da Chã estavam acampados.
A abertura das jornadas e condução dos trabalhos foram da responsabilidade do dr. António Gomes Marques, presidente da Liga de Melhoramentos de Chã de Alvares, que se regozijando por mais uma iniciativa a levar-se à luz do dia, que de certo modo engrandece a Freguesia e o Regionalismo, deu a palavra ao presidente da Junta de Freguesia. O dr. Vítor Duarte, enfantizando que aquelas jornadas serviam para «reflectir sobre o passado, discutir o presente para poder enraizar o nosso futuro», falou da importância da promoção do território, da valorização da marca cultural de um território como cunho de uma gente que se identifica com raízes comuns, sendo o primeiro prato gastronómico da região centro o bucho recheado à moda de Alvares, bem como os núcleos museológicos existentes: Casa do Ferreiro e Arte Sacra. Falou da sangria humana que tem proporcionado consequências desastrosas na sobrevivência dos territórios, considerando um «desastre estratégico do movimento regionalista que não teve um projecto comum que potenciasse um desenvolvimento sustentável, isolando as populações no seu reduto de origem». Relevando a freguesia como central, tendo boas acessibilidades com o exterior, recursos hídricos (ribeira e albufeira), paisagens naturais, floresta, património cultural edificado religioso e potencial turístico, como Foz de Alvares, deixou um olhar pelo futuro da freguesia, perspectivando o crescimento da Zona Industrial da Freguesia, empenhamento na promoção da saúde e da educação na freguesia; e porque «a freguesia por si só não gere receitas próprias», e porque «já somos poucos e se continuarmos com a falta de visão sobre todo este território, não poderemos perspectivar futuro» e «ninguém pense que vai contrariar a força das causas naturais e institucionais que nos devem mover». Por tudo isto e pelas raízes e memória comuns que os une, o presidente da autarquia alvarense frisou: «Somos uma Terra de Encontros».
A palavra foi dada aos representantes das colectividades presentes.
Telmo Fonseca, de Alvares, lançou o grito «onde estão as pessoas da freguesia», onde se não valoriza o trabalho dos outros quando há espírito de unir as pessoas e passar a «nova veia cultural». «Queremos fazer mais, e para isso há que haver mais participação e das 22 colectividades da freguesia lamento que só meia dúzia esteja presente».
João Reis, de Cortes, redobrou a ideia de que estas iniciativas são importantes para unir as pessoas, mas para isso é necessário pensar no passado, viver o presente e olhar o futuro noutros moldes, aclarando ideias.
Carlos Rosa, de Telhada, elogiou a iniciativa, e por isso as futuras iniciativas merecem ser apoiadas por todas as forças vivas da freguesia. Deixou o repto para que todas as aldeias preservem os seus espaços históricos de várias gerações, fazendo uma resenha histórica que depois se pudesse compilar num livro para a postridade, como aliás fez a colectividade de Telhada, que recentemente lançou o livro «Telhada - História de uma Terra sem História».
Silvério Rosa, de Algares, com um viva forte ao Regionalismo Alvarense, que vai sobrevivendo, António Lomba, de Roda Fundeira, não sendo natural da freguesia veio ali fixar-se, e fez notar que é necessário preservar a história patrimonial, mas também a união vivencial.
Manuel Garcia Antão, presidente da Associação Florestal de Góis, fez uma resenha do que em sete anos a Associação fez no espaço goiense, particularmente na jurisdição da Chã, salientando a organização que está em curso, tendo como pano de fundo as ZIP's, «uma espécie de condomínio, onde todos devem participar». Através de candidatura à ADIBER a Associação vai adquirir material para que possa exercer mais abertamente o seu papel, inclusive um reboque, um guincho e uma destroçadora.
Depois da dr.ª Rosa, de Poiares, falar de chanfanam, a dr.ª Maria de Lurdes Castanheira dissertou sobre várias formas do empreendorismo, sendo optimista de que a desertificação não é irreversível se todos derem a sua contribuição «para que não seja um fatalismo». E sobre a forma de capacidade de empreender, citou alguns comércios que ainda se vão mantendo na freguesia, apesar das grandes exigências que no dia-a-dia lhes surgem. Referiu ainda que estas jornadas são um sinal de empreendorismo na freguesia, no sentido de colocar em prática uma ideia de um conjunto de pessoas.
Após um pequeno debate entre os presentes, no qual foram colocadas questões candentes que versaram situações que podem ser resolvidas, por exemplo, a intervenção de Vítor Duarte, que sente mágoa por o quartel dos bombeiros de Alvares ainda não estar conclúído, quando é uma organização de mais valia para a freguesia, em socorro rápido; João Reis, deixou a ideia de se explorar mais o turismo, opinando por desenvolver rotas pedonais; Miguel Ventura, falou sobre as mudanças operadas na freguesia, onde o papel da ADIBER tem sido importante, não esquecendo os potenciais que é necessário aproveitar em termos turísticos; Adriano Pacheco, falou da sua inquietação sobre a desertificação humana, pois «se não há nascimentos, como se poderá resolver a situação?»; Joaquim Mateus referiu-se à falta de atenção às pessoas que se querem fixar; Silvino Simões Martins, «por vezes não é preciso haver dinheiro, basta haver ideias» para se empreender, António dos Prazeres Antunes, enfatizou que se tivesse havido um arregaçar de mangas, o quartel dos Bombeiros não estaria assim, tal como aconteceu com a obra do padre Ramiro; Luísa Baeta falou da necessidade das pessoas dali naturais se recensearem na freguesia, pois assim haveria mais força.
Depois do almoço, já com a chanfana saboreada, e com uns poemas proferidos por Adriano Pacheco e Maria Alice Ferreira, o júri, constituído por Carlos Torres, António Reis e Armando Ferreira, anunciou a classificação: em 1.º lugar, Hélia Ferreira, do Café Miguélia; 2.º, América Caetano Barata, da Chã; 3.º, Fátima Simão, de Alvares. Receberam Menções Honrosas: Margarida Naeta, de Alvares; Alice Francisco Ferreira, Maria de Jesus Mendes Nogueira, Vitória Simões, Célia Lopes Nogueira Araújo, Silvina Alves Ferreira e Encarnação Roda Marques, todas da Chã.
Passada que foi este entusiasmo e uma certa alegria por se notar que há empreendorismo na Chã, na freguesia, o presidente da ADIBER, dr. José Cabeças, versou o tema «Os desafios do Regionalismo no século XXI - Valorizar as Pessoas, Potenciar Desenvolvimento», referindo que «todos, sem excepção, temos de facto enormes responsabilidades em alterar o actual panorama em que nos encontramos, pelo que se torna essencial um maior empenho, assente em parcerias fortes que promovam a participação activa e participativa das populações na condução dos seus próprios destinos», pois só assim «se atingirão os indicadores de qualidade de vida que todos ambicionamos para a região da Beira Serra».
Sobre este tema surgiram perguntas e sugestões, com as quais se concluíram as III Jornadas Culturais da Freguesia de Alvares, que em 2008 terão como palco Cortes, localidade que este ano deu já mostras das capacidades musicais, ai exibir-se o seu grupo de cantares.
J. T. V.
in Jornal de Arganil, de 5/07/2007
E perante as representações das colectividades de Chã de Alvares, a organizadora do evento, Cortes, Alvares, Roda Fundeira, Telhada a Algares, ficando no ar o lamento de mais colectividades não estarem presentes, tantas são que existem na freguesia.
À entrada do pavilhão desmontável, no largo que recentemente foi remodelado, onde as crianças têm um espaço para si reservado (um parque infantil), onde os usos e costumes dos povos intervenientes nas jornadas, os livros, as imagens, o artesanato, foi a saudação anfitriã de quem ia entrando. Apesar do mau tempo, as pessoas aderiram ao evento, particularizando os Escuteiros de Góis, que na escola da Chã estavam acampados.
A abertura das jornadas e condução dos trabalhos foram da responsabilidade do dr. António Gomes Marques, presidente da Liga de Melhoramentos de Chã de Alvares, que se regozijando por mais uma iniciativa a levar-se à luz do dia, que de certo modo engrandece a Freguesia e o Regionalismo, deu a palavra ao presidente da Junta de Freguesia. O dr. Vítor Duarte, enfantizando que aquelas jornadas serviam para «reflectir sobre o passado, discutir o presente para poder enraizar o nosso futuro», falou da importância da promoção do território, da valorização da marca cultural de um território como cunho de uma gente que se identifica com raízes comuns, sendo o primeiro prato gastronómico da região centro o bucho recheado à moda de Alvares, bem como os núcleos museológicos existentes: Casa do Ferreiro e Arte Sacra. Falou da sangria humana que tem proporcionado consequências desastrosas na sobrevivência dos territórios, considerando um «desastre estratégico do movimento regionalista que não teve um projecto comum que potenciasse um desenvolvimento sustentável, isolando as populações no seu reduto de origem». Relevando a freguesia como central, tendo boas acessibilidades com o exterior, recursos hídricos (ribeira e albufeira), paisagens naturais, floresta, património cultural edificado religioso e potencial turístico, como Foz de Alvares, deixou um olhar pelo futuro da freguesia, perspectivando o crescimento da Zona Industrial da Freguesia, empenhamento na promoção da saúde e da educação na freguesia; e porque «a freguesia por si só não gere receitas próprias», e porque «já somos poucos e se continuarmos com a falta de visão sobre todo este território, não poderemos perspectivar futuro» e «ninguém pense que vai contrariar a força das causas naturais e institucionais que nos devem mover». Por tudo isto e pelas raízes e memória comuns que os une, o presidente da autarquia alvarense frisou: «Somos uma Terra de Encontros».
A palavra foi dada aos representantes das colectividades presentes.
Telmo Fonseca, de Alvares, lançou o grito «onde estão as pessoas da freguesia», onde se não valoriza o trabalho dos outros quando há espírito de unir as pessoas e passar a «nova veia cultural». «Queremos fazer mais, e para isso há que haver mais participação e das 22 colectividades da freguesia lamento que só meia dúzia esteja presente».
João Reis, de Cortes, redobrou a ideia de que estas iniciativas são importantes para unir as pessoas, mas para isso é necessário pensar no passado, viver o presente e olhar o futuro noutros moldes, aclarando ideias.
Carlos Rosa, de Telhada, elogiou a iniciativa, e por isso as futuras iniciativas merecem ser apoiadas por todas as forças vivas da freguesia. Deixou o repto para que todas as aldeias preservem os seus espaços históricos de várias gerações, fazendo uma resenha histórica que depois se pudesse compilar num livro para a postridade, como aliás fez a colectividade de Telhada, que recentemente lançou o livro «Telhada - História de uma Terra sem História».
Silvério Rosa, de Algares, com um viva forte ao Regionalismo Alvarense, que vai sobrevivendo, António Lomba, de Roda Fundeira, não sendo natural da freguesia veio ali fixar-se, e fez notar que é necessário preservar a história patrimonial, mas também a união vivencial.
Manuel Garcia Antão, presidente da Associação Florestal de Góis, fez uma resenha do que em sete anos a Associação fez no espaço goiense, particularmente na jurisdição da Chã, salientando a organização que está em curso, tendo como pano de fundo as ZIP's, «uma espécie de condomínio, onde todos devem participar». Através de candidatura à ADIBER a Associação vai adquirir material para que possa exercer mais abertamente o seu papel, inclusive um reboque, um guincho e uma destroçadora.
Depois da dr.ª Rosa, de Poiares, falar de chanfanam, a dr.ª Maria de Lurdes Castanheira dissertou sobre várias formas do empreendorismo, sendo optimista de que a desertificação não é irreversível se todos derem a sua contribuição «para que não seja um fatalismo». E sobre a forma de capacidade de empreender, citou alguns comércios que ainda se vão mantendo na freguesia, apesar das grandes exigências que no dia-a-dia lhes surgem. Referiu ainda que estas jornadas são um sinal de empreendorismo na freguesia, no sentido de colocar em prática uma ideia de um conjunto de pessoas.
Após um pequeno debate entre os presentes, no qual foram colocadas questões candentes que versaram situações que podem ser resolvidas, por exemplo, a intervenção de Vítor Duarte, que sente mágoa por o quartel dos bombeiros de Alvares ainda não estar conclúído, quando é uma organização de mais valia para a freguesia, em socorro rápido; João Reis, deixou a ideia de se explorar mais o turismo, opinando por desenvolver rotas pedonais; Miguel Ventura, falou sobre as mudanças operadas na freguesia, onde o papel da ADIBER tem sido importante, não esquecendo os potenciais que é necessário aproveitar em termos turísticos; Adriano Pacheco, falou da sua inquietação sobre a desertificação humana, pois «se não há nascimentos, como se poderá resolver a situação?»; Joaquim Mateus referiu-se à falta de atenção às pessoas que se querem fixar; Silvino Simões Martins, «por vezes não é preciso haver dinheiro, basta haver ideias» para se empreender, António dos Prazeres Antunes, enfatizou que se tivesse havido um arregaçar de mangas, o quartel dos Bombeiros não estaria assim, tal como aconteceu com a obra do padre Ramiro; Luísa Baeta falou da necessidade das pessoas dali naturais se recensearem na freguesia, pois assim haveria mais força.
Depois do almoço, já com a chanfana saboreada, e com uns poemas proferidos por Adriano Pacheco e Maria Alice Ferreira, o júri, constituído por Carlos Torres, António Reis e Armando Ferreira, anunciou a classificação: em 1.º lugar, Hélia Ferreira, do Café Miguélia; 2.º, América Caetano Barata, da Chã; 3.º, Fátima Simão, de Alvares. Receberam Menções Honrosas: Margarida Naeta, de Alvares; Alice Francisco Ferreira, Maria de Jesus Mendes Nogueira, Vitória Simões, Célia Lopes Nogueira Araújo, Silvina Alves Ferreira e Encarnação Roda Marques, todas da Chã.
Passada que foi este entusiasmo e uma certa alegria por se notar que há empreendorismo na Chã, na freguesia, o presidente da ADIBER, dr. José Cabeças, versou o tema «Os desafios do Regionalismo no século XXI - Valorizar as Pessoas, Potenciar Desenvolvimento», referindo que «todos, sem excepção, temos de facto enormes responsabilidades em alterar o actual panorama em que nos encontramos, pelo que se torna essencial um maior empenho, assente em parcerias fortes que promovam a participação activa e participativa das populações na condução dos seus próprios destinos», pois só assim «se atingirão os indicadores de qualidade de vida que todos ambicionamos para a região da Beira Serra».
Sobre este tema surgiram perguntas e sugestões, com as quais se concluíram as III Jornadas Culturais da Freguesia de Alvares, que em 2008 terão como palco Cortes, localidade que este ano deu já mostras das capacidades musicais, ai exibir-se o seu grupo de cantares.
J. T. V.
in Jornal de Arganil, de 5/07/2007
Etiquetas: alvares, chã de alvares
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