domingo, 27 de maio de 2007

Vigiando das Caveiras

Ora cá está o vigia das Caveiras, escrevendo mais umas simples palavras para o meu amigo leitor. Começando por saudar todos quantos me lêem, o assunto que hoje me traz por cá é a União Progressiva da Freguesia do Colmeal em mais uma das suas boas iniciativas que dão seguimento a um excelente trabalho de toda a direcção. Direcção esta que é constatemente aplaudida pelos seus aventos que glorificam e promovem o Colmeal e tod o belo concelho de Góis.
Sentado comodamente nas Caveiras, escrevo aqui, em Aldeia Velha, logo após a saída de um grupo de aproximadamente 50 caminhantes que percorreram o caminho do carteiro.
Já poucos se lembram do trajecto que o carteiro fazia a pé, caminhando por estas serras, trazendo na sua mala, notícias boas e más aos habitantes destas aldeias, dos seus entes queridos que, partiram rumoa à capital portuguesa, ou com destino a terras estrangeiras na esperança de dias melhores.
A União Progressiva da Freguesia do Colmeal, no decorrer da comemoração dos 75 anos de actividade em 2006 levou a efeito uma caminhada por caminhos esquecidos da freguesia. Este ano, mais precisamente poucas horas antes de estas palavras serem escritas, a mesma colectividade passou na minha terra trazendo atrás de si um grupo de caminhantes vindos de algumas aldeias da freguesia e outros de fora do concelho, repetindo assim o evento do ano passado.
A rota do carteiro, conforme ouvi comentar por alguns dos participantes deste evento, é um caminho difícil de fazer.
Hoje, por exemplo, que a temperatura até se pode dizer que era agradável e suportável, abrandava, mesmo assim, o ritmo dos passos que eram necessários para alcançar todas as aldeias da freguesia. Note-se, que os participantes, não transportavam qualquer tipo de adorno ou saco, como o carteiro, que em anos já passados, era obrigado a fazer este caminho com um saco cheio de cartas ou outro tipo de encomendas para entregar aos destinatários.
Ponderando sobre o que atrás referi, ao lermos estas palavras, devemos ter a noção de que, o carteiro palmilhava estes caminhos e socalcos serranos em dias de calor abrasador, frio gelado, vento, sol, chuva e neve. Mesmo assim, o seu árduo trabalho tinha de ser feito, custasse o que custasse. Podemos afirmar que o carteiro era um herói devido à sua coragem, determinação e o afinco com que trabalhava.
Se tentarmos entrar no pensamento de um carteiro, daqueles que faziam o percurso a pé, certamente chegamos à conclusão de que esse homem, era uma pessoa estimada pelo povo e que, o que fazia, fazia-o um pouco também por amor à camisola.
Eu, com os meus jovens 20 e 12 anos, tenho bem presente na memória, o carteiro a chegar à minha terra de motorizada e tocar a corneta junto ao marco do correio que ainda hoje existe junto à "cruz da rua".
Hoje em dia, como é do conhecimento geral, a correspondência é transportada de automóvel, chegando mais rapidamente aos seus destinatários e em melhores condições.
Voltando ao início da conversa, os caminhantes da rota do carteiro, que saíram há pouco de Aldeia Velha (terra mais linda e mais alta da freguesia do Colmeal) levaram certamente uma boa imagem de como o povo serrano é acolhedor e hospitaleiro.
Foi servido a todos os participantes um repasto reforçado para garantir o aconchego da barriga no seguimento do longo trajecto quw ainda teriam de efectuar.
Aldeia Velha, como sempre, faz questão de colaborar com todas as iniciativas levadas a efeito em prol do conhecimento, memórias, promoção, cultura e turismo das nossas terras.
Aldeia Velha, como sempre, será um ponto de referência da freguesia do Colmeal e do concelho de Góis.
Aldeia Velha vive, revive e contribui para fazer reviver o passado recordando tempos, costumes e hábitos que já não voltam mais.
Das Caveiras, com um sorriso estampado no rosto, retribuo os agradecimentos que ouvi de todos aqueles que se sentiram acolhidos por nós.
A todos os que, nesta sábado, percorreram caminhos antigos e sentiram a dificuldade qye existe em caminhar pelos caminhos deste paraíso serrano eu, o vigia, sentado nas Caveiras e ao vê-los partir pela estrada fora, desejo que não só voltem a esta terra mas que sejam eles próprios um motor propulsor de recordações no seguimento de uma longa propaganda regional contra o tão mal falado flagelo do esquecimento do interior.
Por agora é tudo. A todos um abraço e até breve.
Henrique Miguel Mendes
in A Comarca de Arganil, de 24/05/2007

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